Brasil e EUA fecham novo acordo para uso comercial da base de Alcântara
Acordo deve ser assinado durante visita de Bolsonaro aos Estados Unidos
Reuters
Publicado em 11 de março de 2019 às 20h40.
Brasília - Os governos do Brasil e dos Estados Unidos concluíram um novo acordo para uso comercial pelos norte-americanos da base de Alcântara, a ser assinado durante a visita oficial do presidente Jair Bolsonaro , entre os dias 17 e 19 deste mês, disseram à Reuters duas fontes do Itamaraty.
O novo Acordo de Salvaguardas Tecnológicas permitirá que os norte-americanos usem a base --considerada a melhor localização do mundo para lançamento de foguetes-- para seu programa espacial, em troca de pagamento pelo uso. O Brasil, no entanto, não terá direito de acesso à tecnologia usada pelos Estados Unidos em mísseis, foguetes, artefatos e satélites, como o governo brasileiro chegou a requerer.
No entanto, o novo acordo retira a segregação de uma área da base, como estava prevista no texto inicial, negociado em 2000, em que apenas os norte-americanos teriam acesso. A nova proposta delimita uma área de acesso restrito, mas não impede a entrada de brasileiros.
Localizada na altura do Equador, a base de Alcântara, pela sua posição geográfica, queima 30 por cento menos combustível nos lançamentos e os foguetes podem carregar mais peso.
Essa não é a primeira tentativa do governo brasileiro usar a base para captar recursos ou tecnologia. A primeira tentativa foi feita em 2000, mas o acordo assinado pelo governo de Fernando Henrique Cardoso foi rejeitado pelo Congresso por dar controle total de uma área da base aos norte-americanos.
Durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva um acordo de operação conjunta e transferência de tecnologia foi assinado com a Ucrânia, em que o país europeu desenvolveria o veículo lançador de satélite que o Brasil ajudaria a financiar.
O acordo foi denunciado --um jargão diplomático que significa rompimento unilateralmente-- pelo Brasil em 2012, depois de o governo brasileiro já ter investido mais de 400 milhões de reais sem que a Ucrânia tivesse colocado sua parte e nem desenvolvido os foguetes. A disputa entre os dois países ainda continua, já que a Ucrânia não aceitou o rompimento do acordo.