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Candidatura de Cunha a líder do PMDB racha partido

O carioca está disposto a comandar a bancada do partido na Câmara e pediu apoio ao governador do Rio de Janeiro

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 16 de janeiro de 2013 às 20h15.

Rio - Contrariados com a insistência do deputado Eduardo Cunha (RJ) em levar adiante a disputa pela liderança do PMDB na Câmara, o atual líder, Henrique Alves (RN), em campanha pela presidência da Casa, e o vice-presidente da República Michel Temer se afastaram do companheiro, com quem atuaram em total sintonia nos últimos anos. Não pedem votos para Cunha e, ao contrário, temem uma possível divisão da bancada, em caso de vitória do parlamentar fluminense.

Outra preocupação é o fato de a presidente Dilma Rousseff não ter nenhuma simpatia por Eduardo Cunha e olhá-lo com desconfiança. Temer não quer problema com Dilma no momento em que o PMDB tentar garantir a reedição da aliança com o PT na campanha pela reeleição da presidente, em 2014.

Nada disso abalou a disposição de Eduardo Cunha - carioca de 54 anos que está no terceiro mandato e formou sua base no eleitorado evangélico - em comandar a segunda maior bancada da Câmara, atualmente com 78 deputados. Na semana passada, o deputado obteve apoio do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, de quem se aproximou depois de longo tempo de distanciamento, e do prefeito da capital, Eduardo Paes. Os deputados do PMDB do Rio fecharam apoio a Cunha.

Apesar do bom relacionamento de Cabral e Paes com Dilma, governador e prefeito avaliam ser importante um líder do Rio, no momento em que o Estado tem algumas brigas a comprar no Congresso, como o veto presidencial à divisão dos royalties do petróleo e o Fundo de Participação dos Estados (FPE).

Henrique Alves fará campanha nesta quinta-feira no Rio, ao lado de Cunha, Cabral e Paes, anfitriões de um almoço oferecido à bancada fluminense, de 46 deputados. Cunha nega qualquer constrangimento. Lembra que ajudou a criar a candidatura do líder à presidência da Câmara e é natural que peça apoio para Alves.


Telhado de vidro

Com forte atuação de bastidor, sempre alinhado com Temer e Alves, Eduardo Cunha acha que chegou a hora de passar para a linha de frente. Os adversários de sua candidatura argumentam que, além da resistência de Dilma, Cunha tem "telhado de vidro" e, se eleito, vai expor ainda mais o PMDB a possíveis ataques. No Rio, Cunha enfrentou três inquéritos no Tribunal de Contas do Estado (TCE), que investigou supostas irregularidades quando o deputado presidiu a Companhia de Habitação do Estado do Rio de Janeiro (Cehab), entre 1999 e 2000. Os inquéritos foram arquivados. O parlamentar é alvo de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga suposto tráfico de influência em favor de um ex-diretor da Refinaria de Manguinhos. Cunha nega qualquer ação ilegal. "Esse inquérito no Supremo está parado. Não sou réu em processo algum, nada", diz Cunha.

A contrariedade de Cunha com Dilma começou quando a presidente decidiu mudar radicalmente o comando de Furnas Centrais Elétricas e retirou os indicados do deputado peemedebista. Cunha diz que não tinha interesse pessoal nos cargos e apenas acompanhava os pleitos do PMDB do Rio. O episódio, garante, não terá influência em sua atuação como líder, se for eleito. Também não mostra disposição em seguir cegamente a cartilha do governo. "Fui artífice da aliança do PMDB com o PT, fiz campanha, ninguém pode reclamar de mim. Não estou aqui para brigar com o governo nem para ser capacho do governo", diz Cunha.

Para reforçar os votos em Cunha, dois secretários do prefeito Eduardo Paes, os deputados Pedro Paulo e Rodrigo Bethlem, deverão retomar os mandatos parlamentares no período de eleição do presidente da Câmara e do líder da bancada. Com isso, o PMDB do Rio passa de oito para nove deputados, já que um dos suplentes é do PSC, e o partido chega a 79 deputados. Pedro Paulo e Bethlem deverão ser exonerados da prefeitura e depois readmitidos.


Torcida do governo

Cunha disputa a liderança com Sandro Mabel (GO) e Osmar Terra (RS). Mabel volta ao PMDB depois de passar pelos antigos PFL e PL e pelo PR. Em 2011, enfrentou o petista Marco Maia (RS), vitorioso, na disputa pela presidência da Câmara. Osmar Terra é próximo do tucano José Serra e em 2010 foi um dos líderes da campanha presidencial do PSDB no Sul. "O governo não ter por que preferir o Sandro ou o Osmar. Com qualquer um que ganhe, o governo terá que conversar com igualdade", diz Eduardo Cunha.

Com a torcida discreta do governo, Mabel, que foi líder do PR, procura mostrar independência: "Eu dizia ao ex-presidente Lula que, entre ele e a bancada, fico com a bancada. Não tenho rabo preso com o governo, mostrei coragem quando fui candidato a presidente da Câmara".

Na última sexta-feira (12), a contabilidade de Mabel e de Cunha era a mesma: cada um acreditava ter 38 votos garantidos. Para vencer no primeiro turno, são necessários pelo menos 40 votos. "Todo candidato tem ilusão de ótica na política", brinca Osmar Terra. "Tem gente confundindo gentileza com apoio. Eles (Cunha e Mabel) tentam polarizar e canibalizar meus possíveis votos", diz o gaúcho. Terra defende que o PMDB esteja à frente de "uma discussão nacional, política, e não só no toma-lá-dá-cá".

