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Caso Marielle: Élcio de Queiroz disse à Justiça que Lessa foi alvo de extorsão

Marcos Braga é suspeito de tentar atrapalhar investigações na DH, inclusive na implantação de uma falsa testemunha no caso

Na época, o delegado Giniton Lages saiu em defesa do subordinado, que segundo a PF, foi seu braço direito na unidade (//Divulgação)

Na época, o delegado Giniton Lages saiu em defesa do subordinado, que segundo a PF, foi seu braço direito na unidade (//Divulgação)

Estadão Conteúdo
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Agência de notícias

Publicado em 27 de março de 2024 às 07h56.

Durante um depoimento no ano passado no processo que julga a participação do ex-bombeiro Maxwell Simões, o Suel, no assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, Élcio de Queiroz afirmou que seu comparsa Ronnie Lessa foi alvo de extorsão por parte de um policial civil.

O ex-policial militar, que dirigiu o carro usado no crime, disse ao Tribunal de Justiça do Rio que "Marquinho DH" foi o responsável pela extorsão. No relatório final do caso apresentado esta semana, a Polícia Federal identificou com o apelido o comissário de polícia Marco Antônio de Barros Pinto, um dos agentes com maior influência da Delegacia de Homicídios, que foi indiciado por organização criminosa.

"Houve comentário de extorsão do Ronnie. Como eu vou confiar numa polícia que estava o tempo todo negociando com Ronnie? Eu confio na PF (Polícia Federal) e no Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado do Ministério Público)", afirmou Queiroz em outubro de 2023.

Na época, o delegado Giniton Lages saiu em defesa do subordinado, que segundo a PF, foi seu braço direito na unidade. A conduta dos dois durante o caso Marielle está sendo investigada também pela corregedoria da Polícia Civil e ambos estão afastados de suas funções.

"Não me surpreendo quando um miliciano é preso com provas técnicas, em que ele está todo implicado, colocar em questão a idoneidade de um servidor público e de um policial", rebateu ao GLOBO, Giniton à época.

Quem é Marquinho DH?

Segundo a Polícia Federal, Marcos Antônio de Barros foi o responsável por capitanear a equipe de confiança da Delegacia de Homicídios e primordial "na engrenagem para a sabotagem do trabalho investigativo".

Ele também teve papel de protagonismo, segundo a PF, na implantação de uma falsa testemunha ao longo da investigação que apontou como mandante o ex-vereador Marcelo Siciliano. Ao longo do relatório é descrito que ele teria um conluio com o então policial militar Rodrigo Ferreira, conhecido como Ferreirinha, para "manipulação processual".

Em sua delação premiada, Ronnie Lessa conta que três semanas após o crime encontrou com Domingos Brazão e Chiquinho Brazão, apontados como mandantes dos assassinatos. Eles teriam tranquilizados os executores dizendo que Rivaldo (Barbosa) estaria "virando o canhão para outro lado".

Dias depois, em 27 de abril, a Polícia Civil recebeu uma denúncia em que Ferreirinha apontou que o crime teria sido encomendado por Marcelo Sciliano com intermediação do ex-Pm Orlando Oliveira de Araujo, o Orlando Curicica — o que se provou falso. Mensagens recuperadas pela Polícia Federal, mostram que ele já tinha combinado depoimentos com a Delegacia de Homicídios, em troca de ajudas pessoais. Em uma conversa com Marquinho DH eles marcam um encontro para "alinha um monte de coisas futuras". Em um áudio, Marquinho orienta como Ferreirinha deve depor à Justiça na investigação sobre um homicido em que ele era testemunha:

"Você chegou muito em cima, a gente acabou não fazendo a atividade que eu queria (...) . Mas sem se vitimizar, sem se vitimizar, aquela coisa que a gente já conversou tá, então se concentra" enviou Marquinho.

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