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Chefe quer mostrar que é possível Rio 2016 sem corrupção

Sidney Levy diz que os jogos são uma chance de mostrar que o país pode realizar um grande projeto sem escândalos

Bandeira Rio 2016: Jogos Olímpicos têm um custo previsto de R$ 30 bilhões (US$ 12,5 bilhões) (Divulgação/COB)
DR

Da Redação

Publicado em 27 de janeiro de 2014 às 16h28.

Rio de Janeiro - Sidney Levy, chefe dos preparativos do Brasil para as Olimpíadas 2016 , diz que os jogos, que têm um custo previsto de R$ 30 bilhões (US$ 12,5 bilhões), são uma chance de mostrar que o país pode realizar um grande projeto sem escândalos.

Ele, que tem 57 anos de idade, assumiu em janeiro de 2013 o comitê organizador dos jogos do Rio e diz que os preparativos para a competição de duas semanas e meia pode reconstruir a confiança entre o país e sua elite empresarial provando que as coisas podem ser feitas “sem corrupção”. Na semana passada, seu comitê disse que o orçamento operacional aumentou 25 por cento, para R$ 7 bilhões, e amanhã um novo plano de investimento de capital -- originalmente estimado em R$ 23 bilhões -- será divulgado.

“Chegou a hora de os brasileiros entenderem e acreditarem que existem pessoas no Brasil suficientemente capacitadas para levantar e investir R$ 7 bilhões de forma transparente”, disse Levy, em 23 de janeiro, em entrevista na sede da Rio 2016, logo depois de anunciar o orçamento operacional.

“Eles acham que é tudo distribuído entre amigos dele, amigos de Fulano e Beltrano”, disse ele. “Dinheiro por baixo da mesa, esses caras ficarão todos ricos no final. Eles realmente pensam isso. Estamos aqui para provar que é o contrário”.

Em novembro, a Forbes estimou o custo da corrupção no Brasil em 2013 em até US$ 53 bilhões e a presidente Dilma Rousseff demitiu diversos ministros acusados de corrupção. A inflação está acima da meta do governo desde 2010 e, entre 2011 e 2013 a economia teve seu crescimento mais lento em um período de três anos dentro da última década.

Protestos

A frustração com os líderes políticos e empresariais do país provocou os maiores protestos do Brasil em mais de duas décadas. No ano passado, milhões de pessoas participaram de passeatas, em um movimento que começou contra um aumento das tarifas de ônibus. Os protestos cresceram e incluíram queixas contra a corrupção, a relação próxima entre empresas e funcionários do governo e reclamações de que os bilhões gastos em eventos esportivos seriam melhor usados se investidos para melhorar os sistemas de saúde e educação do Brasil.


O Brasil deixou a ditadura militar para trás e chegou à democracia na década de 1980 e desde então tem se esforçado para combater a corrupção, disse Andrew Zimbalist, economista da Smith College, em Northampton, Massachusetts, em entrevista por telefone.

“É um país que desde suas primeiras etapas de industrialização e de independência enfrentou problemas”, disse ele. “As pessoas ocupam cargos no governo nos quais têm poder e usam esse poder em benefício próprio. E é claro que há corrupção e ineficiência no setor privado também”.

Compreensível

Levy disse que o sentimento comum é compreensível. “Em diversas áreas o Brasil chegou ao primeiro mundo”, disse ele. “Por isso, não podemos tolerar que em tantas outras o Brasil ainda seja um país de terceiro mundo. Não podemos concordar com isso. Temos que ir contra isso”.

Os protestos “reforçaram a necessidade de separar dinheiro privado e dinheiro público”, disse ele.

Na semana passada, as autoridades disseram que o orçamento para organização das Olimpíadas subiu 25 por cento, para R$ 7 bilhões, e que um subsídio de R$ 1,4 bilhão dos governos estadual e federal foi transferido para o orçamento de trabalhos de infraestrutura, que em 2009 era estimado em R$ 23 bilhões.

O orçamento operacional subiu em relação ao plano original de R$ 5,6 bilhões por causa de novos esportes, mais exigências de tecnologia e erros de cálculo quanto aos custos de segurança e os salários dos trabalhadores, disse Levy. A equipe do comitê organizador subirá para milhares de pessoas no período dos jogos.

