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Câmara aprova urgência para reforma trabalhista

A reforma é tida como prioritária para o governo, e pode ser votada na próxima semana

Câmara: o requerimento foi aprovado com 287 votos a favor, 30 a mais que o mínimo necessário (Wilson Dias/Agência Brasil)

Câmara: o requerimento foi aprovado com 287 votos a favor, 30 a mais que o mínimo necessário (Wilson Dias/Agência Brasil)

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Reuters

Publicado em 19 de abril de 2017 às 19h54.

Última atualização em 19 de abril de 2017 às 22h54.

Brasília - Depois de ter sido derrotado na tentativa de aprovar a urgência para votação da reforma trabalhista na terça-feira, o Palácio do Planalto reagiu e pressionou a base para reverter nesta quarta-feira o resultado e tentar refazer a péssima imagem deixada pela derrota em plenário.

O dia foi de reuniões e telefonemas no Planalto, com o próprio presidente Michel Temer entrando nas conversas, assim como os ministros políticos da Casa.

"O dia foi de aperto. Muita conversa dura, muita cobrança, por telefone e pessoalmente", disse à Reuters uma fonte palaciana.

Na terça-feira, ao tentar aprovar a urgência, o governo teve apenas 230 votos, quando precisava de 257. A derrota foi ajudada com um número significativo de votos de parlamentares da base, incluindo oito peemedebistas. Nesta quarta, o dia foi de "discutir a relação".

"Governo resolveu mudar a postura e cobrar mais responsabilidade dos membros da base. Estava tudo meio solto. Agora, aplausos para quem vier com a gente. Quem não vem, vai ter consequências", disse à Reuters um parlamentar com livre trânsito no Planalto.

A avaliação do governo era de que a reversão da derrota de terça-feira precisava ser imediata. Uma segunda derrota ou mesmo a retirada de pauta da urgência esta noite traria a ideia de que o governo não teria nenhuma condição de aprovar não apenas a reforma trabalhista --que precisa de apenas 257 votos-- mas muito menos a Previdenciária, onde são necessários 308.

"Ontem (terça-feira) foi um bundalelê geral. Cada um fez o que quis. Mas foi bom porque mobilizou todo mundo. Deixou claro que não dá para achar que está tudo resolvido", disse um líder da base.

De acordo com uma das fontes, o governo passou o dia com o mapa de votações em mãos. Em alguns casos, foi uma cobrança dura e simples de lealdade ao governo, Em outros, passou pela promessa de solução de problemas, como nomeações e emendas, que revelavam a insatisfação de alguns parlamentares.

Em votação de outro requerimento para urgência da reforma nesta noite, o governo obteve 287 votos, 57 a mais do que no dia anterior, e 30 a mais do que o mínimo necessário, mas ainda bem abaixo dos 308 exigidos para aprovação da Proposta de Emenda à Constituição da reforma previdenciária.

No entanto, o Planalto faz uma conta para mostrar que tem votos favoráveis para a Previdência, tratado como a mãe de todas as reformas: 70 por cento dos deputados presentes votaram com o governo. Ampliado para os 513 parlamentares, seriam 340.

"O tamanho da oposição não muda. Seria mais do que suficiente para a Previdência. A base voltou", disse uma das fontes.

Em um briefing depois da votação, o porta-voz da Presidência, Alexandre Parola, ressaltou os 70 por cento de apoio.

"O resultado obtido na votação, 287 votos favoráveis, traduz uma ampla maioria e um firme apoio do Congresso", disse. "A aprovação da urgência indica uma sintonia entre o Executivo, o Legislativo e a sociedade brasileira em torno da necessidade de aprimoramento dos marcos que regem as relações de trabalho em uma economia que volta a crescer."

A aprovação da urgência permite que a reforma trabalhista seja votada na Comissão Especial na terça-feira, sem esperar o fim do prazo de apresentação de emendas, e no plenário da Câmara já na quarta-feira.

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