Brasil pode ter 88,3 mil mortes por coronavírus em agosto, projeta Opas
A Organização Pan-Americana da Saúde afirmou que ocorre um "aumento exponencial" dos novos casos de coronavírus no Brasil
Estadão Conteúdo
Publicado em 26 de maio de 2020 às 13h30.
Última atualização em 26 de maio de 2020 às 15h25.
A Organização Pan-Americana da Saúde ( Opas ) afirmou nesta terça-feira, 26 que ocorre um "aumento exponencial" dos novos casos de coronavírus no Brasil, projetando que o número de mortes pode atingir 88,3 mil no início de agosto. O alerta foi feito durante entrevista coletiva com autoridades da Opas, entre elas sua diretora, Carissa Etienne.
"Na América do Sul, estamos particularmente preocupados com o fato de que o número de novos casos reportados na última semana no Brasil foi o mais alto para um período de sete dias desde o início da pandemia", afirmou Etienne no evento virtual. Ela notou que a América Latina já superou a Europa e os Estados Unidos no número de novos casos da doença, nos últimos dias. "Não há dúvida, nossa região (América Latina) tornou-se o epicentro da pandemia da covid-19", ressaltou.
Etienne disse que, segundo os modelos de projeção da Opas, na América do Norte não deve haver mudança substancial no quadro para o coronavírus, embora ela tenha previsto "contínuo avanço no número de casos" no México. Nas Américas como um todo, "os novos casos continuam a aumentar", ressaltou.
Entre os países em que a doença têm avançado, a autoridade citou além do Brasil, Peru, Chile e Venezuela, por exemplo. A Opas notou ainda que Chile e Peru, aliás, têm mais casos proporcionalmente do que o Brasil, levando-se em conta o tamanho das populações.
Cloroquina
Gerente de Incidentes da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Sylvain Aldighieri afirmou que a entidade não tem recomendado o uso da cloroquina nem da hidroxicloroquina, para o tratamento da covid-19. Durante entrevista coletiva virtual da entidade, Aldighieri lembrou que na última semana surgiram artigos científicos em duas publicações importantes, British Medical Journal e The Lancet, mostrando que os medicamentos não seriam eficientes e também aumentariam o risco de arritmias cardíacas.
Aldighieri lembrou que a Organização Mundial de Saúde (OMS) decidiu suspender os testes com hidroxicloroquina em seu ensaio clínico Solidariedade (Solidarity Trial). A OMS afirmou ontem que irá revisar sua postura sobre esse medicamento, à luz das informações já disponíveis nos testes, para anunciar em até duas semanas sua posição sobre ele.
O gerente da Opas lembrou que alguns países, de qualquer modo, têm incluído a hidroxicloroquina em seus estudos contra a covid-19.