Brasília - A Secretaria-Geral da Mesa da Câmara decidiu arquivar o pedido protocolado, na semana passada, pelo PSOL para que fosse aberta uma investigação sobre os fatos envolvendo o vice-presidente da Casa, deputado André Vargas (PT/PR), e o doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato da Polícia Federal.
De acordo com a assessoria da Mesa, a decisão foi motivada por requisitos regimentais, com falta de detalhamento no ofício entregue pelo partido, e não indica qualquer indisposição da Casa em averiguar os fatos.
O PSOL informou que vai refazer o pedido, mas ainda não definiu em que formato o novo documento será entregue. Na tarde de hoje (7) parlamentares da legenda vão definir se reapresentarão um ofício com mais detalhes sobre as investigações ou uma representação com argumentos e provas para que a Corregedoria da Casa comece a investigar o caso.
O PPS, PSDB e o Democratas também sinalizaram que vão protocolar representação no Conselho de Ética da Câmara contra Vargas por quebra de decoro parlamentar.
Uma reportagem do Jornal Folha de S.Paulo, publicada na semana passada, diz que Vargas usou um avião do empresário para uma viagem a João Pessoa.
Segundo o jornal, o empréstimo da aeronave foi discutido entre os dois por mensagem de texto no início de janeiro.
O parlamentar explicou, por nota, que é amigo de Youssef e negou envolvimento com os negócios do doleiro.
No discurso em plenário no último dia 2, Vargas voltou a negar envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, mas reportagem da Revista Veja desta semana revelou novos fatos com a divulgação de mensagens interceptadas pela Polícia Federal em que Vargas promete ajudar Youssef em contratos que o doleiro pretendia fechar com o governo federal na área da Saúde.
As investigações apontam suspeitas de que Yousseff e Vargas sejam sócios no Laboratório Labogen e que o parlamentar usou jatinho particular pago pelo doleiro em janeiro deste ano para uma viagem particular.
A Operação Lava Jato foi deflagrada no último dia 17, em seis estados e no Distrito Federal. Mais de 20 pessoas foram presas suspeitas de participar do esquema de lavagem de dinheiro que, segundo o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), movimentou mais de R$ 10 bilhões.
Um dos presos foi o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa.
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1. Políticos voam em jatos e helicópteros
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1/9 (Divulgação)
São Paulo - Vários casos de políticos que viajaram em jatos particulares vieram à tona neste ano. No centro do debate está o conflito de interesses que esse tipo de carona pode gerar. Há políticos, como o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, que são amigos de empresários e não veem nenhum problema nesses relacionamentos. Os novos casos revelados envolvem os nomes de Paulo Bernardo e Wagner Rossi. Já o flagrante envolvendo José Sarney é um pouco diferente. O presidente do Senado utilizou um helicóptero da Polícia Militar do Maranhão. Relembre, nas próximas páginas, os casos mais recentes que envolveram políticos.
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2. José Sarney pegou carona em helicóptero da PM
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2/9 (José Cruz/ABr)
São Paulo - O presidente do Senado, José Sarney, usou uma aeronave da Polícia Militar do Maranhão para fazer dois passeios particulares neste ano, segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo. Segundo o jornal, o político usou o helicóptero para viajar até a ilha de Curupu, onde tem uma casa, acompanhado por um empresário que tem contratos milionários no estado. A Folha afirma que o senador chegou a atrasar o atendimento de um homem com traumatismo craniano socorrido pela PM para utilizar o helicóptero da corporação. A assessoria de José Sarney informou que o senador tem "direito a transporte de representação em todo o território nacional", e que Sarney viajou na aeronave através de convite da governadora do estado, Roseana Sarney, que é sua filha.
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3. Paulo Bernardo não se lembra dos proprietários dos aviões
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3/9 (Antonio Cruz/ABr)
São Paulo - Segundo a revista "Época", parlamentares disseram ter visto o ministro Paulo Bernardo utilizando um avião da empreiteira Sanches Tripoloni, que tem obras com o governo federal, durante as eleições do ano passado. Na ocasião, Bernardo era ministro do Planejamento no governo Lula e auxiliava a campanha da esposa Gleisi Hoffmann ao Senado. O atual ministro das Comunicações disse neste semana, em nota, que utilizou aeronaves de "várias empresas" durante a campanha eleitoral de 2010, mas não se lembra dos "prefixos e tipos, ou proprietários dos aviões".
