A presidente Dilma Rousseff e Lula: diferenças são salientadas pelo FT (Antônio Cruz/ABr)
Diogo Max
Publicado em 4 de fevereiro de 2011 às 08h57.
São Paulo - O primeiro mês de trabalho da presidente Dilma Rousseff foi alvo de um editorial do Financial Times, um dos mais influentes jornais na economia e nos negócios. A publicação elogia as primeiras medidas tomadas pelo novo governo, que, segundo os ingleses, não representa uma continuação da administração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Dilma Rousseff tem rompido com as políticas de seu antecessor em uma série de medidas corajosas”, diz o Financial Times, em artigo intitulado “O pequeno terremoto no Planalto do Brasil”. Um desses “caminhos” a que se refere o jornal britânico está na política externa. Mais precisamente nas relações com o Irã.
“Ela [Dilma Rousseff] criticou justamente a recusa do governo de seu antecessor para participar de uma resolução da ONU, que condena o apedrejamento no Irã”, explica o editorial, que afirma terem os Estados Unidos se aproximado do Brasil por conta dessa medida.
O jornal contrapõe, no entanto, que a redefinição das relações com Washington vai depender de o Brasil reconhecer que o programa nuclear iraniano não tem fins pacíficos.
Economia
Outra medida que ressalta a diferença entre os governos de Dilma Rousseff e Lula está na economia. Chamando o ex-presidente de “preocupante perdulário”, o Financial Times afirma que o governo anterior prolongou, antes das eleições, um “estímulo fiscal” que beneficiou o Brasil no auge da crise econômica.
“Para seu crédito, Dilma Rousseff reconheceu o problema”, diz o jornal britânico. “Em recente acordo para definir o salário mínimo, ela garantiu o aumento mais baixo possível e reduziu em um terço os fundos estaduais provisórios, até a definição do orçamento deste ano. Essa medida deverá incluir cortes de custo de até 2% da produção nacional”, afirma o Financial Times.
O jornal salienta o que o excesso fiscal é “um dos pecados originais do modelo econômico do Brasil”, que contribui para taxas de juros mais altas e uma valorização da moeda, prejudicando os exportadores, além de uma carga tributária que permite o aumento da economia informal. “Quanto mais cedo Dilma Rousseff começa a cortar, melhor”, adverte o Financial Times.