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Carlos Bolsonaro usa caso de Moro para alfinetar PF na apuração de facada

Vereador usou o Twitter para comprar a investigação do vazamento de mensagens com o atentado que Bolsonaro sofreu em 2018

Carlos Bolsonaro: vereador sugeriu à PF que na caça ao hacker não dê o "mesmo ritmo" da investigação sobre facada em seu pai (Caio César/CMRJ/Agência Brasil)

Carlos Bolsonaro: vereador sugeriu à PF que na caça ao hacker não dê o "mesmo ritmo" da investigação sobre facada em seu pai (Caio César/CMRJ/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 17 de junho de 2019 às 11h28.

São Paulo — O vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PSC/RJ), um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro, disse esperar que a Polícia Federal (PF) não dê à investigação dos supostos ataques de hackers aos celulares de membros das forças-tarefa da Lava Jato e do ministro Sérgio Moro o "mesmo ritmo e linha" que deu à tentativa de assassinato de seu pai.

Carlos já havia abordado o caso no dia 9, após divulgação de uma nota em que a força-tarefa da Lava Jato no Ministério Público Federal no Paraná indicou que seus membros haviam sido "vítimas de ação criminosa de um hacker que praticou os mais graves ataques à atividade do Ministério Público, à vida privada e à segurança de seus integrantes".

Horas após a publicação do texto do MPF, o vereador compartilhou um comentário do senador Alessandro Viera (Cidadania), que dizia que o objetivo do ataque era "claro", de "tumultuar processos e investigações, barrando o combate à corrupção no Brasil", sendo as "táticas hackers" mais uma etapa dessa guerra.

A nota da procuradoria indicava que um hacker invadiu telefones e aplicativos de procuradores, "tendo havido ainda a subtração de identidade" de alguns integrantes da força-tarefa em Curitiba. O texto dizia ainda que "foram obtidas cópias de mensagens e arquivos trocados em relações privadas e de trabalho".

O texto reagia às reportagens do site The Intercept Brasil, que divulgou na tarde do mesmo dia o suposto conteúdo de mensagens trocadas pelo então juiz federal Sergio Moro e por integrantes do Ministério Público Federal, como o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa em Curitiba.

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo sobre o ataque cibernético e o vazamento de diálogos, Moro disse que o País está diante de "um crime em andamento", promovido, conforme sua avaliação, por uma organização criminosa profissional.

As investigações

Em maio a Polícia Federal instaurou um inquérito para investigar ataques feitos por hackers aos celulares de procuradores da República que atuam nas forças-tarefa da Lava Jato. A apuração teve início após uma notificação enviada pelos procuradores à PF.

Já no início de junho outra investigação foi aberta para apurar ataques ao celular do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro.

A procuradora-geral da República Raquel Dodge defende que a investigação em relação aos ataques cibernéticos criminosos contra membros do Ministério Público Federal seja unificada.

Em ofício encaminhado na última quarta-feira, 12, ao diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Leite Valeixo, Raquel afirma "considerar necessário adotar uma linha de investigação que possa esclarecer, além do modo de atuação criminoso, os motivos e eventuais contratantes de um ataque cibernético sistemático contra membros do MPF, principalmente aqueles que atuam nas Forças-Tarefas da Lava Jato do Rio de Janeiro e Curitiba".

A facada

Na sexta-feira, 14, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que irá tomar providências sobre a decisão que absolveu Adélio Bispo de Oliveira em ação penal referente à facada no então candidato à Presidência, em setembro de 2018.

O juiz federal Bruno Savino, de Juiz de Fora (MG), converteu a prisão preventiva de Adélio em internação provisória, e o manteve na Penitenciária Federal de Segurança Máxima de Campo Grande (MS). O autor da facada foi considerado inimputável.

Para Bolsonaro não há "dúvida" de que acertaram com Adélio uma tentativa de assassinato. "A gente sabe que o circo é armado, tentaram me assassinar sim. Eu tenho a convicção quem foi mas não quero falar porque não quero fazer um prejulgamento de ninguém", disse o presidente a jornalistas.

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