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Colômbia prepara repatriação de corpos após tragédia aérea

Em Chapecó, está sendo preparado um grande velório para as vítimas em seu estádio, a Arena Condá, onde 100 mil pessoas darão o último adeus à equipe

Tragédia: o Instituto Médico Legal (IML) finalizou a identificação das vítimas, a maioria brasileiros (Ricardo Moraes/Reuters)

Tragédia: o Instituto Médico Legal (IML) finalizou a identificação das vítimas, a maioria brasileiros (Ricardo Moraes/Reuters)

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AFP

Publicado em 1 de dezembro de 2016 às 18h28.

A Colômbia preparava nesta quinta-feira a repatriação dos 71 corpos das vítimas do acidente de avião em que viajava a equipe da Chapecoense para jogar a partida de ida da final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional.

O Instituto Médico Legal (IML) finalizou a identificação das vítimas, a maioria brasileiros. Segundo o último relatório, também estavam a bordo cinco bolivianos, um venezuelano e um paraguaio.

Em Chapecó, está sendo preparado um grande velório para as vítimas em seu estádio, a Arena Condá, onde 100 mil pessoas darão o último adeus à equipe que encheu esta cidade de esperanças com sua trajetória na Sul-Americana.

"Trabalhamos com a previsão de que os corpos chegarão ao meio-dia de sexta-feira, mas ainda não temos uma posição definitiva da Força Aérea Brasileira (FAB) sobre a operação de saída de Medellín", afirmou o assessor de comunicação da Chapecoense, Andrei Copetti, em coletiva de imprensa.

Quatro funerárias de Medellín preparavam os corpos para sua repatriação, disse a jornalistas seu representante Jorge Escobar, que prometeu fazer "o humanamente possível" para entregar os corpos aos representantes da diplomacia dos respectivos países as 22h00 locais (01h00 de Brasília de sexta-feira) ou, no máximo, as 08H00 locais de sexta-feira (11H00 de Brasília).

Na funerária San Vicente, já estavam em seus respectivos caixões os corpos de mais de 30 jogadores da Chapecoense e de jornalistas que viajavam com eles.

"Campeões para sempre" podia ser lido nas bandeiras brancas com o escudo da Chapecoense que cobriam os caixões.

Com outros familiares dos falecidos, Roberto Di Marchi, primo do diretor financeiro da Chapecoense, Nilson Folle Junior, chegou pela manhã à funerária. Após olhar por alguns minutos para o caixão, tirou a camisa número 11 e a colocou ao lado do corpo.

"Eu o considero como um filho, como um irmão, e agora está em uma situação assim, em um caixão, é horrível", disse com a voz trêmula.

Lamia tem permissão suspensa

No aeroporto de Rionegro, perto do local do acidente, um avião Hércules da Força Aérea Boliviana está pronto para levar os corpos de cinco cidadãos do país.

"À noite foram entregues quatro (corpos às funerárias) e eles estão em processo de preservação. Apenas entreguem (a vítima boliviana) que falta para saírem do aeroporto", declarou Escobar.

O corpo do cidadão venezuelano "certamente" será levado ao seu país em um voo de carga, segundo Escobar.

A Bolívia suspendeu nesta quinta-feira as operações da companhia aérea Lamia e também demitiu altos funcionários do controle aeronáutico do país, segundo o governo.

Segundo o representante da empresa, Gustavo Vargas, a aeronave não cumpriu o plano de reabastecer o combustível em Cobija, cidade boliviana fronteiriça com o Brasil, ou em Bogotá.

A principal hipótese para o acidente é a falta de combustível do avião fretado que saiu da cidade de Santa Cruz de la Sierra, para onde os passageiros haviam ido em um voo comercial de São Paulo.

Enquanto não for concluída a investigação oficial, a Chapecoense não se pronunciará sobre a empresa aérea Lamia, escolhida pela experiência em viagens de times de futebol.

Em uma gravação divulgada pela imprensa colombiana, qualificada pelas autoridades como "inexatas no tempo", além da falta de certificação, é possível ouvir o piloto do avião relatando à torre de controle uma "falha elétrica total" e "falta de combustível" minutos antes da queda.

"Dor e impotência"

Sentimos "muita tristeza, muita dor, impotência. Porque eram pessoas, jovens, tinham uma vida pela frente", disse María. O campo, na emocionante homenagem de quarta-feira oferecida pelo Atlético Nacional no estádio Atanasio Girardot, em Medellín, onde 30 mil pessoas compareceram.

Durante o ato, os presentes rezaram pela saúde dos sobreviventes: três jogadores, dois tripulantes e um jornalista.

Os tripulantes bolivianos Ximena Suárez e Erwin Tumiri apresentam bom estado de saúde e, dependendo da avaliação que será realizada por médicos da Colômbia e da Bolívia, terão alta nesta quinta-feira, afirmou a diretora médica Ana María González, da clínica Somers de Rionegro.

O zagueiro Alan Ruschel, em tratamento intensivo no mesmo hospital, se encontra "em estado crítico, mas estável", segundo os médicos.

Ele foi operado na terça-feira por conta de uma fratura na coluna, apesar de terem descartado a possibilidade de paraplegia.

O jornalista Rafael Henzel e o jogador Hélio Zampier Neto, hospitalizados na clínica San Juan de Dios, no município de La Ceja, "estão estáveis", disse à AFP o diretor do centro de saúde, Guillermo Molina.

Henzel tem mostrado uma recuperação satisfatória, já está consciente e sua esposa chegou à noite para acompanhá-lo permanentemente, indicou.

Entretanto, o goleiro Jackson Follmann será operado nesta quinta-feira "para determinar a evolução clínica das lesões em seus membros inferiores", após a amputação de sua perna direita.

O acidente acabou com a trajetória de ascensão da Chapecoense, que começou a se destacar no futebol brasileiro em 2009.

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