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Cabral não tem provas sobre votos para Rio-2016, diz advogado de Nuzman

Defesa do ex-presidente do COB afirmou que caso a negociação fosse comprovada "seria corrupção privada, não considerada crime no Brasil"

Carlos Arthur Nuzman: foi responsável pelo Comitê Rio 2016 (Fernando Frazão/Agência Brasil)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 4 de julho de 2019 às 21h30.

Última atualização em 4 de julho de 2019 às 21h43.

O advogado de Carlos Arthur Nuzman , João Francisco Neto, afirmou nesta quinta-feira (4) que Sérgio Cabral não tem provas de que houve compra de votos e que "se tivesse havido, seria corrupção privada, não considerada crime no Brasil". O ex-governador do Rio de Janeiro disse à Justiça Federal no Rio que comprou por US$ 2 milhões (cerca de R$ 7,67 milhões, no câmbio atual) os votos de nove integrantes do Comitê Olímpico Internacional (COI) para garantir que o Rio fosse escolhido sede da Olimpíada de 2016.

Segundo Cabral, a negociação foi feita com o senegalês Lamine Diack, presidente da Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF) de 1999 a 2015, e um dos votos comprados foi do ex-nadador russo Alexander Popov, dono de quatro medalhas de ouro nas Olimpíadas de 1992 e 1996.

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Citado nas declarações, Nuzman afirmou, através do seu advogado, que "não recebeu qualquer valor à guisa de propina e não teve qualquer benefício pessoal em razão das obras realizadas (para o Rio sediar a Olimpíada)".

"Cabral rechaçou denúncia ao dizer que Nuzman não integrou sua organização criminosa, jamais recebeu vantagem indevida em razão da Olimpíada e nunca esteve envolvido com esquemas em obras públicas", completou Francisco Neto.

Cabral é um dos réus em uma ação que tramita na 7ª Vara Federal Criminal, no Rio, e investiga se houve compra de votos para eleger o Rio sede da Olimpíada. A investigação teve origem na Operação Unfair Play, que em outubro de 2017 prendeu o presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e do Comitê Rio-2016, Carlos Arthur Nuzman, e Leonardo Gryner, ex-diretor de marketing do COB e de comunicação e marketing do Comitê Rio-2016.

Além dos dois e de Cabral, é réu na ação o empresário Arthur Soares Filho, conhecido como "Rei Arthur", que manteve contratos milionários com o governo do Rio nas gestões de Cabral. Ele está foragido. A investigação brasileira sobre compra de votos para a Olimpíada foi motivada por um pedido feito no fim de 2016 pelo Ministério Público francês, que, durante investigação sobre doping no atletismo, encontrou indícios de corrupção na candidatura do Rio.

Em nota, a defesa de Leonardo Gryner afirmou que "ficou claro que Cabral falta com a verdade e não apresenta qualquer prova de seus relatos, mantendo-se íntegra a prova produzida na instrução criminal, que isenta Leonardo Gryner de qualquer responsabilidade. Se houve compra de votos, ele não participou".

O ex-prefeito Eduardo Paes afirmou que "como ele (Cabral) disse, não participei de compra de voto nenhuma e também não fui informado disso. Essas conversas eu nem tenho. Tanto é assim que pelo que conta o ex-governador, Nuzman procurou somente a ele para tratar desse tema. Não teria coragem para tratar comigo".

Em seu depoimento, Cabral também disse que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve conhecimento sobre a compra de votos. A assessoria de Lula, por sua vez, afirmou que "é inverídica e sem provas" a referência feita por Cabral ao ex-presidente.

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