Câmara de São Bernardo rejeita contas da gestão de Luiz Marinho
Plenário dos vereadores contrariou o parecer do Tribunal de Contas do Estado, que aponta a regularidade das contas no período
Estadão Conteúdo
Publicado em 21 de junho de 2018 às 10h17.
São Paulo - A Câmara Municipal de São Bernardo do Campo rejeitou nesta quarta-feira, 20, as contas de 2015 da prefeitura, quando estava sob a gestão do petista Luiz Marinho, pré-candidato ao governo do Estado.
O plenário dos vereadores contrariou o parecer do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que aponta a regularidade das contas no período, e o relatório da Comissão Mista da Câmara Municipal, que acolheu o parecer favorável do TCE.
Esta foi a primeira vez que as contas do município foram rejeitadas. O petista governou a cidade de 2009 a 2016, quando foi substituído pelo atual prefeito, Orlando Morando (PSDB).
Apesar de a Lei da Ficha limpa determinar que condenados por improbidade administrativa fiquem inelegíveis, isso não ocorre automaticamente. "É importante ressaltar que a Câmara deve também decidir que houve irregularidade insanável para que configure ato doloso de improbidade administrativa e só assim ele ficará inelegível", disse o especialista em Direito Eleitoral Daniel Falcão.
A decisão deve ser publicada nesta quinta-feira, 21, e tem prazo de três dias para seguir para o Ministério Público. Segundo o líder do governo na Câmara, Ramon Ramos (PDT), vai constar no documento que houve "irregularidade insanável".
Caso a previsão se confirme, Marinho terá dois caminhos para garantir sua candidatura. Primeiro, segundo o especialista em Direito Eleitoral Alberto Rollo, o petista poderá alegar na Justiça comum que houve perseguição política ou que os vereadores não seguiram as normas e pedir uma liminar.
"Munido desta liminar, ele garante o registro de sua candidatura e vai discutir com o Tribunal Regional Eleitoral sua defesa", disse Rollo. O registro vai de 15 de agosto a 17 de setembro.
"Escusos interesses"
Por meio de nota, o ex-prefeito disse que vai recorrer e chamou a decisão dos vereadores de "um ato eminentemente político". "Foi um ato eminentemente político, uma manobra, atendendo aos mais escusos interesses", afirma o texto.
O placar do plenário foi de 19 contra cinco (todos do PT), pela rejeição do parecer. Marinho contesta o fato de que vereadores da Comissão Mista, que acompanharam inicialmente o parecer do TCE, mudaram de voto no plenário da Casa. Um desses foi Ramos.
"Quando chegou à comissão, fizemos uma avaliação superficial. Depois disso, foi apresentado a delação do Léo Pinheiro (ex-presidente da OAS). É uma delação, mas deixa grande dúvida. Aí vimos com outro olhar", disse o líder do governo. Marinho foi citado na colaboração do executivo, que acusou o petista de fraude em licitação para favorecer o consórcio do qual a OAS fazia parte. Ele nega as acusações. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.