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Cartel da Petrobras quase dobrou em 2 anos, diz executivo a Moro

Marcos Pereira, da Toyo Setal, depôs no processo que envolve a compra do terreno que seria destinado ao Instituto Lula pela Odebrecht

Petrobras: Berti relatou ao juiz Sérgio Moro que o número de empresas integrantes passou de 9 para 16 no clube de empreiteiras que manipulavam as concorrências (Tânia Rêgo/Agência Brasil/Agência Brasil)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 8 de maio de 2017 às 19h56.

Última atualização em 9 de maio de 2017 às 15h30.

São Paulo - O executivo da Toyo Setal Marcos Pereira Berti confessou, em depoimento como testemunha de acusação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no processo que envolve a compra de um terreno pela empreiteira Odebrecht, ter participado de reuniões para discutir as preferências das empresas em licitações da Petrobras .

Delator, Berti relatou ao juiz Sérgio Moro que o número de empresas integrantes passou de 9 para 16 no clube de empreiteiras que manipulavam as concorrências.

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A força-tarefa do Ministério Público Federal na Lava Jato sustenta que o cartel se instalou na Petrobras entre 2004 e 2014. O rombo oficial é estimado em R$ 6 bilhões.

"Eu comecei em 2005 a participar dessas reuniões. Elas foram até 2010 e 2011. Em 2011, praticamente acabou. Depois de ter tido muitas reuniões em 2011, mas a efetividade tinha acabado. Existia uma lista de projetos da Petrobras e a gente discutia qual empresa era a eleita para ganhar a concorrência. Fazia a divisão de obras. Havia 9 empresas, depois 15, depois 16", relatou Marco Pereira Berti, delator da Operação Lava Jato.

Berti depôs no processo que envolve a compra do terreno que seria destinado ao Instituto Lula - que não chegou a ser concretizada - pela Odebrecht.

A fim de corroborar o que disse em delação, ele entregou anotações e planilhas que detalham o funcionamento do esquema.

Tais documentos indicam que as empresas escolhiam as preferências entre as obras oferecidas pela estatal.

Segundo o delator, a Setal participou da construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e da Refinaria de Paulínia, no interior de São Paulo.

Nesta denúncia, a propina - equivalente a porcentuais de 2% a 3% dos oito contratos celebrados entre a Petrobras e a Construtora Norberto Odebrecht S/A -, totaliza R$ 75.434.399,44.

Este valor teria sido repassado a partidos e a políticos que davam sustentação ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva, especialmente o PT, o PP e o PMDB, bem como aos agentes públicos da Petrobras envolvidos no esquema e aos responsáveis pela distribuição das vantagens ilícitas, em operações de lavagem de dinheiro que tinham como objetivo dissimular a origem criminosa do dinheiro.

A compra do terreno seria uma forma de lavagem de dinheiro dos valores supostamente oferecidos ao ex-presidente, segundo sustenta o Ministério Público Federal.

A defesa de Lula diz que as imputações são vagas e genéricas e a acusação "francamente especulativa".

Os advogados dizem ainda que o MP passou a intensificar negociações para a delação de réus, "aparentemente com o compromisso da inclusão do nome de Lula em seus depoimentos".

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