Bolsonaro tem grande chance de chegar ao 2º turno, diz CEO do Ibope
"Quem vota em Bolsonaro bate no peito com orgulho, não tem voto escondido", afirma Márcia Cavallari, CEO do Ibope Inteligência
João Pedro Caleiro
Publicado em 1 de setembro de 2018 às 08h00.
Última atualização em 1 de setembro de 2018 às 08h00.
O candidato Jair Bolsonaro , do PSL, possui eleitorado firme e tem grande possibilidade de chegar ao segundo turno das eleições presidenciais , diz Márcia Cavallari, CEO do Ibope Inteligência, em entrevista no escritório da Bloomberg em São Paulo. Já a definição da outra vaga na fase final da disputa ainda não está clara.
"Quem vota em Bolsonaro bate no peito com orgulho, não tem voto escondido", afirma.
Até agora, o ex-capitão do Exército tem mais ganhado do que perdido votos com suas afirmações polêmicas sobre segurança pública, na defesa do armamento da população, e questões de gênero.
Por outro lado, com a rejeição mais elevada entre os presidenciáveis, de 37%, agora tem espaço limitado para mais crescimento e se aproxima do teto.
Na pesquisa Ibope mais recente, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aparece com 37% das intenções de voto, seguido por Bolsonaro (18%), Marina Silva (6%), Ciro Gomes (5%) e Geraldo Alckmin (5%).
Como Lula está preso após condenação em segunda instância e deve ser barrado pela Lei da Ficha Limpa, Fernando Haddad, provável candidato do PT, deve conseguir ao menos 10% dos votos herdados do ex-presidente quando for oficializado, avalia Cavallari.
Isso porque a pesquisa Ibope também mostra que, entre os eleitores de Lula, 28% votariam em Haddad com certeza. O potencial cresce se considerado que outros 22% também poderiam votar no ex-prefeito de São Paulo. Dessa forma, ele entraria na disputa por uma vaga no segundo turno juntamente com Alckmin, Marina e Ciro.
Para a CEO do Ibope, na hipótese de o candidato do PT chegar ao segundo turno, a incógnita seria medir o impacto dos 16 anos de governo do partido sobre a decisão do eleitor. Pode prevalecer o efeito dos escândalos de corrupção e da crise econômica do governo Dilma Rousseff ou a lembrança do aumento da renda e acesso ao consumo promovida nos anos de Lula.
A candidata da Rede Sustentabilidade, que aparece atrás de Bolsonaro na pesquisa, possui estrutura de campanha inferior na comparação com a eleição passada, quando Marina chegou a despontar como uma das favoritas logo após a morte de Eduardo Campos (PSB), em 2014. Ao fechar coligação apenas com o Partido Verde, tem menos tempo de TV.
É um voto, entretanto, que "não compromete ninguém" em meio à polarização vista hoje no país entre esquerda e direita, diz Cavallari. "Vai depender da coerência da campanha e da sua capacidade de passar firmeza maior, que é o que o eleitor busca."