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Brasil vê situação na Venezuela com pessimismo

O Brasil vê com pessimismo a situação política e prevê um endurecimento ainda maior nas relações entre o governo e a Assembleia Nacional, segundo fontes

Dilma Rousseff: segundo fontes, o Brasil já enviou sinais a Caracas de que não poderá contar com apoio brasileiro em caso de transgressão das regras democráticas (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 6 de janeiro de 2016 às 21h40.

Brasília - O Brasil vê com crescente pessimismo a situação política na Venezuela e prevê um endurecimento ainda maior nas relações entre o governo do presidente Nicolás Maduro e a Assembleia Nacional, majoritariamente oposicionista, mas já enviou sinais a Caracas de que não poderá contar com apoio brasileiro em caso de transgressão das regras democráticas, informaram à Reuters duas fontes governistas.

A nota divulgada na última terça-feira pelo Ministério das Relações Exteriores deu o tom do tratamento que o Palácio do Planalto pretende dar à situação na Venezuela. Normalmente suave na tratativa com os vizinhos sul-americanos, o governo brasileiro disse na nota que “não há lugar na América do Sul do século 21 para soluções políticas fora da institucionalidade e do mais absoluto respeito à democracia”.

O Brasil vem endurecendo as cobranças ao governo de Maduro e divulgou a nota sobre o país vizinho no mesmo dia em que deputados governistas tumultuaram a instalação da nova Assembleia.

Segundo as fontes governistas, o Planalto espera que o recado chegue aos ouvidos de Maduro, mas não descarta o envio de novos emissários ao país vizinho --possivelmente o assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia-- caso julgue necessário.

Nos últimos meses, o governo brasileiro procurou se afastar da impressão de que daria qualquer apoio a atitudes pouco democráticas do governo venezuelano. Mesmo o discurso da presidente Dilma Rousseff na última reunião de Mercosul, interpretado como conciliador, foi tratado pelo Planalto como um aviso de que o Brasil espera o respeito ao resultado das eleições na Venezuela, que deram à oposição a maioria no Legislativo do país.

A análise de diplomatas brasileiros é de que Maduro está em uma situação muito complicada e com pouca margem de manobra, especialmente porque não há interesse entre os oposicionistas em negociar nenhum tipo de trégua com o governo. E, com a maioria da oposição na Assembleia, a possibilidade de que o presidente seja afastado legalmente é real.

O temor no governo brasileiro, disse à Reuters um dos diplomatas, é que o presidente venezuelano resista a entregar o cargo caso perca um eventual referendo para revogar seu mandato. Qualquer quebra nos processos democráticos obrigará o Mercosul e a União das Nações Sul-Americanas (Unasul) a agirem. Hoje, o apoio a Maduro em qualquer uma das entidades é mínimo.

Mesmo dentro do Itamaraty, sempre dado à conciliação, a paciência com o governo venezuelano está no fim, disse um dos diplomatas ouvidos pela Reuters. A análise é que o governo de Maduro pouco fez para merecer as tentativas brasileiras de ajudar o país.

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A nota divulgada na última terça-feira pelo Ministério das Relações Exteriores deu o tom do tratamento que o Palácio do Planalto pretende dar à situação na Venezuela. Normalmente suave na tratativa com os vizinhos sul-americanos, o governo brasileiro disse na nota que “não há lugar na América do Sul do século 21 para soluções políticas fora da institucionalidade e do mais absoluto respeito à democracia”.

O Brasil vem endurecendo as cobranças ao governo de Maduro e divulgou a nota sobre o país vizinho no mesmo dia em que deputados governistas tumultuaram a instalação da nova Assembleia.

Segundo as fontes governistas, o Planalto espera que o recado chegue aos ouvidos de Maduro, mas não descarta o envio de novos emissários ao país vizinho --possivelmente o assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia-- caso julgue necessário.

Nos últimos meses, o governo brasileiro procurou se afastar da impressão de que daria qualquer apoio a atitudes pouco democráticas do governo venezuelano. Mesmo o discurso da presidente Dilma Rousseff na última reunião de Mercosul, interpretado como conciliador, foi tratado pelo Planalto como um aviso de que o Brasil espera o respeito ao resultado das eleições na Venezuela, que deram à oposição a maioria no Legislativo do país.

A análise de diplomatas brasileiros é de que Maduro está em uma situação muito complicada e com pouca margem de manobra, especialmente porque não há interesse entre os oposicionistas em negociar nenhum tipo de trégua com o governo. E, com a maioria da oposição na Assembleia, a possibilidade de que o presidente seja afastado legalmente é real.

O temor no governo brasileiro, disse à Reuters um dos diplomatas, é que o presidente venezuelano resista a entregar o cargo caso perca um eventual referendo para revogar seu mandato. Qualquer quebra nos processos democráticos obrigará o Mercosul e a União das Nações Sul-Americanas (Unasul) a agirem. Hoje, o apoio a Maduro em qualquer uma das entidades é mínimo.

Mesmo dentro do Itamaraty, sempre dado à conciliação, a paciência com o governo venezuelano está no fim, disse um dos diplomatas ouvidos pela Reuters. A análise é que o governo de Maduro pouco fez para merecer as tentativas brasileiras de ajudar o país.

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