Clima fantasmagórico e lúgubre invade gabinete de Dilma
Um vazio fantasmagórico invadiu o gabinete da presidente Dilma Rousseff em Brasília, diante da perspectiva de o Senado decidir pela suspensão de seu mandato
Da Redação
Publicado em 11 de maio de 2016 às 22h11.
Um vazio fantasmagórico invadiu nesta quarta-feira o gabinete da presidente Dilma Rousseff em Brasília, diante da perspectiva de o Senado decidir pela suspensão de seu mandato.
Embora as deliberações ainda continuem no Senado, onde até agora a maior parte dos membros que discursaram se pronunciou a favor do impeachment e poucos contra, e embora a presidente tenha afirmado que lutará pelo mandato com unhas e dentes, o clima em Brasília era de despedida. Antecipa-se o fim de uma era.
A imponente Praça dos Três Poderes, que reúne prédios desenhados por Oscar Niemeyer - o Palácio do Planalto, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal -, estava completamente vazia, cercada por uma barreira montada pela polícia, que impede o acesso.
As avenidas estavam silenciosas e o asfalto fervia sob as altas temperaturas em Brasília.
Além da polícia, que vigiava os recintos, apenas um punhado de pessoas perambulavam nos arredores dos imensos prédios modernistas, alguns protegidos do sol com sombrinhas.
Dois seguranças, vestindo jaqueta azul e calças brancas, se mantinham de pé nos arredores do Planalto.
O estacionamento estava vazio e apenas um grupo de funcionários de governo entrava e saía.
"O clima é muito triste aqui", comentou uma mulher que trabalhava no gabinete de Dilma, ao entrar no recinto neste que provavelmente será seu último dia de trabalho no governo.
"Muitos de nós estão procurando um novo emprego. Não queremos trabalhar para o vice-presidente", disse em alusão a Michel Temer, que assumirá as rédeas do poder uma vez que Dilma seja afastada por até 180 dias, enquanto o Senado a submete a um julgamento político.
"Há uma sensação de incerteza sobre o nosso futuro", disse a mulher, pedindo para ter a identidade preservada.
A presidente Dilma já retirou objetos pessoais de seu escritório, disse um funcionário da Presidência à AFP. Discute-se se deve deixar o Planalto da forma mais discreta possível ou com a atitude combativa que sempre a caracterizou, cercada de simpatizantes.
Irritação
Dentro do Congresso, o ambiente era de frenesi: os senadores expunham seus argumentos a favor e contra o impeachment de Dilma, tanto no plenário quanto nos corredores.
Tudo indica que a oposição vai superar com folga os votos necessários para afastar a presidente, acusada de maquiar as contas públicas para disfarçar o déficit do país, o que, segundo eles, agravou a profunda recessão econômica que o Brasil atravessa.
Nas ruas, inclusive as pessoas que manifestam seu repúdio a Dilma acreditam que haverá poucos motivos para comemorar se Temer assumir ao poder.
Uma grande cerca de metal foi erguida em frente ao Congresso para separar manifestantes pró e contra o impeachment, um sinal a mais da profunda divisão que vive o país.
Por enquanto, quase não há manifestantes e a gigantesca esplanada parece mais austera do que nunca.
Sulineide Rodrigues, uma costureira de 59 anos, foi uma das poucas a aparecer logo cedo ao lado dos defensores de Dilma Rousseff.
"Não acreditamos que Temer vá fazer uma gestão melhor", disse. "Mas sabe o que faremos? Teremos vários julgamentos de destituição até que alguém escute os brasileiros".
Andre Rhouglas, de 55 anos, exibindo cartazes de repúdio tanto contra Dilma quanto contra Temer, acredita que todos devem ser condenados. "Todos roubaram. O país inteiro fracassou".
Tensão
A divisão no Brasil é tal que até na polícia destacada para evitar confrontos entre os manifestantes se viu em um acalorado debate sobre se era justo ou não julgar a presidente e se, de fato, trata-se de um golpe de Estado, tal como disse Dilma várias vezes.
"Diga uma coisa que ela tenha feito, pelo menos diga isto", pediu um policial.
"Fez manobras contábeis", retrucou outro.
"Mas quais?", insistiu o primeiro.
Denilson Peres, funcionário da Saúde Pública que mora na fronteira com o Uruguai, acredita que a praça modernista, tão vazia e vigiada, não é mais que um símbolo de um futuro sem volta.