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4. Wagner Rossi usou jatinho da Ourofino
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4/9 (Antonio Cruz/Agência Brasil)
São Paulo - O então ministro da Agricultura Wagner Rossi admitu ter usado avião da Ourofino Agronegócio em duas viagens em 2010. A empresa, segundo o jornal "Correio Braziliense", tinha interesses no ministério e ligações com o ministro e sua família. O episódio, somado a denúncias de irregularidades na pasta, levou Rossi a renunciar ao cargo.
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5. Sérgio Cabral utilizou Legacy de Eike Batista
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5/9 (Valter Campanato/Agência Brasil)
São Paulo - Em junho deste ano, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), viajou na aeronave de Eike Batista até Porto Seguro (BA) para a festa de aniversário do empresário Fernando Cavendish, dono da Delta Engenharia. O caso veio a público por causa do acidente com um helicóptero que transportava passageiros do aeroporto para o local da festa, em um resort em Trancoso. A namorada do filho de Cabral, Mariana Noleto, de 20 anos, é uma das sete pessoas que morreram. Deputados estaduais do Rio de Janeiro estão cobrando explicações ao governador Sérgio Cabral, que concedeu benefícios fiscais às empresas do grupo EBX. Na eleição do ano passado, Eike Fuhrken Batista doou, como pessoa física, R$ 750 mil reais à campanha de reeleição de Cabral.
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6. Aécio Neves utilizou jato na campanha
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6/9 (Veja)
São Paulo - Os ex-governador de Minas Gerais e atual senador pelo PSDB, Aécio Neves, usou um jato da Banjet Táxi Aéreo durante a campanha ao Senado na última eleição. A empresa tem como sócio Oswaldo Borges da Costa, nomeado por Aécio para presidir a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas.
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7. Cid Gomes voou em jato do empresário Grendene
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7/9 (Talita Rocha)
São Paulo - O governador do Ceará, Cid Gomes, já se envolveu em pelo menos duas polêmicas por causa de viagens em aeronaves cedidas por empresários. O caso mais recente aconteceu em janeiro deste ano quando foi aos Estados Unidos a bordo de um jato de Alexandre Grendene para passar uma semana de férias. O executivo é dono de uma das maiores fábricas de calçados do Brasil e possui três unidades no Ceará, onde recebe incentivos fiscais. A Grendene doou cerca de R$ 1 milhão de reais para a campanha à reeleição do governador. Como pessoa física, o empresário ainda doou R$ 300 mil reais para Patrícia Saboya, ex-mulher de Ciro Gomes (PSB), se eleger deputada estadual. A outra polêmica aconteceu durante a campanha à reeleição, quando Cid Gomes foi acusado pelos opositores de viajar com a família para Nova York numa aeronave da Construtora CHC.
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8. Jaques Wagner viajou em avião de bilionário da mineração
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8/9 (Agência Brasil)
São Paulo - Durante campanha à reeleição, no ano passado, o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), utilizou um avião do empresário João Carlos Cavalcanti, bilionário do setor de mineração. Cavalcanti, que tem negócios no interior da Bahia e é muito ligado ao governador, anunciou em maio deste ano a sua decisão de filiar-se ao PT.
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9. Beto Richa viajou em helicóptero particular para SP
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9/9 (Divulgação)
São Paulo - No dia 4 de maio deste ano, o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), utilizou um helicóptero particular para ir a São Paulo participar de uma reunião com executivos do banco de investimentos BTG Pactual e fazer exames médicos no Hospital Albert Einstein. O caso veio a público após a aeronave Bel 206 Jet Ranger, prefixo PP-JFR, fazer um pouso forçado no aeroporto Campo de Marte por causa de uma pane elétrica. Na ocasião, a assessoria de impensa do governador não esclareceu quem pagou pelo frete do helicóptero.