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'Brasil não tem vocação imperial', diz assessor sobre Cuba

Assessor especial da presidente Dilma Rousseff para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, respondeu às declarações de Marina Silva

O assessor especial da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia (José Cruz/ABr)
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Da Redação

Publicado em 20 de setembro de 2014 às 10h14.

São Paulo - O assessor especial da presidente Dilma Rousseff para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, afirmou neste sábado, em resposta às declarações da candidata Marina Silva sobre Cuba, que o Brasil não tem uma 'vocação imperial',

'O Brasil não é uma agência de certificação que distribui definições sobre outros países. Respeitamos Cuba, assim como os Estados Unidos, França e a China, por exemplo', declarou para a Agência Efe.

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Em recente entrevista, Marina Silva disse que 'a melhor forma de ajudar o povo cubano é compreender que podem fazer a transição do atual regime para democracia' e que não era necessário cortar relações com a ilha.

A candidata do PSB disse ainda que se for eleita ajudaria por meio da diplomacia a defender valores como os direitos humanos

Garcia, que está no cargo desde o mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que qualquer tentativa de opinar sobre a situação interna de outro país é contrária à posição da diplomacia brasileira.

'Não temos posição de intervir em nenhum país do mundo e respeitamos o princípio da autodeterminação. Isto fundamentou nossa relação na América Latina e no Caribe. Os rumos do Estado cubano serão tomados exclusivamente pelos próprios cubanos', afirmou Garcia, que já foi presidente do PT.

O atual governo financia a modernização do Porto de Mariel, em Cuba, por um valor de US$ 957 milhões, a maior parte por meio de empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O investimento é apontado como estratégico para o comércio brasileiro na região caribenha.

O assessor especial também rejeitou a ideia de Marina Silva de que é preciso 'relançar' as relações com os Estados Unidos. 'Que eu saiba não houve ruptura de relações', justificou Garcia.

Dilma Rousseff cancelou em 2013 uma visita oficial a Washington após a revelação feita pelo ex-analista da Agência Segurança Nacional (NSA) Edward Snowden de que a presidente e outras autoridades tinham sido espionadas pelos EUA.

García contou que se reuniu no início de setembro com a secretária de Estado dos EUA para Assuntos do Hemisfério Ocidental, Roberta Jacobson, e classificou o caso como uma 'mancha'.

'Se a candidata (Marina Silva) não considera isto relevante me surpreende muito, não é algo irrelevante, o que não quer dizer que se acredita em um clima de hostilidade permanente, vamos ter de discutir como superar esta mancha', avaliou o assessor especial.

Garcia sustentou que o governo quer uma relação 'simétrica' com Washington.

'O Brasil sabe da importância que os Estados Unidos têm no mundo e nas Américas e temos de ver as formas para que estes episódios não voltem a se reproduzir. Queremos ter uma relação simétrica, não uma relação assimétrica', declarou.

Para García, as propostas de governo apresentadas por Marina Silva 'são contraditórias'. O assessor ressaltou que o mandato de Dilma foi marcado pela crise mundial e o papel do G20.

O assessor especial afirmou que as crises financeiras nos EUA e Europa geraram novos cenários, sobretudo com os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). 'Em 2010 os Brics eram apenas uma ideia, hoje têm uma consistência maior, com um fundo de reservas, o banco dos Brics', comemorou.

O assessor se referiu ainda à flexibilização do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela) proposta por Marina Silva para se poder negociar unilateralmente e em velocidades diferentes um acordo de livre-comércio com a União Europeia.

'Atualmente a única proposta consistente que temos é sobre um acordo Mercosul-UE e estamos dispostos a concluí-lo. Entregamos uma oferta comum e o que sabemos até agora é que a UE não tem uma posição comum', declarou.

Garcia disse que a intenção dos países do bloco é apostar em um acordo dentro da Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Segundo o assessor, a diplomacia do Brasil quer 'consolidar o Mercosul e transformá-lo em uma união aduaneira e para isso deve persistir na relação com seus membros', à espera dos próximos possíveis sócios, como a Bolívia e Equador.

'O comércio intra-Mercosul é muito relevante. Argentina é um dos três principais parceiros comerciais do Brasil. E se a expansão nesse comércio não é maior é em função de dificuldades mundiais e regionais', disse. EFE

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