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Bolsonaro trocou 4 ministros em um ano: relembre quem são e por que caíram

Das quatro mudanças nos ministérios de Bolsonaro, três delas foram motivadas por demissões. Apenas uma foi uma troca de comando entre órgãos do governo

Dança das cadeiras: desde o início do mandato, chefes da Secretaria Geral da Presidência, da Secretaria de Governo e do MEC deixaram suas pastas (Valter Campanato/Antonio Cruz/Marcelo Camargo/Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Dança das cadeiras: desde o início do mandato, chefes da Secretaria Geral da Presidência, da Secretaria de Governo e do MEC deixaram suas pastas (Valter Campanato/Antonio Cruz/Marcelo Camargo/Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

São Paulo - Bebianno, Ramos, Vélez e Santos Cruz: foram quatro os ministros que saíram do governo do presidente Jair Bolsonaro em seu primeiro ano de mandato.

Três foram demissões e uma foi troca de comando entre órgãos. A Secretaria-Geral da Presidência, o Ministério da Educação (MEC) e a Secretaria de Governo foram as pastas com mudanças.

Desde a posse de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 1995, Bolsonaro é o segundo presidente eleito que mais fez trocas de ministros no primeiro ano de governo.

Dilma Rousseff (PT) lidera a lista, com nove trocas ao longo de 2011, seu primeiro ano como presidente. FHC e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) empatam, com uma troca cada um no primeiro ano de seus respectivos mandatos.

Ambos fizeram amplas reformas ministeriais nos anos seguintes: o petista em janeiro de 2004, logo após completar um ano na Presidência, e o tucano em abril de 1998, no último ano de seu primeiro mandato. 

Relembre todas as mudanças feitas por Bolsonaro no seu primeiro escalão:

Secretaria-Geral da Presidência

Em um ano de governo, três nomes estiveram à frente da Secretaria-Geral da Presidência. O primeiro deles foi Gustavo Bebianno, um dos homens de confiança do presidente e coordenador de sua campanha eleitoral em 2018.

Ele foi demitido com apenas 48 dias no cargo, a terceira queda mais rápida de ministro desde a redemocratização. 

O estopim foi uma reportagem publicada pelo jornal Folha de S. Paulo indicando que quando era presidente do PSL, Bebianno usou como laranja uma candidata a deputada federal de Pernambuco, repassando R$ 400 mil para uma campanha que acabaria tendo apenas 274 votos. A crise se agravou quando ele foi chamado de mentiroso por Carlos Bolsonaro, filho do presidente.

O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, foi indiciado recentemente pela Polícia Federal (PF) em um inquérito também sobre o uso de candidaturas-laranjas no PSL, dessa vez em Minas Gerais, onde era presidente estadual. Ele permanece, porém, a frente da pasta. 

Quem assumiu a Secretaria de Bebianno no momento da sua saída foi o general da reserva Floriano Peixoto, que na época era o secretário-executivo da pasta.

A saída de Ramos viria em junho, quando foi realocado para a Presidência dos Correios após a demissão do general Juarez Aparecido de Paula Cunha, acusado por Bolsonaro de agir como um “sindicalista”, por criticar privatizações e tirar fotos com parlamentares da oposição.  

A Secretaria-Geral foi então transmitida ao advogado e ex-major da Polícia Militar (PM) Jorge Antonio de Oliveira Francisco, que atuava como subchefe de assuntos jurídicos da Casa Civil.

Ele foi indicado por ser uma pessoa de confiança de Bolsonaro, tendo sido assessor jurídico no seu gabinete e também chefe de gabinete e assessor jurídico do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente. 

Já Bebianno se filiou ao PSDB e continua tendo embates públicos com a familia Bolsonaro, a quem acusa de ter pretensões autoritárias.

Ministério da Educação (MEC)

O primeiro ministra a assumir a pasta da educação no governo foi Ricardo Vélez Rodriguez, indicado por Bolsonaro um mês após a vitória nas eleições.

Colombiano e filósofo de formação, Vélez ficou no cargo até o início de abril, após protagonizar uma “guerra” entre os militares e os apoiadores de Olavo de Carvalho, chamados olavistas, dentro do MEC. 

Antes da demissão, a disputa interna já havia causado ao menos 14 exonerações e remanejamentos no alto escalão da pasta, incluindo a do secretário-executivo. De acordo com o presidente, porém, a saída de Vélez foi por problemas de gestão.

Em seu lugar assumiu o economista Abraham Weintraub, que atuava como secretário-executivo da Casa Civil e já havia participado da equipe de transição ao lado do seu irmão Arthur Weintraub.

Há oito meses a frente do MEC, Weintraub ficou conhecido por uma atuação histriônica nas redes sociais e acumula uma série de crises.

Em maio, um mês após assumir a pasta, enfrentou protestos de grande escala em defesa da educação após o anúncio de contingenciamentos das verbas das universidades federais e cortes de bolsas de pesquisa. Em agosto houve uma nova rodada, que ficou conhecida como “tsunami da educação”. 

Recentemente, teve que ir à Câmara dos Deputados esclarecer acusações de produção de drogas em universidades, feitas com base em casos pontuais de reportagens que já foram investigadas posteriormente pela polícia e não geraram responsabilização das instituições.

Secretaria de Governo da Presidência

Terceiro ministro a deixar o governo, o general Carlos Alberto do Santos Cruz comandou a Secretaria de Governo da Presidência, um órgão estratégico do Planalto, até junho deste ano. 

O general virou alvo da ala ideológica do governo por sua relação com a imprensa. Na ocasião, ele disse ao presidente ter sido alvo de ataques orquestrados por Carlos e Olavo no Twitter. No início de maio, a hashtag #ForaSantosCruz chegou a ser uma das mais comentadas da rede.

A justificativa para sua demissão, no entanto, foi a falta de alinhamento com as estratégias de comunicação da equipe do Planalto. 

Seu substituto, o general Luiz Eduardo Ramos Batista, também é militar, e permanece no comando da Secretaria de Governo desde então. Batista, que está o Exército desde 1973, deixou o comando militar do Sudeste para assumir o cargo e mantém um perfil discreto nas redes.

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