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Brasil negocia acordo para permitir retorno de brasileiros da Venezuela

Atualmente, a estimativa é a de que 2.000 brasileiros vivam em Santa Elena — cidade na fronteira com a Venezuela que está fechada

Conflito: neste domingo, a fronteira entre Brasil e Venezuela foi palco de conflitos (Bruno Kelly/Reuters)

Conflito: neste domingo, a fronteira entre Brasil e Venezuela foi palco de conflitos (Bruno Kelly/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 24 de fevereiro de 2019 às 16h20.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2019 às 16h20.

Pacaraima — A situação dos brasileiros que vivem ou fazem turismo na região de fronteira com Venezuela causa apreensão em autoridades nacionais que negociam um acordo para permitir a travessia deles, desde que a passagem oficial foi bloqueada pelo regime do presidente Nicolás Maduro, na última quinta-feira (21).

Oficiais do Exército relataram à reportagem que a diplomacia faz tratativas para conseguir uma permissividade maior.

Segundo os militares, que falaram na condição de anonimato, nesse momento os brasileiros que visitavam o Monte Roraima, cuja entrada passa pela área indígena onde houve um confronto com mortos, estão sendo acolhidos por um vice-cônsul do Brasil em Santa Elena do Uairén, primeira cidade do lado venezuelano.

A estimativa dos oficiais é de que 2.000 brasileiros vivam em Santa Elena. Todo o abastecimento de comida é atualmente provido por Roraima.

"O vice-cônsul do Brasil em Santa Elena (Ewerton Oliveira) está acolhendo esse pessoal até que se sintam seguros", disse o coronel Georges Feres Kanaan, coordenador operacional adjunto da Força Tarefa Logística Humanitária. A expectativa é de que o bloqueio na fronteira seja mais "seletivo".

"As ambulâncias, por exemplo, passam e o vice-cônsul faz a segurança e a proteção desse pessoal e até dele mesmo.", acrescentou.

"A ordem é negociar. Existem muitas pessoa agitando do lado de lá e de cá", disse um servidor do Consulado brasileiro em Santa Elena, que atravessou a fronteira pela estrada bloqueada, com autorização da Guarda Nacional Bolivariana. "O que aconteceu em Santa Elena é inaceitável, mas não é problema nosso, é um problema deles", afirmou, em referência ao confronto interno de ontem, que deixou ao menos três mortos e dezenas de feridos."

Agentes de viagem de Boa Vista que conversaram com a reportagem estimaram em 60 o número de brasileiros que faziam a travessia do Monte Roraima quando a fronteira foi bloqueada, na noite de quinta-feira. Há ainda turistas de outras nacionalidades.

Um grupo deles, com mochilas de caminhada, conseguiu fazer a travessia ontem, por meio de trilhas abertas na mata de savana.

O trajeto dura cerca de 3 horas e é considerado arriscado e ilegal pelas autoridades brasileiras, mas tem sido o único meio chegar ao País. Outros 13 mochileiros deveriam chegar hoje e estão no caminho.

O Brasil ainda possui adido militar em Caracas e uma representação diplomática com um encarregado de negócios. Não há militares, ao menos oficialmente, em Santa Elena, cidade onde antichavistas e as forças bolivarianas entraram em choque ontem.

O senador Chico Rodrigues (DEM-RR) afirmou que a diplomacia brasileira deve estar vigilante e dar proteção.

"Centenas de brasileiros vivem entre Santa Elena e Pacaraima, tem caminhoneiros, tem turistas em passeio no Monte Roraima que estão sem poder retornar o Brasil. É uma hora extremamente importante para o Itamaraty manter a vigilância em relação aos acordos internacionais e proteger os brasileiros que lá estão."

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