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Cássio Cunha Lima foi único a relutar sobre caixa 2, diz delator

Cunha Lima é acusado de receber R$ 800 mil não declarados para a sua candidatura ao governo da Paraíba, em 2014

Cunha Lima: "Ele (Cássio Cunha Lima) foi o único desses todos que disse: 'poxa, mas não tem como fazer?'. Eu disse: 'olha, nós não temos outra opção'. Ele relutou, mas não teria opção", conta Barradas (Pedro França/Agência Senado)

Cunha Lima: "Ele (Cássio Cunha Lima) foi o único desses todos que disse: 'poxa, mas não tem como fazer?'. Eu disse: 'olha, nós não temos outra opção'. Ele relutou, mas não teria opção", conta Barradas (Pedro França/Agência Senado)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 15 de abril de 2017 às 13h56.

O ex-diretor Superintendente da Bahia do grupo Odebrecht, Alexandre Barradas, afirmou, em acordo de delação premiada, que o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) foi o "único que relutou em relação ao caixa dois".

Cunha Lima é acusado de receber R$ 800 mil não declarados para a sua candidatura ao governo da Paraíba, em 2014.

"Ele (Cássio Cunha Lima) foi o único desses todos que disse: 'poxa, mas não tem como fazer?'. Eu disse: 'olha, nós não temos outra opção'. Ele relutou, mas não teria opção", conta Barradas.

Um dos investigadores presentes no depoimento, então, rebateu: "Ele tinha opção, poderia ter recusado".

Segundo Barradas, a doação ao então candidato a governador tinha objetivo de receber como contrapartida de realizar obra de saneamento na Paraíba, que não contava com o apoio do governador à época, Ricardo Coutinho.

Ao decidir fazer oposição a Coutinho, já em 2014, Cunha Lima sinalizou a Barradas que contava com a "ajuda" da Odebrecht.

"Seria inverdade dizer que ele me pediu dinheiro, mas mostrou a sua necessidade de ter ajuda e ajuda financeira", declarou o delator.

Barradas contou que conversou "rapidamente" com Cássio em seu gabinete, no Senado, entre março e abril de 2014, para informar que a empresa estava disposta a fazer a doação, mas que só poderia ser realizada via caixa dois. "Eu me lembro que o senador ficou um pouco inseguro", disse Barradas aos procuradores.

Os dois teriam se encontrado outras três ou quatro vezes, geralmente no Senado, porém a entrega da quantia, parcelada em duas vezes de R$ 400 mil, teria sido feita a um funcionário do senador chamado Luís, em um hotel de Brasília.

Barradas informou ainda que o senador ganhou dois apelidos, "trovador" e "prosador", pois o pai do parlamentar Ronaldo Cunha Lima, era um "grande poeta".

Outro lado

Em nota, o tucano disse que recebeu uma doação da Braskem na campanha de 2014. "Essa doação foi devidamente declarada na minha prestação de contas. O meu patrimônio é absolutamente compatível com a minha renda e eu nunca usei de quaisquer dos meus mandatos para enriquecer ilicitamente. Quando prefeito de Campina Grande e governador da Paraíba, jamais tive uma obra pública executada pela Odebrecht. Tem que investigar, sim! Investigar até o fim! E investigar imediatamente!", declarou.

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