Brasil: um modelo de luta contra a Aids
Distribuição de remédios e disputa pelo direito de quebrar as patentes tornaram o país um dos principais exemplos na luta contra a doença no planeta
Da Redação
Publicado em 3 de junho de 2011 às 18h47.
Brasília - Com um programa precoce de distribuição gratuita de medicamentos e o enfrentamento frontal das poderosas companhias farmacêuticas multinacionais, o Brasil se tornou o grande modelo de luta contra a Aids na América Latina e no mundo em desenvolvimento, nos 30 anos de descoberta da doença.
"Quando nenhum país havia tomado esta decisão, o Brasil se tornou, em 1996, o primeiro país em desenvolvimento a oferecer a terapia pública e para todas as pessoas" infectadas, disse à AFP o coordenador no Brasil do programa OnuAids, Pedro Chequer.
"A expectativa de vida antes da introdução da terapia era de 5,8 meses; com a terapia, passou a 58 meses e hoje temos muitas pessoas que estão há mais de 20 anos convivendo com o HIV", disse à AFP Eduardo Barbosa, diretor adjunto do programa brasileiro contra a Aids, que acaba de completar 25 anos.
O Brasil assumiu um papel preponderante no enfrentamento dos laboratórios internacionais para baratear os preços dos medicamentos antiAids nos países em desenvolvimento.
"Entre o nosso comércio e a nossa saúde, nós cuidaremos da nossa saúde", afirmou em 2007 o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao confirmar a primeira quebra de patente brasileira do remédio antiAids Efavirenz, do laboratório Merk.
Esta batalha começou em 2001, quando o então ministro da Saúde, o social-democrata José Serra, ameaçou quebrar as patentes dos laboratórios. Após um embate com os Estados Unidos, que ameaçaram levar o Brasil à Organização Mundial do Comércio (OMC), o gigante latino-americano conseguiu uma substancial redução de preços.
O Brasil produz hoje 10 dos 20 medicamentos de tratamento antiAids, que também distribui a países da África e da América Latina, como Bolívia, Paraguai, Nicarágua e Equador. Em 2008, montou uma fábrica de antirretrovirais em Moçambique.
"O modelo brasileiro virou referência porque muito precocemente adotou uma ação integrada de prevenção e tratamento, sem se deixar influenciar pela Igreja ou pela norma moral", disse o coordenador da OnuAids.
País com mais católicos no mundo, o Brasil distribui gratuitamente meio milhão de preservativos ao ano. Sua famosa campanha, "Sem camisinha não tem carnaval", completou 13 anos.
Estima-se que 630.000 pessoas vivam com HIV no Brasil e 210.000 recebem tratamento do Estado. Estima-se que mais de 250.000 não tenham sido diagnosticadas porque nunca se submeteram a um teste, um enorme desafio para o País.
Na região, vários países fizeram avanços cedo na luta contra a Aids, como Uruguai, Argentina, Costa Rica e Cuba, e a América Latina conseguiu, de longe, evitar que a epidemia chegasse aos níveis catastróficos da África.
No entanto, em alguns países, como em boa parte da América Central, "a luta atrasou muito" devido à prevalência do conservadorismo e à forte dominação da Igreja, explicou Chequer.
A América Latina tem hoje 1,6 milhão de soropositivos e 800.000 deles não têm acesso a tratamentos médicos, segundo dados da OnuAids.
"A América Latina promoveu o acesso universal à prevenção, ao tratamento e à atenção, mas ainda há obstáculos para alcançar as metas estabelecidas", afirmou o diretor regional da OnuAids, César Antonio Núñez.
Atualmente, 33,3 milhões de pessoas vivem com HIV no mundo, das quais 22,5 milhões estão na África subsaariana, segundo o programa da ONU. As organizações Act Up e Aides estimam que 70% dos doentes do planeta não tenham acesso aos medicamentos antirretrovirais.
