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Católicos serão ultrapassados por evangélicos até 2040

O papa Francisco visita hoje o país com mais católicos do mundo. Mas o cenário deve mudar até 2040, quando evangélicos serão maioria. É um raro caso de "revolução religiosa"

Católico segura terço: por ser dominante entre os idosos, enquanto os evangélicos ganham força entre jovens, o catolicismo deve continuar a perder fiéis nos próximos anos (AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 22 de julho de 2013 às 16h44.

São Paulo – O papa Francisco desembarca hoje na maior nação católica do mundo. Nenhum outro país possui 123 milhões de seguidores da religião como o Brasil. De cada 10 pessoas, seis se dizem regidas pelo Vaticano. Mas o rápido processo de perda de fiéis deve mudar este cenário até 2040, quando evangélicos estarão em maior número.

A previsão é do professor da Escola Nacional de Ciências Estatísticas, do IBGE, José Eustáquio Diniz Alves, no estudo “ A dinâmica das filiações religiosas no Brasil entre 2000 e 2010 ”. A estimativa da pesquisa, publicada no ano passado, continua atual, segundo o demógrafo.

Os católicos , que em 1980 eram quase 90% da população, devem representar menos de 50% já em 2030, mas ainda liderarão. Dez anos depois, estarão em menor número que os evangélicos, segundo o artigo.

O Brasil terá passado então, por um raríssimo processo de mudança da religião hegemônica, feito inédito em qualquer país de grande porte do globo no mundo moderno.

“Se você pegar a tendência dos últimos 20 anos, os católicos perdem um ponto percentual ao ano no Brasil”, afirma o pesquisador.

A tabela abaixo mostra a constatação do especialista:

Religião% em 1980% em 1990% em 2000% em 2010Quantidade em 2010 (em milhões de pessoas)
Católicos8983,373,6 64,6 123,2
Evangélicos6,69,115,4 22,2 42,2
Outras religiões2,82,83,6 5,2 9,6
Sem religião1,64,87,4 8 15,3

De acordo o Censo 2010, cujos dados são os mais atualizados, 64,6% da população hoje é católica, contra 22,2% de evangélicos.

Uma das prioridades da Jornada Mundial da Juventude , que começa oficialmente amanhã no Rio de Janeiro, é justamente aproximar a Igreja dos jovens, a parte da população que mais migrou para agremiações evangélicas e outras religiões.

Futuro não promissor

Dificilmente o processo que já se vislumbra há décadas poderá ser freado.

“Evangélicos estão mais bem posicionados entre grupos que têm maior crescimento demográfico. Só por esse fato, a diferença vai continuar. Mas isso não explica tudo”, afirma o professor Eustáquio Diniz.

O especialista se refere ao fato dos evangélicos terem hoje grande força entre os jovens e as mulheres – em idade fértil, frise-se – enquanto os católicos ainda mantêm hegemonia entre a população mais velha.

Mas, segundo Eustáquio, outros fatores explicam o sucesso evangélico.

“Eles customizam o discurso. Tem uma igreja, a Bola de Neve, que é para surfistas, tem igreja que são para gays, mas tem igreja que é radicalmente contra os gays. Ela consegue atingir diferentes públicos no país”, afirma o pesquisador.

Além de tudo, evangélicos são também mais atuantes. Pesquisa Datafoilha divulgada ontem mostra que eles vão mais à igreja e contribuem financeiramente com valores maiores para manter suas agremiações.

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São Paulo – O papa Francisco desembarca hoje na maior nação católica do mundo. Nenhum outro país possui 123 milhões de seguidores da religião como o Brasil. De cada 10 pessoas, seis se dizem regidas pelo Vaticano. Mas o rápido processo de perda de fiéis deve mudar este cenário até 2040, quando evangélicos estarão em maior número.

A previsão é do professor da Escola Nacional de Ciências Estatísticas, do IBGE, José Eustáquio Diniz Alves, no estudo “ A dinâmica das filiações religiosas no Brasil entre 2000 e 2010 ”. A estimativa da pesquisa, publicada no ano passado, continua atual, segundo o demógrafo.

Os católicos , que em 1980 eram quase 90% da população, devem representar menos de 50% já em 2030, mas ainda liderarão. Dez anos depois, estarão em menor número que os evangélicos, segundo o artigo.

O Brasil terá passado então, por um raríssimo processo de mudança da religião hegemônica, feito inédito em qualquer país de grande porte do globo no mundo moderno.

“Se você pegar a tendência dos últimos 20 anos, os católicos perdem um ponto percentual ao ano no Brasil”, afirma o pesquisador.

A tabela abaixo mostra a constatação do especialista:

Religião% em 1980% em 1990% em 2000% em 2010Quantidade em 2010 (em milhões de pessoas)
Católicos8983,373,6 64,6 123,2
Evangélicos6,69,115,4 22,2 42,2
Outras religiões2,82,83,6 5,2 9,6
Sem religião1,64,87,4 8 15,3

De acordo o Censo 2010, cujos dados são os mais atualizados, 64,6% da população hoje é católica, contra 22,2% de evangélicos.

Uma das prioridades da Jornada Mundial da Juventude , que começa oficialmente amanhã no Rio de Janeiro, é justamente aproximar a Igreja dos jovens, a parte da população que mais migrou para agremiações evangélicas e outras religiões.

Futuro não promissor

Dificilmente o processo que já se vislumbra há décadas poderá ser freado.

“Evangélicos estão mais bem posicionados entre grupos que têm maior crescimento demográfico. Só por esse fato, a diferença vai continuar. Mas isso não explica tudo”, afirma o professor Eustáquio Diniz.

O especialista se refere ao fato dos evangélicos terem hoje grande força entre os jovens e as mulheres – em idade fértil, frise-se – enquanto os católicos ainda mantêm hegemonia entre a população mais velha.

Mas, segundo Eustáquio, outros fatores explicam o sucesso evangélico.

“Eles customizam o discurso. Tem uma igreja, a Bola de Neve, que é para surfistas, tem igreja que são para gays, mas tem igreja que é radicalmente contra os gays. Ela consegue atingir diferentes públicos no país”, afirma o pesquisador.

Além de tudo, evangélicos são também mais atuantes. Pesquisa Datafoilha divulgada ontem mostra que eles vão mais à igreja e contribuem financeiramente com valores maiores para manter suas agremiações.

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