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Chuvas podem afetar indústria do ES, diz Findes

Indústria capixaba dever ser prejudicada principalmente pela interdição de estradas

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 26 de dezembro de 2013 às 18h11.

São Paulo - Após dois anos de retração, a indústria capixaba deve voltar a crescer em 2014. O ritmo dessa recuperação, contudo, pode ser afetado pelas chuvas que têm atingido o Estado nos últimos dias. 

Prejudicada principalmente pela interdição de estradas, a indústria do Espírito Santo se prepara para iniciar o novo ano em meio à contabilização do tamanho do prejuízo provocado em diversos polos produtivos, casos das regiões de Serra, Vila Velha, Cachoeiro de Itapemirim e Colatina.

"Esta é a pior enchente que tivemos desde 1979. Foi tudo tão rápido que não houve tempo para gerenciar a situação. Faremos um levantamento em janeiro, mas já sabemos que a chuva afetou os principais polos industriais do Estado", destaca o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo (Findes), Marcos Guerra.

Os prejuízos provocados pelas chuvas e pela interdição parcial ou integral de diferentes trechos das rodovias BR-101, que liga o Espírito Santo à Bahia, e BR-262, entre o Espírito Santo e Minas Gerais, podem limitar a projeção positiva da indústria capixaba para 2014.

Após encolher 6,3% em 2012 e sinalizar uma retração de 7% em 2013, a produção física da indústria do Espírito Santo deve crescer 4% no próximo ano. Esse número, pondera Guerra, foi estimado antes dos problemas enfrentados nos últimos dias. "(As chuvas) podem vir a comprometer a previsão, mas ainda precisamos fazer um levantamento", alerta o presidente da Findes.

A situação da indústria do Espírito Santo, onde estão localizadas empresas como as mineradoras Vale e Samarco, a siderúrgica ArcelorMittal, a Garoto e a Fibria, maior fabricante de celulose de eucalipto do mundo, poderia ser ainda pior não fosse a parada de final de ano de setores importantes como a indústria de rochas ornamentais.

"Não estamos com problemas de fornecimento de matéria-prima porque o setor está praticamente todo parado desde o dia 19. Nosso maior problema seriam as estradas. Mas esperamos que a situação já esteja normalizada até meados de janeiro", destaca o presidente do Sindicato da Indústria de Rochas Ornamentais, Cal e Calcários do Espírito Santo (Sindirochas), Samuel Mendonça.


Todavia, na eventualidade de a chuva não cessar nos próximos dias e o tráfego nas rodovias não for regularizado, assim como nas estradas de terra de acesso às jazidas, a produção de rochas ornamentais pode ser prejudicada.

Afinal, a matéria-prima para a produção de peças em mármore e granito é proveniente de jazidas no norte do Espírito Santo, uma das áreas mais afetadas pelas chuvas nos últimos dias.

Minas Gerais e o sul da Bahia poderiam abastecer a indústria de rochas ornamentais do Espírito Santo, o maior polo do setor no País, mas as duas regiões também foram afetadas pela incidência da água.

"Se não tivermos matéria-prima, quem estiver estocado poderá produzir, mas certamente haverá uma redução no ritmo das atividades", complementa Mendonça. As chuvas que atingiram principalmente o Espírito Santo também causaram estragos no Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia.

Infraestrutura

Para Marcos Guerra, a atual situação enfrentada pela indústria capixaba reflete a falta de atenção federal dada ao Espírito Santo. "O Estado tem recebido pouco investimento. A BR-101 no Espírito Santo é um caos. Há muitos trechos baixos e esta não é a primeira vez que a rodovia é fechada por conta das chuvas. A BR-262 também precisa de investimentos, assim como o aeroporto e os portos", destaca o presidente do Findes.

Essa situação adversa chama ainda mais atenção diante daquele que pode ser o primeiro crescimento da indústria capixaba desde 2011. Naquele ano, a produção física local cresceu 6,8%, após uma alta de 22,3% em 2010.

Como mais de 50% da produção da indústria do Espírito Santo é voltada ao mercado internacional, o desempenho acompanha a situação da economia global.

Os anos de 2010 e 2011 apresentaram resultados fortes em função dos fracos anos de 2008 e 2009, em meio à crise econômica mundial. Já os anos de 2012 e 2013 refletiram as incertezas na economia mundial, principalmente na Europa, e a situação de demanda mais moderada por algumas commodities.


Para 2014, a projeção é favorável em função de um cenário mais positivo nos Estados Unidos e na Europa, assim como da continuidade do crescimento chinês. Além disso, a produção deve ser impulsionada por uma série de projetos locais que entrarão em operação ao longo do próximo ano, como é o caso das novas usinas da Vale e da Samarco e do estaleiro Jurong.

Solidariedade

Como as chuvas atingiram os polos industriais espalhados por todo o Espírito Santo, Guerra acredita que haverá uma grande mobilização estadual. O governo capixaba já sinalizou, por exemplo, a possibilidade de parcelar o pagamento de ICMS. "O capixaba é um povo solidário e, com a ajuda de todos, será mais fácil, para quem foi afetado pelas chuvas, se reerguer", diz o presidente do Findes.

A iniciativa privada também já se mobiliza. A Chocolates Garoto, empresa controlada pela suíça Nestlé e sediada em Vila Velha, entregou 15 mil litros de água mineral às autoridades encarregadas de auxiliar as pessoas atingidas pelas enchentes.

Afetada em um primeiro momento pela dificuldade de acesso dos colaboradores ao local do trabalho, a companhia também iniciou uma campanha interna para arrecadar alimentos não perecíveis e outros itens necessários para as famílias desabrigadas.

A Fibria também informou que está provendo apoio às comunidades atingidas pelas chuvas. Já a produção de celulose "ocorre dentro dos padrões de normalidade", segundo a companhia.

A Samarco informou que está monitorando os impactos da chuva nas unidades produtivas localizadas em Minas Gerais e Espírito Santo. "Até o momento, não foi registrada nenhuma interferência significativa e a produção segue em ritmo normal para essa época do ano", informou a empresa. Procuradas, Vale e ArcelorMittal ainda não informaram se as chuvas causaram prejuízos à produção.

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