Bolsonaro: "Sem voto impresso em 2022, vamos ter problema pior que dos EUA"
Presidente Jair Bolsonaro voltou a levantar dúvida sobre a confiabilidade do sistema eleitoral brasileiro e a pressionar pela instituição do voto impresso
Estadão Conteúdo
Publicado em 7 de janeiro de 2021 às 12h46.
Última atualização em 7 de janeiro de 2021 às 13h31.
Após extremistas invadirem a sede do Legislativo americano para interromper a confirmação da eleição nos Estados Unidos, o presidente Jair Bolsonaro voltou a levantar dúvida sobre a confiabilidade do sistema eleitoral brasileiro e a pressionar pela instituição do voto impresso.
Sem citar diretamente o ataque ao Capitólio por uma multidão pró- Donald Trump nesta quarta-feira, 6, Bolsonaro afirmou que o modelo eletrônico pode levar o Brasil a ter um problema pior que os Estados Unidos. "Se nós não tivermos o voto impresso em 2022, uma maneira de auditar o voto, nós vamos ter problema pior que os Estados Unidos", disse o presidente.
Também sem apresentar nenhuma prova, Bolsonaro repetiu que houve fraude nas eleições americanas. "O pessoal tem de analisar o que aconteceu nas eleições americanas agora. Basicamente qual foi o problema, a causa dessa crise toda? Falta de confiança no voto. Então lá, o pessoal votou e potencializaram o voto pelos correios por causa da tal da pandemia e houve gente que votou três, quatro vezes, mortos votaram, foi uma festa lá. Ninguém pode negar isso daí", disse Bolsonaro. "E aqui no Brasil, se tivermos o voto eletrônico em 2022, vai ser a mesma coisa. A fraude existe."
As declarações foram feitas em uma conversa com apoiadores, em frente ao Palácio da Alvorada, na manhã desta quinta-feira, 7. Nos Estados Unidos, a invasão ocorreu após um discurso do atual presidente, Donald Trump, no qual ele prometeu que jamais admitirá a derrota eleitoral. Apesar do ataque, o Congresso confirmou a vitória do democrata Joe Biden.
"Canalhas"
Na conversa com apoiadores, Bolsonaro fez referência à falta de apresentação de provas sobre a acusação de fraude nas eleições americanas. O chefe do Planalto declarou que não responderia mais aos profissionais da imprensa, a quem chamou de "canalhas". Mais uma vez, ele colocou dúvidas sobre sua própria eleição em 2018. A tese, no entanto, foi rebatida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que garantiu a segurança da urna eletrônica.
Vacinação
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira, 7, que menos da metade da população brasileira pretende tomar a vacina contra a covid-19. O dado, porém, foi citado por Bolsonaro como resultado de um levantamento próprio feito por ele na praia e nas ruas. "Alguém sabe quantos por cento da população vai tomar vacina? Pelo que eu sei, menos da metade vai tomar vacina. E essa pesquisa que eu faço, faço na praia, faço na rua, faço em tudo quanto é lugar", disse Bolsonaro a apoiadores em frente ao Palácio do Alvorada.
De acordo com pesquisa do instituto Datafolha publicada na primeira quinzena de dezembro, o percentual de brasileiros dispostos a se vacinar contra a covid-19 caiu de 89% na primeira quinzena de agosto para 73% em dezembro, e no mesmo período cresceu de 9% para 22% a parcela de pessoas que declaram que não querem tomar a vacina.
O presidente reforçou o compromisso do governo de começar a disponibilizar a vacina em janeiro. Após o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), prometer vacinar toda a população de São Paulo em 2021, Bolsonaro declarou que alguns estados só estão anunciando um plano de vacinação porque o governo federal distribuiu recursos durante a prefeitos e governadores durante a crise.
O Brasil anunciou a importação de 2 milhões de doses da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca neste mês. Bolsonaro deu garantia que haverá seringas para todo mundo que desejar se vacinar.
O presidente suspendeu a compra de seringas e agulhas até que os preços "voltem ao normal". A medida ameaça o calendário de vacinação contra a covid-19 e outras doenças no país. Bolsonaro rebateu a estimativa declarando que há material nos estados para vacinação. O mandatário justificou a suspensão pela alta de preços.