Brasil

Cai qualidade da refeição feita em casa, afirma IBGE

Segundo pesquisa do IBGE, o brasileiro diminuiu drasticamente a compra de itens básicos, como arroz, feijão e açúcar, em sua alimentação

A aquisição do feijão para consumo em casa teve redução de quase 50% (ARQUIVO/WIKIMEDIA COMMONS/Wikimedia Commons)

A aquisição do feijão para consumo em casa teve redução de quase 50% (ARQUIVO/WIKIMEDIA COMMONS/Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 16 de dezembro de 2010 às 10h33.

Rio de Janeiro - O brasileiro está comendo mal em casa. As frutas e verduras, que deveriam corresponder a uma proporção entre 9% e 12% das calorias diárias ingeridas, representam 2,8%. Já os alimentos essencialmente calóricos (óleos e gorduras vegetais, gordura animal, açúcar de mesa e refrigerantes), atingem 28% das calorias consumidas.

Entre os 20% mais ricos, o consumo desses alimentos ultrapassa a proporção recomendada por nutricionistas, que é de 30%, e alcança 31,8%. Os dados fazem parte do levantamento Avaliação Nutricional da Disponibilidade Domiciliar de Alimentos no Brasil, feito por pesquisadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com base na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009.

Para chegar a essas informações, os pesquisadores avaliaram apenas os alimentos disponíveis nas residências. E ressalvam que comparando-se com a POF anterior, de 2002-2003, a despesa com alimentação fora de casa saltou de 24,1% para 31,1% - crescimento de sete pontos porcentuais. Entre uma pesquisa e outra, a disponibilidade média per capita de alimentos passou de 1.791 calorias diárias para 1.611 calorias diárias, mas a diferença pode ser atribuída à troca de alimentos consumidos fora do domicílio.

Segundo o trabalho, o brasileiro diminuiu drasticamente a compra de itens básicos, como arroz, feijão e açúcar, em sua alimentação. De 1975 para 2009, o arroz polido teve redução de 60% na quantidade anual per capita adquirida - de 31,6 quilos para 12,6 quilos, quando se analisa as regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre e Brasília.

A aquisição do feijão para consumo em casa caiu de 14,7 quilos anuais para 7,4 quilos (redução de 49%). Já o açúcar caiu de 15 8 quilos para 3,3 quilos (menos 79%). O refrigerante de guaraná subiu de 1,3 quilos anuais para 6 quilos. Essa comparação histórica é possível porque são levados em consideração dados do Estudo Nacional de Despesa Familiar (1974-1975). Comparações com pesquisas mais recentes mostram que essa queda se acentuou mais recentemente. De 2002-2003 para 2008-2009, a aquisição anual de arroz polido caiu 40,5%, a de feijão, 26,4% e a aquisição do açúcar refinado, 48,3%.


Comida artificial

Nesse mesmo período, subiu o consumo de alimentos preparados e misturas industriais (o que não era computado no Estudo Nacional dos anos 70). Hoje a média nacional está em 3,5 quilos anuais, alcançando 8,3 quilos entre os 20% mais ricos. Entre os 20% mais pobres, o consumo desse tipo de alimento corresponde a 2,1% das calorias consumidas diariamente. Já entre os 20% mais ricos, as refeições prontas correspondem a 8,3% das calorias ingeridas. O brasileiro também aumentou a compra de refrigerante fabricado à base de cola (39,3%), água mineral (27,5%) e cerveja (23,2%).

No carrinho do supermercado, bebidas e infusões são os itens mais adquiridos - a média domiciliar per capita é de 50,7 quilos seguido por laticínios (43,7 quilos). Só então entram os cereais e leguminosas (39 quilos), frutas (28,9 quilos), hortaliças (27,1 quilos) e carnes (25,4 quilos). A média da aquisição na área urbana é maior do que na rural para bebidas e infusões (55,2 quilos ante 28,9 quilos) e frutas (30,3 quilos ante 21,9 quilos). Mas a situação se inverte no grupo de cereais e leguminosas (62,5 quilos na região rural ante 34,1 quilos na região urbana), e carnes (29,6 quilos ante 24,6 quilos).

A forma de aquisição é predominantemente monetária. Mas na região rural a forma não monetária (doação, produção própria, pesca) é maior na aquisição de laticínios e pescados. Leite e derivados, frutas, verduras e legumes, gordura animal, bebidas alcoólicas e refeições prontas são mais consumidos pelas classes com maior rendimento. A diferença pode chegar a 799% no caso de bebidas alcoólicas (19,2 quilos contra 2,1 quilos).

O consumo de alimentos preparados é 514% maior entre os 20% mais ricos em comparação com os 20% mais pobres (8,4 quilos contra 1 4 quilo). O mesmo ocorre com bebidas não alcoólicas (401%), iogurtes (379%), frutas (316%), leite de vaca pasteurizado (246%). Apenas arroz e feijão foram mais adquiridos por aqueles com menor renda. Quem ganhava até R$ 830, adquiriu 27,6 quilos de arroz e 10,3 quilos de feijão. Os que têm renda acima de R$ 6.225 compraram 18,6 quilos e 7,3 quilos respectivamente.

O estudo do IBGE também constatou que a Região Sul do País tem a despensa mais farta. A aquisição anual per capita de carnes (35 7 quilos), laticínios (67,4 quilos), bebidas e infusões (64,1 quilos), hortaliças (38,6 quilos), frutas (36,5 quilos) e alimentos preparados e misturas industriais (4,8 quilos) está acima das respectivas médias nacionais e de outras regiões. Para os pesquisadores, esta diferença pode ser explicada pelo hábito cultural, com aquisições mais frequentes e localização do domicílio próxima da área de trabalho - as pessoas vão em casa para almoçar.

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