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Calorão estressa até o sistema elétrico do país

O calor intenso aumenta o consumo de energia e coloca pressão sobre a rede de distribuição de carga e transmissão, o que pode provocar oscilações no fornecimento


	Pressão: na última sexta (10), a demanda instantânea de energia atingiu recorde de 79.962 MW
 (Bruno Vincent/Getty Images)

Pressão: na última sexta (10), a demanda instantânea de energia atingiu recorde de 79.962 MW (Bruno Vincent/Getty Images)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 15 de janeiro de 2014 às 16h22.

São Paulo - As altas temperaturas deste verão não estão tirando apenas o sono dos brasileiros. O sistema elétrico nacional também sente o baque. O calor intenso aumenta o consumo de energia elétrica e coloca pressão sobre a rede de distribuição de carga e transmissão, o que pode causar oscilações no fornecimento de energia.

Na última sexta-feira (10), a demanda instantânea de energia atingiu recorde histórico de 79.962 MW à 14h39m. Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), as altas temperaturas observadas no país foram o principal motivo, com máximas acima de 30ºC em todas as capitais.

O pico de consumo de energia superou o recorde registrado em 4 de dezembro do ano passado, quando a ageração alcançou 79.924MW. Veja abaixo o gráfico com histórico mensal, nos últimos três anos, das demandas máximas instantâneas.

Gráfico de demandas Instantâneas Máximas (MW), feito pela ONS

Perigo

Solicitações extremas, como a registrada na sexta, aumentam a pressão sobre o sistema de geração e transmissão, que têm de estar preparados. No momento, o que mais preocupa os especialistas não é tanto a capacidade de geração, mas sim a de transmissão.

De acordo com Nivalde de Castro, coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), falhas técnicas causadas pelo calor podem gerar oscilações pontuais no fornecimento de energia.

“O calor muito forte pode ionizar o ar e dar condução da corrente para a terra, provocando pequenos curtos circuitos e o desligamento automático de subestações”, explica.

É o que teria acontecido em Maçambará, no oeste do Estado do Rio Grande do Sul, em dezembro. Segundo a ONS, o procedimento é adotado para evitar transtornos mais graves, com uma queda geral de energia.

Reservatórios

Segundo o especialista, o sistema tem condições de atender ao forte aumento da demanda, e se necessário o governo recorrerá a mais usinas termelétricas para preservar os reservatórios das hidrelétricas, como vem ocorrendo.

No fim do ano passado, os reservatórios das usinas hidrelétricas tiveram uma ligeira melhora, com as fortes chuvas que caíram nas cabeceiras dos rios.

No dia 12, os reservatórios das usinas das regiões Sudeste e Centro-Oeste estavam em 41,96%. Na Região Nordeste, o nível era de 39,26%. Na Região Norte, o nível estava em 52,92% e na Sul, 59,86%.

O desafio agora é “desestressar” o sistema e torná-lo forte para aguentar os picos de demanda que prometem se tornar mais constantes, seja pelo aumento na temperatura, seja pelos eventos de grande porte que atrairão milhões de pessoas, como a Copa e as Olimpíadas.

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