CNI: crescimento da indústria deve ser baixo no início de 2011
Indicador que mede a produção já recuou em dezembro, de 52,7 pontos para 44,7
Da Redação
Publicado em 27 de janeiro de 2011 às 13h14.
Brasília - O ritmo de crescimento da indústria caiu no fim do ano e deve se manter nesse nível no início de 2011 por causa das medidas adotadas pelo governo para frear o consumo e conter a alta inflacionária. De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a produção, que cresceu de forma moderada em outubro e novembro, recuou em dezembro com o indicador em 44,7 pontos ante os 52,7 pontos de novembro. O indicador varia de 0 a 100. Valores acima de 50 indicam crescimento.
Essa é a segunda vez, em 2010, que o índice relativo à produção indicou expectativa de queda, ou seja, ficou abaixo de 50. Em janeiro de 2010, atingiu 49,2 pontos.
“Quando a gente coloca a expectativa de maior aperto monetário, provavelmente, isso vai reduzir ainda mais esse ritmo de crescimento. A interpretação que nós temos dos dados é que teremos um primeiro trimestre ainda mais fraco, em termos de crescimento da indústria”, disse o economista da CNI, Renato da Fonseca.
Segundo ele, a concorrência de importados e a redução do crédito na economia irão contribuir para manter a dificuldade de exportações.
De acordo com os dados da CNI, em dezembro, o número de empregados na indústria registrou crescimento pelo sexto trimestre consecutivo com o indicador situando-se em 52,2 pontos, mas foi o menor no período. Na avaliação da CNI, o resultado também indica redução no ritmo de crescimento do número de empregados na comparação com os trimestres anteriores.
A CNI destacou ainda que a utilização da capacidade instalada também registrou queda, com 48,2 pontos. Já os estoques em dezembro ficaram sob o nível planejado pela indústria, em 50,1 pontos. Na avaliação da confederação não houve excesso nem falta de estoques.
Por setor, a queda na produção em dezembro atingiu a indústria extrativa e a atividade de transformação. Segundo a confederação, em 20 dos 26 setores considerados, o índice de evolução da produção ficou abaixo da linha divisória de 50 pontos. Entre os setores mais fortemente atingidos, em dezembro, estão calçados, têxteis, indústrias diversas, metalurgia básica e madeira.
Para Renato da Fonseca, o ritmo só será recuperado com mudanças na política monetária do governo e no cenário externo, que cresce de maneira fraca há vários meses. “A mudança que pode ocorrer é na política monetária. Se não for tão forte como se chegou a anunciar é possível que se possa crescer a um ritmo mais moderado no segundo e terceiro trimestres”, afirmou.