O governo brasileiro concordou em cobrir qualquer déficit, mas isso significaria que os organizadores falharam, disse Levy.

“Nós temos que trabalhar para que eles não façam isso: é para isso que todas essas pessoas estão aqui”, disse Levy, apontando para as pessoas sentadas no escritório. “Isso é muito importante, porque eu acho que significaria que falhamos” se o governo tiver que aumentar os gastos.

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Ele, que tem 57 anos de idade, assumiu em janeiro de 2013 o comitê organizador dos jogos do Rio e diz que os preparativos para a competição de duas semanas e meia pode reconstruir a confiança entre o país e sua elite empresarial provando que as coisas podem ser feitas “sem corrupção”. Na semana passada, seu comitê disse que o orçamento operacional aumentou 25 por cento, para R$ 7 bilhões, e amanhã um novo plano de investimento de capital -- originalmente estimado em R$ 23 bilhões -- será divulgado.

“Chegou a hora de os brasileiros entenderem e acreditarem que existem pessoas no Brasil suficientemente capacitadas para levantar e investir R$ 7 bilhões de forma transparente”, disse Levy, em 23 de janeiro, em entrevista na sede da Rio 2016, logo depois de anunciar o orçamento operacional.

“Eles acham que é tudo distribuído entre amigos dele, amigos de Fulano e Beltrano”, disse ele. “Dinheiro por baixo da mesa, esses caras ficarão todos ricos no final. Eles realmente pensam isso. Estamos aqui para provar que é o contrário”.

Em novembro, a Forbes estimou o custo da corrupção no Brasil em 2013 em até US$ 53 bilhões e a presidente Dilma Rousseff demitiu diversos ministros acusados de corrupção. A inflação está acima da meta do governo desde 2010 e, entre 2011 e 2013 a economia teve seu crescimento mais lento em um período de três anos dentro da última década.

Protestos

A frustração com os líderes políticos e empresariais do país provocou os maiores protestos do Brasil em mais de duas décadas. No ano passado, milhões de pessoas participaram de passeatas, em um movimento que começou contra um aumento das tarifas de ônibus. Os protestos cresceram e incluíram queixas contra a corrupção, a relação próxima entre empresas e funcionários do governo e reclamações de que os bilhões gastos em eventos esportivos seriam melhor usados se investidos para melhorar os sistemas de saúde e educação do Brasil.


O Brasil deixou a ditadura militar para trás e chegou à democracia na década de 1980 e desde então tem se esforçado para combater a corrupção, disse Andrew Zimbalist, economista da Smith College, em Northampton, Massachusetts, em entrevista por telefone.

“É um país que desde suas primeiras etapas de industrialização e de independência enfrentou problemas”, disse ele. “As pessoas ocupam cargos no governo nos quais têm poder e usam esse poder em benefício próprio. E é claro que há corrupção e ineficiência no setor privado também”.

Compreensível

Levy disse que o sentimento comum é compreensível. “Em diversas áreas o Brasil chegou ao primeiro mundo”, disse ele. “Por isso, não podemos tolerar que em tantas outras o Brasil ainda seja um país de terceiro mundo. Não podemos concordar com isso. Temos que ir contra isso”.

Os protestos “reforçaram a necessidade de separar dinheiro privado e dinheiro público”, disse ele.

Na semana passada, as autoridades disseram que o orçamento para organização das Olimpíadas subiu 25 por cento, para R$ 7 bilhões, e que um subsídio de R$ 1,4 bilhão dos governos estadual e federal foi transferido para o orçamento de trabalhos de infraestrutura, que em 2009 era estimado em R$ 23 bilhões.

O orçamento operacional subiu em relação ao plano original de R$ 5,6 bilhões por causa de novos esportes, mais exigências de tecnologia e erros de cálculo quanto aos custos de segurança e os salários dos trabalhadores, disse Levy. A equipe do comitê organizador subirá para milhares de pessoas no período dos jogos.

O governo brasileiro concordou em cobrir qualquer déficit, mas isso significaria que os organizadores falharam, disse Levy.

“Nós temos que trabalhar para que eles não façam isso: é para isso que todas essas pessoas estão aqui”, disse Levy, apontando para as pessoas sentadas no escritório. “Isso é muito importante, porque eu acho que significaria que falhamos” se o governo tiver que aumentar os gastos.

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