"Já é um fato inevitável", afirmou. "Amanhã (Dilma) não será mais a presidente do Brasil".
Um vazio fantasmagórico invadiu nesta quarta-feira o gabinete da presidente Dilma Rousseff em Brasília, diante da perspectiva de o Senado decidir pela suspensão de seu mandato.
Embora as deliberações ainda continuem no Senado, onde até agora a maior parte dos membros que discursaram se pronunciou a favor do impeachment e poucos contra, e embora a presidente tenha afirmado que lutará pelo mandato com unhas e dentes, o clima em Brasília era de despedida. Antecipa-se o fim de uma era.
A imponente Praça dos Três Poderes, que reúne prédios desenhados por Oscar Niemeyer - o Palácio do Planalto, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal -, estava completamente vazia, cercada por uma barreira montada pela polícia, que impede o acesso.
As avenidas estavam silenciosas e o asfalto fervia sob as altas temperaturas em Brasília.
Além da polícia, que vigiava os recintos, apenas um punhado de pessoas perambulavam nos arredores dos imensos prédios modernistas, alguns protegidos do sol com sombrinhas.
Dois seguranças, vestindo jaqueta azul e calças brancas, se mantinham de pé nos arredores do Planalto.
O estacionamento estava vazio e apenas um grupo de funcionários de governo entrava e saía.
"O clima é muito triste aqui", comentou uma mulher que trabalhava no gabinete de Dilma, ao entrar no recinto neste que provavelmente será seu último dia de trabalho no governo.
"Muitos de nós estão procurando um novo emprego. Não queremos trabalhar para o vice-presidente", disse em alusão a Michel Temer, que assumirá as rédeas do poder uma vez que Dilma seja afastada por até 180 dias, enquanto o Senado a submete a um julgamento político.
"Há uma sensação de incerteza sobre o nosso futuro", disse a mulher, pedindo para ter a identidade preservada.
A presidente Dilma já retirou objetos pessoais de seu escritório, disse um funcionário da Presidência à AFP. Discute-se se deve deixar o Planalto da forma mais discreta possível ou com a atitude combativa que sempre a caracterizou, cercada de simpatizantes.
Irritação
Dentro do Congresso, o ambiente era de frenesi: os senadores expunham seus argumentos a favor e contra o impeachment de Dilma, tanto no plenário quanto nos corredores.
Tudo indica que a oposição vai superar com folga os votos necessários para afastar a presidente, acusada de maquiar as contas públicas para disfarçar o déficit do país, o que, segundo eles, agravou a profunda recessão econômica que o Brasil atravessa.
Nas ruas, inclusive as pessoas que manifestam seu repúdio a Dilma acreditam que haverá poucos motivos para comemorar se Temer assumir ao poder.
Uma grande cerca de metal foi erguida em frente ao Congresso para separar manifestantes pró e contra o impeachment, um sinal a mais da profunda divisão que vive o país.
Por enquanto, quase não há manifestantes e a gigantesca esplanada parece mais austera do que nunca.
Sulineide Rodrigues, uma costureira de 59 anos, foi uma das poucas a aparecer logo cedo ao lado dos defensores de Dilma Rousseff.
"Não acreditamos que Temer vá fazer uma gestão melhor", disse. "Mas sabe o que faremos? Teremos vários julgamentos de destituição até que alguém escute os brasileiros".
Andre Rhouglas, de 55 anos, exibindo cartazes de repúdio tanto contra Dilma quanto contra Temer, acredita que todos devem ser condenados. "Todos roubaram. O país inteiro fracassou".
Tensão
A divisão no Brasil é tal que até na polícia destacada para evitar confrontos entre os manifestantes se viu em um acalorado debate sobre se era justo ou não julgar a presidente e se, de fato, trata-se de um golpe de Estado, tal como disse Dilma várias vezes.
"Diga uma coisa que ela tenha feito, pelo menos diga isto", pediu um policial.
"Fez manobras contábeis", retrucou outro.
"Mas quais?", insistiu o primeiro.
Denilson Peres, funcionário da Saúde Pública que mora na fronteira com o Uruguai, acredita que a praça modernista, tão vazia e vigiada, não é mais que um símbolo de um futuro sem volta.
"Já é um fato inevitável", afirmou. "Amanhã (Dilma) não será mais a presidente do Brasil".