Os protestos e críticas que marcaram o Carnaval 2018
As escolas de samba não pouparam alfinetadas ao prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, e ao presidente Michel Temer
Valéria Bretas
Publicado em 14 de fevereiro de 2018 às 12h08.
Última atualização em 14 de fevereiro de 2018 às 16h13.
São Paulo - Apesar do clima de festa e folia que tomou conta das ruas de todo o país nos últimos dias, o Carnaval deste ano foi marcado por um tom crítico aos políticos brasileiros e às questões sociais.
No Rio de Janeiro (RJ), as escolas de samba incendiaram críticas e insatisfações ao prefeito do Rio, Marcelo Crivella ( PRB ), e ao presidente Michel Temer .
A Paraíso do Tuiuti, que apresentou um enredo dedicado ao tema “Meu Deus, meu Deus, está extinta a escravidão? ”, por exemplo, levou um “vampiro Temer” para a avenida.
Em um dos carros alegóricos, uma imagem de “drácula” foi caracterizada de terno e faixa presidencial, numa alusão ao presidente. Além da escravidão, a ala também abordou temas como racismo e a recente reforma trabalhista, aprovada pelo governo no ano passado.
Já a Mangueira exaltou as escolas de samba e os blocos de rua, mas não deixou de lado às críticas abertas a Crivella, que é evangélico e considerado um “prefeito anticarnavalesco” — pela segunda vez consecutiva, ele marcou uma viagem oficial em pleno carnaval.
A escola representou o prefeito da cidade como “o Judas do carnaval”, com a imagem do político na forma de um boneco enforcado, junto ao enredo: “Prefeito, pecado é não brincar o carnaval”.
A Beija-Flor, por sua vez, apostou em um desfile inspirado em “Frankenstein”, com reflexões e denúncias sobre a corrupção, a violência, intolerância e desigualdade socioeconômica. Para isso, fez uma cena dearrastão, representou uma prostituta e um homossexual sendo alvos de preconceito, fez críticas à sonegação de impostos e comparou políticos a ratos.
No Sambódromo, ecoava o samba“Oh pátria amada, por onde andarás? Seus filhos já não aguentam mais! Você que não soube cuidar”.
Em um dos seus carros, a escola também ergueu um prédio doCongresso Nacional e a Petrobras, onde políticos foram representados se abanando com dinheiro nas mãos. Veja o registro do momento:
Em São Paulo, a Império da Casa Verde fez uma crítica social ao traçar um paralelo entre aRevolução Francesa com as manifestações no Brasil. Com direito ao grito de "vem pra rua", bordão utilizado durante os protestos a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o enredo da escola dizia: "A batalha acabou de começar / Na alma da gente a esperança continua / Vem pra rua".
*Com Estadão Conteúdo