Brasil montará força-tarefa para entrega de ajuda humanitária à Venezuela
Força-tarefa ficará em Roraima, na fronteira com a Venezuela, e deve servir para auxiliar operação de ajuda humanitária enviada pelos EUA
Estadão Conteúdo
Publicado em 19 de fevereiro de 2019 às 20h02.
Última atualização em 20 de fevereiro de 2019 às 16h21.
O porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, disse nesta terça-feira, 19, que o Brasil montará uma força-tarefa em Roraima, na fronteira com a Venezuela , para definir a entrega de ajuda humanitária enviada pelos Estados Unidos em coordenação com a oposição venezuelana.
Roraima será o segundo ponto de ajuda, ao lado de Cúcuta, na Colômbia. Segundo Rêgo Barros, alimentos e remédios serão disponibilizados na capital, Boa Vista, e em Pacaraima, na fronteira com Santa Elena de Uairen.
O terceiro ponto de entrega de ajuda fica nas Antilhas Holandesas, que reúnem as ilhas de Aruba, Curaçao e Bonaire. Mais cedo, no entanto, a Marinha venezuelana anunciou que fecharia a fronteira aérea e marítima com o arquipélago caribenho.
O ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino, reafirmou hoje seu compromisso com o presidente Nicolás Maduro e prometeu proteger a fronteira de "ameaças à integridade territorial venezuelana".
Maduro tem rejeitado a entrega de mais de 900 toneladas de alimentos por julgá-la um pretexto dos Estados Unidos para intervir militarmente na Venezuela. O líder opositor Juan Guaidó diz que 300 mil venezuelanos precisam com urgência de comida e remédios e a ajuda humanitária é um meio de forçar o Exército a escolher entre o chavismo e o povo.
"A Força Armada permanecerá mobilizada e alerta ao longo das fronteiras (...) para evitar qualquer violação à integridade de seu território", disse Padrino.
O comandante das Forças Armadas ainda acusou o presidente americano, Donald Trump, de ser "arrogante" por pedir ao Exército venezuelano que aceite a anistia oferecida pelo líder da oposição Juan Guaidó e a romper com Maduro. "Reiteramos sem restrições obediência, subordinação e lealdade", afirmou Padrino. "Aqui temos presidente, aqui temos o comandante-em-chefe, Nicolás Maduro."
Guaidó, por seu lado, começou nas redes sociais uma campanha para que os generais que comandam brigadas na fronteira atendam aos pedidos dos venezuelanos por comida e remédios.
"Soldados, escutem", pediu Guaidó, tornando públicos os nomes dos comandantes dos batalhões de fronteira. A aposta da oposição é que em vez de ouvir Padrino, esses militares ouçam ao apelo popular.
A crise econômica que atinge a Venezuela desde 2013 levou o país à hiperinflação, escassez de alimentos, remédios e de serviços básicos, como água e luz. A queda do preço do petróleo e sanções impostas pelos EUA agravaram a situação.