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Ciro sobre Bolsonaro: "Democratas têm obrigação de extirpar este câncer"

Pré-candidato do PDT criticou duramente adversário, que fez nesta quarta (6) proposta de não aumentar impostos ou taxar grandes fortunas e heranças

Ciro: "O líder nas pesquisas disse que não vai tributar? Então de onde virá o dinheiro? Vão entregar um cargo desses a um boçal despreparado?" (Sergio Moraes/Reuters)
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Reuters

Publicado em 6 de junho de 2018 às 19h16.

Brasília - O pré-candidato do PDT à Presidência, o ex-ministro Ciro Gomes , decidiu nesta quarta-feira polarizar com o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ), que lidera cenários da disputa pelo Palácio do Planalto, e criticou duramente a proposta dele de que não vai aumentar impostos e tampouco fará a taxação de grandes fortunas e heranças se for eleito.

"O líder nas pesquisas disse que não vai tributar? Então de onde virá o dinheiro? Vão entregar um cargo desses a um boçal despreparado? Nós, democratas, temos obrigação de extirpar este câncer enquanto ele ainda pode ser extirpado", atacou Ciro, durante sabatina com pré-candidatos ao Planalto realizado no jornal Correio Braziliense.

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Em entrevista após o evento, Ciro manteve o tom das críticas e disse que conhece "esse personagem" e se sente na obrigação de ajudar as pessoas, "pouco importa o efeito colateral disso".

"O que os eleitores dele estão vendo por trás dessa mistificação grosseira que é muito própria do fascismo estriônico, ou veja lá como é que se comportava o Hitler, é que ele é uma negação da política", afirmou.

Ciro disse que Bolsonaro é da turma do Sérgio Cabral e do Eduardo Cunha, ambos do MDB e presos na operação Lava Jato, e destacou que adversário não fez nenhum discurso denunciando em todo esse período o que chamou de "assalto" no Rio de Janeiro.

Em vários momentos do evento, o pedetista também fez questão de cobrar propostas de Bolsonaro. Em um dos casos, ele cobrou a reforma da Previdência do pré-candidato do PSL.

"Bolsonaro fez a proposta dele aqui? Vocês estão rindo de quê, ele não é candidato a presidente que nem eu?", cutucou.

Ciro defendeu uma reforma do sistema previdenciário baseada em alguns pilares. O primeiro deles é a segregação do orçamento da seguridade social de todos os benefícios de quem não contribuiu, deixando a cargo do Tesouro Nacional. Defendeu ainda que todos os brasileiros tenham direito a um salário mínimo de aposentadoria independentemente de qualquer tipo de condicionalidade.

O pré-candidato defendeu também um sistema de capitalização que seja vigiado por agências de risco e admitiu que a transição para um novo regime será muito difícil. Ele ainda direcionou suas preocupações para as corporações públicas, a quem disse serem os privilegiados nessa questão.

Petrobras e política econômica

Ciro afirmou não ter nada contra as privatizações, mas elas têm de ser avaliadas. Contudo, numa referência à Petrobras, ele chamou de "crime" o Brasil privatizar o seu petróleo. Disse que o país é um dos raros do mundo que tem mais do que autossuficiência nesse tipo de riqueza e que, por essa razão, pode influir nos preços em linha com a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

"Vamos entregar isso aos estrangeiros em nome de quê? Corrupção? A Odebrecht é estatal? Temos que fechar a Odebrecht porque é estatal? A Andrade Gutierrez é estatal? Na França não tem corrupção?", questionou.

O pedetista criticou a política de preços de combustíveis adotada pela Petrobras, que leva em consideração no cálculo o preço internacional do barril do petróleo, hoje em cerca de 75 dólares, enquanto o custo de extração do barril no Brasil é de cerca de 33 dólares.

Com um discurso com fortes críticas ao mercado, Ciro defendeu que o Banco Central tenha como meta perseguir a menor inflação e o pleno emprego, em linha com as melhores práticas de autoridades monetárias internacionais, como é o caso, citou, do Federal Reserve, o banco central norte-americano.

"Tem que botar um olho no gato e outro no peixe", defendeu. Atualmente, o BC tem como atuação exclusiva o controle inflacionário a partir da fixação da taxa básica de juros da economia, a Selic.

O pré-candidato também se disse a favor da tributação progressiva da herança, a realização de uma reforma tributária e a revisão de todas as renúncias fiscais do país e afirmou ainda que pretende fazer uma auditoria da dívida pública.

Na entrevista após o evento, o pedetista defendeu a realização de um ajuste fiscal que não gere excedente para colocar no "saco sem fundo da especulação financeira". Disse que o ajuste será para melhorar a educação, a saúde e a infraestrutura e animar a economia para produzir empregos.

"Quem quiser consertar as coisas no Brasil tem que aumentar o imposto sobre os ricos para diminuí-lo sobre a classe média e sobre os pobres", destacou.

Relação com o Congresso

Questionado sobre sua relação com o Congresso, dado seu temperamento explosivo, Ciro fez questão de mostrar que tem experiência política. Lembrou que foi deputado, governador, ministro da Fazenda, além de outros cargos públicos.

"Qual o disparate que eu cometi? Não podem dizer que sou picareta. Nunca respondi por um mal feito, nem para ser absolvido", disse.

O pedetista afirmou que não vai transigir com o "lado da quadrilha" na relação com o Congresso, pois isso é um fracasso certo. Disse que Cunha já está na cadeia e o presidente Michel Temer --"o outro vai".

"Se deixar a porta aberta, vem abanando o rabo. Ladrão do MDB vai me fazer oposição", disse, após citar o fato de que Romero Jucá, atual líder do governo no Senado, ocupa cargos de liderança desde a gestão Fernando Henrique Cardoso.

Na entrevista após o evento, Ciro foi questionado sobre um apoio do PT para a sucessão presidencial --no momento o maior líder partidário, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, está preso. Disse que só descarta o PMDB e apontou que seu aliado preferencial para outubro é o PSB, para quem diz acender "uma vela todo dia para dar certo".

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