Pré-candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro (Adriano Machado/Reuters)
AFP
Publicado em 22 de julho de 2018 às 09h53.
Última atualização em 23 de julho de 2018 às 14h49.
O deputado de extrema direita e capitão da reserva do Exército Jair Bolsonaro oficializa neste domingo sua candidatura à presidência do Brasil, com as pesquisas lhe sorrindo para as incertas eleições de outubro.
Sua figura assusta muitos brasileiros, mas uma parte importante da população o vê como um verdadeiro Messias, capaz de salvar um país afundado na crise política, econômica e social, e abalado por escândalos de corrupção.
Consciente de seu grande poder de convocação, Bolsonaro, 63 anos, quer mostrar sua força na convenção do Partido Social Liberal (PSL), que o apontará como seu candidato em um grande evento no Rio de Janeiro, onde tem sua base política.
"Tenho gente que me apoia em todo o Brasil. Alguns até me amam", declarou esta semana este nostálgico da ditadura militar (1964-85) em Goiás, onde voltou a prometer a legalização do porte de armas e reacendeu a polêmica ao fazer uma menina simular com os dedos um revolver.
Bolsonaro tem mais votos hoje do que qualquer outro candidato, exceto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso por corrupção há quatro meses e cuja candidatura deve ser impugnada.
Mas parece que Bolsonaro, conhecido por suas declarações racistas, misóginas e homofóbicas, atingiu o teto, mesmo conseguindo vencer as reservas de vários setores sociais, incluindo os empresários.
Se Lula não consegue superar os 30% das intenções de voto, Bolsonaro nunca conseguiu chegar a 20%, inclusive nos cenários sem o líder de esquerda.
Em simulações de segundo turno, Bolsonaro é derrotado por todos os principais candidatos, segundo o Datafolha.
A espera de que se verifique a veracidade das pesquisas, o "fenômeno" Bolsonaro mantém o Brasil em suspense, após a experiência de Donald Trump nos Estados Unidos.
- Vice-presidente -
A favor do "mito", como é chamado por seus seguidores, está o fato de não ter sido atingido pelos escândalos de corrupção que envolveram quase todos os partidos brasileiros.
Mas a busca de um vice-presidente tem sido uma tarefa difícil para Bolsonaro, que já foi rejeitado por duas personalidades que cortejava como companheiros de chapa.
Ao que parece, terá como vice a advogada Janaína Paschoal (PSL), uma das promotoras do impeachment da presidente Dilma Rousseff, em 2016, sem experiência política e tão histriônica como ele.
"Minha sensação é que ela tem muita vontade de ajudar a transformar o Brasil. Estamos 'saindo' por telefone. Ela deu o sinal verde", disse Bolsonaro na sexta-feira ao jornal O Globo, sem garantir que Janaína Pascoal será sua opção.
Sem um vice de outro partido, Bolsonaro teria apenas 8 segundos em cada bloco de propaganda gratuita no rádio e na TV, já que o PSL é um partido pequeno.
Isto poderia reduzir a visibilidade do candidato, mas Bolsonaro garante que não está preocupado, porque milhões de brasileiros o seguem nas redes sociais.