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Rio - Contrariados com a insistência do deputado Eduardo Cunha (RJ) em levar adiante a disputa pela liderança do PMDB na Câmara, o atual líder, Henrique Alves (RN), em campanha pela presidência da Casa, e o vice-presidente da República Michel Temer se afastaram do companheiro, com quem atuaram em total sintonia nos últimos anos. Não pedem votos para Cunha e, ao contrário, temem uma possível divisão da bancada, em caso de vitória do parlamentar fluminense.

Outra preocupação é o fato de a presidente Dilma Rousseff não ter nenhuma simpatia por Eduardo Cunha e olhá-lo com desconfiança. Temer não quer problema com Dilma no momento em que o PMDB tentar garantir a reedição da aliança com o PT na campanha pela reeleição da presidente, em 2014.

Nada disso abalou a disposição de Eduardo Cunha - carioca de 54 anos que está no terceiro mandato e formou sua base no eleitorado evangélico - em comandar a segunda maior bancada da Câmara, atualmente com 78 deputados. Na semana passada, o deputado obteve apoio do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, de quem se aproximou depois de longo tempo de distanciamento, e do prefeito da capital, Eduardo Paes. Os deputados do PMDB do Rio fecharam apoio a Cunha.

Apesar do bom relacionamento de Cabral e Paes com Dilma, governador e prefeito avaliam ser importante um líder do Rio, no momento em que o Estado tem algumas brigas a comprar no Congresso, como o veto presidencial à divisão dos royalties do petróleo e o Fundo de Participação dos Estados (FPE).

Henrique Alves fará campanha nesta quinta-feira no Rio, ao lado de Cunha, Cabral e Paes, anfitriões de um almoço oferecido à bancada fluminense, de 46 deputados. Cunha nega qualquer constrangimento. Lembra que ajudou a criar a candidatura do líder à presidência da Câmara e é natural que peça apoio para Alves.


Telhado de vidro

Com forte atuação de bastidor, sempre alinhado com Temer e Alves, Eduardo Cunha acha que chegou a hora de passar para a linha de frente. Os adversários de sua candidatura argumentam que, além da resistência de Dilma, Cunha tem "telhado de vidro" e, se eleito, vai expor ainda mais o PMDB a possíveis ataques. No Rio, Cunha enfrentou três inquéritos no Tribunal de Contas do Estado (TCE), que investigou supostas irregularidades quando o deputado presidiu a Companhia de Habitação do Estado do Rio de Janeiro (Cehab), entre 1999 e 2000. Os inquéritos foram arquivados. O parlamentar é alvo de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga suposto tráfico de influência em favor de um ex-diretor da Refinaria de Manguinhos. Cunha nega qualquer ação ilegal. "Esse inquérito no Supremo está parado. Não sou réu em processo algum, nada", diz Cunha.

A contrariedade de Cunha com Dilma começou quando a presidente decidiu mudar radicalmente o comando de Furnas Centrais Elétricas e retirou os indicados do deputado peemedebista. Cunha diz que não tinha interesse pessoal nos cargos e apenas acompanhava os pleitos do PMDB do Rio. O episódio, garante, não terá influência em sua atuação como líder, se for eleito. Também não mostra disposição em seguir cegamente a cartilha do governo. "Fui artífice da aliança do PMDB com o PT, fiz campanha, ninguém pode reclamar de mim. Não estou aqui para brigar com o governo nem para ser capacho do governo", diz Cunha.

Para reforçar os votos em Cunha, dois secretários do prefeito Eduardo Paes, os deputados Pedro Paulo e Rodrigo Bethlem, deverão retomar os mandatos parlamentares no período de eleição do presidente da Câmara e do líder da bancada. Com isso, o PMDB do Rio passa de oito para nove deputados, já que um dos suplentes é do PSC, e o partido chega a 79 deputados. Pedro Paulo e Bethlem deverão ser exonerados da prefeitura e depois readmitidos.


Torcida do governo

Cunha disputa a liderança com Sandro Mabel (GO) e Osmar Terra (RS). Mabel volta ao PMDB depois de passar pelos antigos PFL e PL e pelo PR. Em 2011, enfrentou o petista Marco Maia (RS), vitorioso, na disputa pela presidência da Câmara. Osmar Terra é próximo do tucano José Serra e em 2010 foi um dos líderes da campanha presidencial do PSDB no Sul. "O governo não ter por que preferir o Sandro ou o Osmar. Com qualquer um que ganhe, o governo terá que conversar com igualdade", diz Eduardo Cunha.

Com a torcida discreta do governo, Mabel, que foi líder do PR, procura mostrar independência: "Eu dizia ao ex-presidente Lula que, entre ele e a bancada, fico com a bancada. Não tenho rabo preso com o governo, mostrei coragem quando fui candidato a presidente da Câmara".

Na última sexta-feira (12), a contabilidade de Mabel e de Cunha era a mesma: cada um acreditava ter 38 votos garantidos. Para vencer no primeiro turno, são necessários pelo menos 40 votos. "Todo candidato tem ilusão de ótica na política", brinca Osmar Terra. "Tem gente confundindo gentileza com apoio. Eles (Cunha e Mabel) tentam polarizar e canibalizar meus possíveis votos", diz o gaúcho. Terra defende que o PMDB esteja à frente de "uma discussão nacional, política, e não só no toma-lá-dá-cá".

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