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Brasil terá primeiro verão com dengue, chikungunya e zika

Transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, doenças têm sintomas parecidos, não têm tratamento específico e possuem consequências distintas.

Mosquito Aedes aegypti (Thinkstock/AbelBrata)

Mosquito Aedes aegypti (Thinkstock/AbelBrata)

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Da Redação

Publicado em 20 de dezembro de 2015 às 09h20.

Brasília - Pela primeira vez, o verão brasileiro terá circulação de três tipos de vírus transmitidos pelo Aedes aegypti. Dengue, febre chikungunya e zika são doenças com sintomas parecidos, sem tratamento específico e com consequências distintas. Até abril deste ano, não havia casos de zika registrados no Brasil.

Para a coordenadora do Comitê de Virologia Clínica da Sociedade Brasileira de Infectologia, Nancy Bellei, o controle de focos do mosquito será imperativo durante a estação, que começa amanhã (21).

Em entrevista à Agência Brasil, Nancy lembrou que o aumento de casos de infecção pelos três tipos de vírus durante o verão é esperado por causa de características biológicas do Aedes aegypti. Os ovos do mosquito, segundo ela, podem sobreviver por até um ano e, cinco ou seis dias após a primeira chuva, já formam novos insetos. “No verão, chove mais e o clima ajuda, já que a temperatura ideal para o mosquito é entre 30 a 32 graus Celsius”.

Outra dificuldade a ser enfrentada, segundo a infectologista, é a semelhança entre alguns sintomas, que se manifestam de formas distintas em cada quadro. A febre, por exemplo, pode aparecer em todos os casos, mas, na dengue, é mais elevada; na febre chikungunya, dura menos; e, no Zika, é mais baixa. Manchas na pele, segundo ela, são bastante comuns em casos de Zika desde o início da doença e, nas infecções por dengue e chikungunya, quando aparecem, chegam entre o terceiro e o quinto dia.

“A dor de cabeça pode aparecer nos três casos, sendo que, na dengue, é mais intensa. O quadro de mialgia (dores no corpo) também pode se manifestar nas três doenças. Já a articulação inflamada é pior na febre chikungunya e dura até três semanas. Temos também a conjuntivite, que pode aparecer em infecções por chikungunya e Zika, mas por dengue não”, explicou.

As grávidas já eram consideradas grupo de risco para infecções por dengue e agora também são motivo de preocupação para infecções por Zika, diante da relação do vírus com casos de microcefalia. A especialista defendeu a urgência no desenvolvimento de sorologia (detecção do vírus por exame de sangue) para as três doenças, para que se tenha precisão no diagnóstico e melhor acompanhamento de cada quadro.

“Precisamos juntar esforços. Este é o momento pra isso. Devemos recrutar universidades, institutos de pesquisa, fazer uma força tarefa para avançar no diagnóstico dessas doenças. Se a gente não souber quem tem e quem não tem, vamos ficar apenas nas hipóteses e nas suposições”, alertou.

Números

Dados do Ministério da Saúde indicam que, entre janeiro e novembro deste ano, foram notificados 1.566.510 casos de dengue no país. Neste período, o Sudeste registrou o maior número de casos (989.092 casos; 63,1% do total), seguido pelo Nordeste (287.491 casos; 18,4%), Centro-Oeste (206.493 casos; 13,2%), Sul (52.455 casos; 3,3%) e Norte (30.979 casos; 2%). Foram confirmados 828 óbitos por dengue, o que representa um aumento de 79% em comparação com o mesmo período de 2014, quando 463 pessoas morreram de dengue.

Já os casos autóctones de febre chikungunya notificados em 2015 totalizaram 17.765. Destes, 6.784 foram confirmados, sendo 429 por critério laboratorial e 6.355 por critério clínico-epidemiológico. Os demais 9.055 continuam sob investigação. Uma vez caracterizada a transmissão sustentada da doença em uma determinada área, com a confirmação laboratorial dos primeiros casos, a orientação do ministério é que os demais casos sejam confirmados por critério clínico-epidemiológico.

O último boletim do governo sobre vírus Zika indica que, até o dia 12 de dezembro, foram notificados 2.401 casos de microcefalia (quadro relacionado à infecção por Zika em gestantes) em 549 municípios de 20 unidades da federação. Desses, 134 tiveram a relação com o vírus confirmada, 102 foram descartados (não têm relação com o Zika) e 2.165 estão sob investigação.

O balanço mostra ainda que 29 óbitos por microcefalia foram notificados desde o início do ano: um no Ceará, que teve a relação com o Zika confirmada; dois no Rio de Janeiro, onde foi descartada a relação com o Zika; e 26 estão sendo investigados.

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