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Brasil tem dias com maior taxa de crescimento de coronavírus no mundo

Estudo da PUC-Rio analisou 40 países que passaram pela covid-19 e apontou o Brasil entre os dez piores, de acordo com crescimento de casos e letalidade

Brasil: país fechou o dia com 122.000 casos confirmados e 8.022 mortes por covid-19 (Andre Coelho/Bloomberg/Getty Images)

Brasil: país fechou o dia com 122.000 casos confirmados e 8.022 mortes por covid-19 (Andre Coelho/Bloomberg/Getty Images)

Isabela Rovaroto

Isabela Rovaroto

Publicado em 6 de maio de 2020 às 16h55.

Última atualização em 6 de maio de 2020 às 17h23.

O Brasil completou dois meses da epidemia de coronavírus com uma aceleração da taxa de crescimento de novos casos e da letalidade que colocou o país entre os dez piores entre 40 nações analisadas em estudo do Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde (NOIS), da PUC-Rio, chegando a atingir o pior nível mundial em determinados dias.

Em nota técnica divulgada nesta quarta, o NOIS compara a situação do Brasil no seu 53º dia depois de confirmado o 50º caso no país, o chamado D53 — que aconteceu na última segunda-feira — com o mesmo momento da epidemia em outros 40 países. Esses foram escolhidos por já terem chegado neste marco até o dia 4 de maio e, somados, alcançam 81% dos casos de covid-19 no mundo.

A comparação mostra que, em sua maioria, a taxa de crescimento desses países era de 4,3% no 33º dia após a confirmação do 50º caso. Ao chegar no D53, havia caído para 1,6%.

Já no Brasil, onde o primeiro caso de covid-19 foi registrado em 26 de fevereiro, a mesma comparação mostra uma taxa bem maior no 33º dia, de 7,8%, e uma queda muito menor no D53, para 6,7%.

"Ou seja, não houve uma redução significativa, como observada nos demais países. Em todos os 21 dias analisados, o número de casos no Brasil cresceu mais do que a mediana dos países", diz a nota técnica.

A partir do 42º dia, a situação do Brasil se agravou e a taxa de crescimento da epidemia no país passou a ser maior do que em 75% dos países analisados.

"Em alguns dias, por exemplo o 44º (25 de abril) e o 49º (30 de abril), o Brasil foi o país com maior taxa de crescimento", diz o estudo.

No dia 25, o Brasil registrou 5.514 novos casos, na época um recorde de registros de novos casos. Cinco dias depois, novo recorde, com 7.218 novos infectados.

Em mortalidade, a comparação feita pelo NOIS também mostra uma situação negativa para o país.

Os pesquisadores compararam o Brasil com outros 31 países que tinham mais de 50 mortes confirmadas no dia 14 de abril e representavam, em 4 de maio, 92% do total de mortes confirmadas no mundo.

Nesse caso, o Brasil apresentou taxas de crescimento de óbitos superiores a 75% dos países todos os dias do período analisado, e, em vários deles, como 16, 17 e 28 de abril, foi o que teve o maior crescimento.

"Isso mostra um aumento considerável do número de óbitos, caracterizando uma situação extremamente preocupante para o país", diz a nota técnica.

Os pesquisadores mostram ainda que o Brasil saiu da projeção feita inicialmente, em que foram consideradas as trajetórias da epidemia em uma "cesta de países" que passaram pelo coronavírus antes, incluindo Itália, Alemanha, Espanha, França e Irã.

Com base nessa cesta, havia sido feita uma projeção otimista, uma mediana e uma pessimista dos cenários da epidemia no Brasil. De acordo com os dados atuais, o país ultrapassou em muito a trajetória de crescimento prevista no cenário mais pessimista.

Na terça-feira, o Brasil fechou o dia com 114.715 casos confirmados de coronavírus, 7.921 mortes e uma taxa de letalidade de 6,9%.

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