Cardozo: "Se tivesse STF no bolso, Dilma ainda estaria no cargo"
O ex-ministro da Justiça disse ter sido vítima de uma tentativa de armação por parte de Joesley Batista, Ricardo Saud e do ex-procurador Marcelo Miller
Estadão Conteúdo
Publicado em 5 de setembro de 2017 às 21h18.
São Paulo - Em conversas com advogados nesta terça-feira, 5, o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo disse ter sido vítima de uma tentativa de armação por parte de Joesley Batista, Ricardo Saud e do ex-procurador Marcelo Miller.
"Queriam dar um flagrante e me por na cadeia", afirmou o ex-ministro a um deles. Procurado, Cardozo disse que não vai comentar o assunto.
Nestas conversas com colegas, o ex-ministro disse estar tranquilo diante das gravações já que as conversas não tem nenhuma acusação contra ele.
De acordo com interlocutores da área jurídica, Cardozo disse ter se encontrado uma única vez com Joesley e Saud, que propuseram contratar o escritório ao qual o petista é sócio por R$ 1 milhão em dinheiro vivo. Cardozo recusou o contrato.
"Se tivesse aceito estaria preso", disse a um colega.
Ao comentar com advogados os comentários feitos entre os delatores sobre sua suposta influência no Supremo Tribunal Federal (STF), Cardozo chegou a ser irônico. "Se tivesse ministros do Supremo no bolso, a presidente Dilma (Rousseff) ainda estaria no cargo", disse o ex-ministro, segundo relatos.
Cardozo foi o advogado da presidente cassada durante o proceso de impeachment.
Ele comentou com colegas que no primeiro momento em que foi abordado não desconfiou da intenção de Joesley e Saud mas aos poucos, conforme as informações sobre o caso foram surgindo, percebeu que o objetivo dos delatores era incriminá-lo para, a partir daí, chegar a ministros do STF com quem o ex-ministro tem relação e "ficar bem" com o Supremo. A "armadilha" seria de conhecimento de Miller.
O petista disse a advogados considerar que toda a delação ficou comprometida e as provas apresentadas devem ser consideradas nulas pela Justiça, inclusive a gravação na qual Joesley conversa com o presidente Michel Temer, devido à participação de Marcelo Miller no caso.