Bolsonaro se reúne com indicado para Apex e posa ao lado de Araújo
Ex-presidente da Apex se recusava a deixar o cargo até uma decisão do presidente da República
Estadão Conteúdo
Publicado em 10 de janeiro de 2019 às 20h52.
Brasília - Diante do impasse sobre a demissão de Alecxandro Carreiro da presidência da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos ( Apex ), o presidente Jair Bolsonaro se reuniu com o indicado para ser o seu sucessor, Mário Vilalva, no Palácio do Planalto. Em sinal de apoio, Bolsonaro posou para fotos ao lado de Vilalva e do ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, responsável pela indicação de Vilalva e pela demissão de Carreiro. O ex-presidente da Apex se recusava a deixar o cargo até uma decisão do presidente da República.
Como mostrou a Coluna do Estadão, o novo embaraço na Apex, envolvendo a Carreiro, iniciou especulações na agência de que o próximo a ser substituído seria o próprio Ernesto. Sua participação em reuniões com Bolsonaro na tarde de hoje, no entanto, já sinalizava o apoio do presidente ao ministro, de acordo com fontes do Planalto.
Desde o anúncio da demissão, Carreiro mostrou a deputados do PSL troca de mensagens pelo WhatsApp que comprovariam que ele não pediu para sair como informou o ministro nas suas redes sociais, mas foi forçado a deixar o cargo na Apex.
Hoje, Carreiro também procurou interlocutores no Palácio do Planalto para apresentar sua versão. Segundo assessores de Bolsonaro, ele não foi recebido pelo presidente da República. Ernesto Araújo, por sua vez, teve uma reunião com o ministro Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional, GSI) logo no início da manhã.
Impasse
Ao longo do dia, Carreiro despachou normalmente no prédio do órgão. Segundo fontes ouvidas pela reportagem, ele não aceita ser demitido por Araújo e decidiu continuar atuando enquanto não for exonerado por Bolsonaro.
A Apex confirmou, em nota, que Carreiro "nomeado para o cargo pelo presidente da República", cumpriu expediente normal na agência hoje, "tendo efetuado despachos internos e recebido para audiências autoridades de Estado". A agência, no entanto, não informou quem foram as autoridades recebidas pelo presidente.
Ontem, Ernesto Araújo disse, no Twitter, que Carreiro pediu "o encerramento de suas funções como presidente da Apex". No mesmo tuíte, Araújo disse que tinha indicado o embaixador Mário Vilalva a Bolsonaro.
Interlocutores de Carreiro, no entanto, alegaram que não foi isso que ocorreu. Carreiro teria se reunido com Araújo para reclamar de outra indicação de Bolsonaro para a agência, a diretora de Negócios Letícia Catel, que atuou como assessora de imprensa durante a transição.
De acordo com fontes, Letícia, que é próxima de Araújo, não gostou de Carreiro ter exonerado 18 pessoas em menos de uma semana no governo e queria reverter as exonerações. Na reunião, Araújo sugeriu que Carreiro pedisse demissão, mas ele se negou. Ao sair do encontro,o chanceler publicou o tuíte. Carreiro viu nisso uma tentativa de criar um "fato consumado" e forçá-lo a sair do cargo.