O governo do Rio de Janeiro vem preparando e qualificando policiais e novas equipes para trabalharem na UPP do Alemão (Sean Gallup/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 27 de março de 2012 às 14h25.
Rio de Janeiro - O pelotão de elite da Polícia Militar do Rio de Janeiro (Bope) iniciou na madrugada desta terça-feira a ocupação do conjunto de favelas do Alemão, na zona norte da cidade, para preparar o terreno para a instalação de uma mega Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) nos próximos dias, informou a polícia.
"Estamos pavimentando um caminho para a instalação das UPPs no Alemão, o que deve acontecer até o fim de junho", disse o relações-públicas da PM do Rio, Frederico Caldas.
" Nosso papel agora é conquistar a confiança da população. Isso é importante para a sequencia do trabalho", afirmou Caldas. "Faremos vistoria em pessoas suspeitas e em casas sobre as quais recebermos informações de que pode haver traficantes escondidos", disse.
A polícia faz um cerco aos acessos do Alemão e realiza operações em outras favelas da cidade para evitar fugas. Além disso, estão sendo distribuídos panfletos para orientar a população sobre denúncias anônimas.
"A substituição de tropas do Exército por efetivos do Bope e do Batalhão de Choque continuará de forma gradual até que, no mês de junho, toda a região esteja sob o controle da Polícia Militar", acrescentou em nota oficial a PM.
A comunidade onde moram mais de 100 mil pessoas foi dominada por forças de pacificação no fim de 2010 e, desde então, é ocupada por tropas militares da Força de Pacificação.
A ocupação do Bope é o início do processo de transição de saída dos militares das Forças Armadas e a entrada dos policiais militares do estado.
"A partir desta terça-feira, a Força de Pacificação dá início ao processo de transição da responsabilidade pela segurança da Área de Pacificação à Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, que passará a ocupar gradualmente os complexos do Alemão e da Penha", segundo nota da Força de Pacificação.
Essa transição pode durar até três meses, segundo as autoridades envolvidas na operação.
O governo do Rio de Janeiro vem preparando e qualificando policiais e novas equipes para trabalharem na UPP do Alemão. Cálculos da Secretaria de Segurança apontam para a necessidade de mais de 2 mil homens permanentes na UPP, que pode ter cerca de 10 sub-bases dando apoio a uma unidade central.
As duas primeiras sub-bases podem começar a ser instaladas ainda nessa semana nas comunidades da Fazendinha e Nova Brasília, que pertencem ao conjunto de favelas.
"Vamos apoiar a chegada da polícia nessa primeira fase da ocupação para que ela se dê de maneira ordeira, pacífica e tranquila", disse o relações-públicas da Força de Pacificação, Fernando Fantazini.
"As atividades de substituição iniciam pelas comunidades da Fazendinha e Nova Brasília, no Complexo do Alemão, com a previsão da assunção das Forças Policiais, finalizando no Complexo da Penha", acrescentou a nota.
A presença dos militares no Alemão foi marcada por alguns problemas e casos de violência. Houve tumulto entre militares e moradores, confronto entre traficantes e homens da Força de Pacificação e até mortes.
O Alemão foi ocupado no fim de 2010 após uma onda de ataques de traficantes pela cidade. Ônibus foram incendiados, carros de passeio, roubados e destruídos, além de ataques a viaturas policiais e a representações da polícia, como quartéis, cabines e guaritas.
As UPPs são a nova estratégia de segurança do governo do Rio de Janeiro e aposta da Secretaria de Segurança para reduzir os índices de violência e criminalidade no Estado, visando também grandes eventos como Copa do Mundo de 2014 e Jogos Olímpicos de 2016.