Mais de 60 milhões de pessoas foram contaminadas pelo vírus da Aids, desde a sua descoberta há trinta anos, em 5 de junho de 1981.
Brasília - Com um programa precoce de distribuição gratuita de medicamentos e o enfrentamento frontal das poderosas companhias farmacêuticas multinacionais, o Brasil se tornou o grande modelo de luta contra a Aids na América Latina e no mundo em desenvolvimento, nos 30 anos de descoberta da doença.
"Quando nenhum país havia tomado esta decisão, o Brasil se tornou, em 1996, o primeiro país em desenvolvimento a oferecer a terapia pública e para todas as pessoas" infectadas, disse à AFP o coordenador no Brasil do programa OnuAids, Pedro Chequer.
"A expectativa de vida antes da introdução da terapia era de 5,8 meses; com a terapia, passou a 58 meses e hoje temos muitas pessoas que estão há mais de 20 anos convivendo com o HIV", disse à AFP Eduardo Barbosa, diretor adjunto do programa brasileiro contra a Aids, que acaba de completar 25 anos.
O Brasil assumiu um papel preponderante no enfrentamento dos laboratórios internacionais para baratear os preços dos medicamentos antiAids nos países em desenvolvimento.
"Entre o nosso comércio e a nossa saúde, nós cuidaremos da nossa saúde", afirmou em 2007 o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao confirmar a primeira quebra de patente brasileira do remédio antiAids Efavirenz, do laboratório Merk.
Esta batalha começou em 2001, quando o então ministro da Saúde, o social-democrata José Serra, ameaçou quebrar as patentes dos laboratórios. Após um embate com os Estados Unidos, que ameaçaram levar o Brasil à Organização Mundial do Comércio (OMC), o gigante latino-americano conseguiu uma substancial redução de preços.
O Brasil produz hoje 10 dos 20 medicamentos de tratamento antiAids, que também distribui a países da África e da América Latina, como Bolívia, Paraguai, Nicarágua e Equador. Em 2008, montou uma fábrica de antirretrovirais em Moçambique.
"O modelo brasileiro virou referência porque muito precocemente adotou uma ação integrada de prevenção e tratamento, sem se deixar influenciar pela Igreja ou pela norma moral", disse o coordenador da OnuAids.
País com mais católicos no mundo, o Brasil distribui gratuitamente meio milhão de preservativos ao ano. Sua famosa campanha, "Sem camisinha não tem carnaval", completou 13 anos.
Estima-se que 630.000 pessoas vivam com HIV no Brasil e 210.000 recebem tratamento do Estado. Estima-se que mais de 250.000 não tenham sido diagnosticadas porque nunca se submeteram a um teste, um enorme desafio para o País.
Na região, vários países fizeram avanços cedo na luta contra a Aids, como Uruguai, Argentina, Costa Rica e Cuba, e a América Latina conseguiu, de longe, evitar que a epidemia chegasse aos níveis catastróficos da África.
No entanto, em alguns países, como em boa parte da América Central, "a luta atrasou muito" devido à prevalência do conservadorismo e à forte dominação da Igreja, explicou Chequer.
A América Latina tem hoje 1,6 milhão de soropositivos e 800.000 deles não têm acesso a tratamentos médicos, segundo dados da OnuAids.
"A América Latina promoveu o acesso universal à prevenção, ao tratamento e à atenção, mas ainda há obstáculos para alcançar as metas estabelecidas", afirmou o diretor regional da OnuAids, César Antonio Núñez.
Atualmente, 33,3 milhões de pessoas vivem com HIV no mundo, das quais 22,5 milhões estão na África subsaariana, segundo o programa da ONU. As organizações Act Up e Aides estimam que 70% dos doentes do planeta não tenham acesso aos medicamentos antirretrovirais.
Mais de 60 milhões de pessoas foram contaminadas pelo vírus da Aids, desde a sua descoberta há trinta anos, em 5 de junho de 1981.