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Brasil cai 9 posições no principal indicador de corrupção no setor público

País empata com Argélia, Armênia, Costa do Marfim e Egito e fica na 105ª posição entre as 180 nações pesquisadas pela Transparência Internacional

Mala de dinheiro: corrupção e falta de transparência andam juntas (foto/Thinkstock)

Mala de dinheiro: corrupção e falta de transparência andam juntas (foto/Thinkstock)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 29 de janeiro de 2019 às 06h00.

Última atualização em 29 de janeiro de 2019 às 06h00.

São Paulo - O Brasil voltou a cair no Índice de Percepção da Corrupção (IPC) da Transparência Internacional, considerado o principal indicador de corrupção no setor público do mundo.

O índice, que mede a percepção e não o nível de corrupção efetivo, é feito através de pesquisas de opinião com executivos e especialistas.

A nota brasileira caiu de 37 pontos para 35 pontos em um ano dentro de uma escala que vai de 0 a 100; quanto menor o valor, maior a percepção da corrupção.

Com essa nota, empatamos com Argélia, Armênia, Costa do Marfim, Egito, El Salvador, Peru, Timor Leste e Zâmbia.

A queda de 9 posições em um ano coloca o Brasil na 105ª posição entre as 180 nações e territórios avaliados.

A pesquisa é realizada desde 1995, mas por causa de mudanças na metodologia os dados só são comparáveis de 2012 até hoje.

Nossa queda é consistente: o país foi de nota 43 em 2012 para os 35 atuais, e chegou a estar na 69ª posição naquela época contra a 105ª posição atualmente.

Entre os 10 países mais bem colocados, 7 são nações europeias, incluindo 4 nações escandinavas, além da Nova Zelândia, Singapura e o Canadá.

Na outra ponta estão nações pobres e envolvidas em conflitos: a nota mais baixa é a da Somália, seguida por Síria, Sudão do Sul, Iêmen e Coréia do Norte.

Avaliação

Guilherme Donega, consultor sênior da Transparência Internacional, concorda que o resultado brasileiro deve ser visto no contexto da Operação Lava Jato e outros marcos da luta anticorrupção no país.

"A queda do Brasil não significa que o que foi feito não teve resultado. Muitas vezes a investigação e a punição aumentam a percepção, e isso faz com que os países de fato caiam no índice", diz.

No entanto, ele diz que cabe ao setor empresarial entender que essa pauta é boa para os negócios enquanto ao setor público cabe levar adiante a luta para prevenir e não apenas punir a corrupção.

Ele classificou o ano de 2018 como de "inércia com ameaça de retrocesso", citando como exemplos o indulto natalino do ex-presidente Michel Temer e tentativas de mexer na Lei das Estatais.

Em relação a este início de 2019, ele diz que um motivo para otimismo, ainda que cauteloso, é o endosso de 54 congressistas eleitos ao pacote de 70 Novas Medidas contra a Corrupção coordenados pela Transparência Internacional junto com a Fundação Getúlio Vargas (FGV).

No entanto, ele também vê como preocupantes algumas iniciativas do novo governo como a de aumentar o escopo de autoridades que podem tornar dados sigilosos, além da atualização das regras do Banco Central sobre lavagem de dinheiro que foram submetidas para consulta pública.

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