Chuvas dos últimos anos mascararam problemas do Cantareira
Falta de planejamento, de recursos, e excesso de burocracia foram camuflados por uma situação climatológica favorável
Da Redação
Publicado em 27 de fevereiro de 2014 às 21h18.
São Paulo - As chuvas abundantes, que atingiram, nos últimos anos, o Sistema Cantareira, responsável pelo abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo, mascararam as deficiências do manancial. Falta de planejamento, de recursos, e excesso de burocracia foram camuflados por uma situação climatológica favorável.
A opinião é do engenheiro José Cézar Saad, coordenador de projetos do Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ).
“Os governos, infelizmente, nessa área de recursos hídricos, pouco planejaram, visando o futuro. E quando planejaram, não executaram, por falta de verbas ou problemas burocráticos em excesso. Todos esses fatores, que vieram acumulando ao longo do tempo, vêm sendo mascarados, porque havia muita chuva. No ano que chovia pouco, logo no ano seguinte chovia muito, então recuperava-se”, disse Saad.
Há quatro anos o Sistema Cantareira operava em situação oposta. Dados divulgados em 11 de janeiro de 2010, pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), mostravam que o sistema estava com 97,5% da capacidade de armazenamento, próximo de seu limite de segurança.
Das quatro represas que compõem o sistema - Jaguari, Atibainha, Paiva Castro e Cachoeira - três (Paiva Castro, Cachoeira e Atibainha) operavam até 80 centímetros acima do nível de segurança. Poderiam transbordar e atingir a população ribeirinha.
“Este ano, de 2014, é extremamente atípico. Em plena época de chuvas, nós estamos sofrendo estiagem. Nós estamos com menos chuvas, em janeiro e fevereiro, do que em junho, na estiagem. Tudo isso trouxe esse problema”, disse.
O nível do Sistema Cantareira baixou hoje (27) para 16,6% da capacidade de operação, a menor marca de sua história. Até ontem, choveu apenas 64 milímetros em fevereiro, 31,5% da média histórica de 202,6 milímetros registrada no mês.
“O Sistema Cantareira foi projetado e idealizado na década de 1960. Normalmente esses projetos têm uma vida útil em torno de 50 anos, ou 60 anos. O projeto inicial previa que até, digamos, até a década de 2010 estaria funcionando, e hoje está funcionado bem. Contudo, a população cresceu demais, o consumo industrial é grande, o consumo na agroindústria, na agricultura, é muito grande”, destacou o engenheiro.
O governador do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, afirmou nesta semana que já trabalha com a hipótese de utilizar parte dos 400 milhões de metros cúbicos do "volume morto" do Sistema Cantareira. Volume morto é a parte do reservatório que não é alcançado pelas bombas. A Sabesp afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que está em estudo a instalação dos equipamentos para a retirada do volume morto.
“Essa água é boa também, pode não ser tão boa quanto a da superfície; ela tem, talvez, um pouco mais de sujeira; você vai gastar alguma coisa a mais para poder tratá-la. Mas, em vista da situação em que estamos vivendo, é importante, sim, utilizar essa água, porque é o último recurso”, disse Saad.
São Paulo - As chuvas abundantes, que atingiram, nos últimos anos, o Sistema Cantareira, responsável pelo abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo, mascararam as deficiências do manancial. Falta de planejamento, de recursos, e excesso de burocracia foram camuflados por uma situação climatológica favorável.
A opinião é do engenheiro José Cézar Saad, coordenador de projetos do Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ).
“Os governos, infelizmente, nessa área de recursos hídricos, pouco planejaram, visando o futuro. E quando planejaram, não executaram, por falta de verbas ou problemas burocráticos em excesso. Todos esses fatores, que vieram acumulando ao longo do tempo, vêm sendo mascarados, porque havia muita chuva. No ano que chovia pouco, logo no ano seguinte chovia muito, então recuperava-se”, disse Saad.
Há quatro anos o Sistema Cantareira operava em situação oposta. Dados divulgados em 11 de janeiro de 2010, pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), mostravam que o sistema estava com 97,5% da capacidade de armazenamento, próximo de seu limite de segurança.
Das quatro represas que compõem o sistema - Jaguari, Atibainha, Paiva Castro e Cachoeira - três (Paiva Castro, Cachoeira e Atibainha) operavam até 80 centímetros acima do nível de segurança. Poderiam transbordar e atingir a população ribeirinha.
“Este ano, de 2014, é extremamente atípico. Em plena época de chuvas, nós estamos sofrendo estiagem. Nós estamos com menos chuvas, em janeiro e fevereiro, do que em junho, na estiagem. Tudo isso trouxe esse problema”, disse.
O nível do Sistema Cantareira baixou hoje (27) para 16,6% da capacidade de operação, a menor marca de sua história. Até ontem, choveu apenas 64 milímetros em fevereiro, 31,5% da média histórica de 202,6 milímetros registrada no mês.
“O Sistema Cantareira foi projetado e idealizado na década de 1960. Normalmente esses projetos têm uma vida útil em torno de 50 anos, ou 60 anos. O projeto inicial previa que até, digamos, até a década de 2010 estaria funcionando, e hoje está funcionado bem. Contudo, a população cresceu demais, o consumo industrial é grande, o consumo na agroindústria, na agricultura, é muito grande”, destacou o engenheiro.
O governador do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, afirmou nesta semana que já trabalha com a hipótese de utilizar parte dos 400 milhões de metros cúbicos do "volume morto" do Sistema Cantareira. Volume morto é a parte do reservatório que não é alcançado pelas bombas. A Sabesp afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que está em estudo a instalação dos equipamentos para a retirada do volume morto.
“Essa água é boa também, pode não ser tão boa quanto a da superfície; ela tem, talvez, um pouco mais de sujeira; você vai gastar alguma coisa a mais para poder tratá-la. Mas, em vista da situação em que estamos vivendo, é importante, sim, utilizar essa água, porque é o último recurso”, disse Saad.