Bolsonaro sanciona Orçamento e mantém fundo eleitoral de R$ 2 bilhões
Fundo é usado desde 2018, após o financiamento de campanhas por empresas ser abolido para evitar corrupção
Agência Brasil
Publicado em 18 de janeiro de 2020 às 10h21.
Última atualização em 18 de janeiro de 2020 às 15h32.
O presidente Jair Bolsonaro sancionou sem vetos a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2020. O anúncio foi feito na noite de sexta-feira 18, pouco antes das 23h, pelo ministro-chefe da Secretaria-Geral de Governo, Jorge Oliveira, num post na rede social Twitter.
A expectativa é que a publicação saia no Diário Oficial da União de segunda-feira 20, data limite para a publicação do texto. A LOA já havia sido aprovada em 19 de dezembro pelo Congresso Nacional, e tinha até 30 dias para ser sancionada.
O orçamento manterá o controverso fundo de 2 bilhões de reais para o financiamento de campanhas eleitorais, o chamado "fundo eleitoral". O fundo, assim como os demais itens da LOA, foi aprovado pelos parlamentares em dezembro, e não foi vetado por Bolsonaro nesta sexta-feira.
Embora o presidente Jair Bolsonaro venha se dizendo contrário ao fundo, o valor foi proposto justamente pelo governo, na primeira proposta do texto enviada ao Congresso. Os parlamentares ensaiaram aumentar o valor para 3,8 bilhões de reais, mas recuaram.
O presidente estava sendo pressionado por sua base eleitoral a vetar o montante destinado aos partidos. Em dezembro, ele chegou a indicar que barraria o fundo, mas recuou horas depois.
Bolsonaro vem afirmando que teria de aceitar o fundo por causa do artigo 85 da Constituição, que discorre sobre responsabilidade fiscal.
Um dos motivos pelos quais um presidente incorreria nesse crime, segundo a Carta, é cometer ações que contrariem direitos políticos, sociais e individuais -- o que, segundo Bolsonaro, poderia ser interpretado caso ele barrasse ou diminuísse o financiamento aos partidos do fundo. Por esse motivo, o presidente diz ser contrário ao fundo, mas afirma ser um "escravo da lei".
O fundo eleitoral foi usado pela primeira vez em 2018, depois que o financiamento de campanhas por empresas foi abolido de modo a evitar casos de corrupção. Na eleição daquele ano (que elegeu deputados, senadores, presidente e governadores), o montante destinado a campanhas pelo Orçamento foi de 1,7 bilhão de reais.
Os números de 2020
O orçamento traz previsão de receitas e despesas totais de 3,687 trilhões de reais para 2020.
O texto deste ano destina 2.375,8 de reais trilhões para o Orçamento Fiscal, 1.189,7 trilhão de reais para a Seguridade Social, e 121,4 bilhões de reais para os investimentos das estatais. Para a rolagem (renovação) da dívida pública, estão reservados 917,1 bilhões de reais.
Esses valores são calculados com base na projeção de receitas e despesas do país para o próximo ano. Esta versão da LOA projeta cotação média do dólar a 4 reais e crescimento de 2,32% do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas no país). A inflação oficial pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) está prevista em 3,53% neste ano. A meta da taxa de juros básica, a Selic, é de 4,40%.
A meta fiscal para o déficit primário do Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) ficou em 124,1 bilhões de reais, abaixo dos 139 bilhões de reais em 2019.
Teto de gastos
Este será o quarto exercício financeiro consecutivo de cumprimento da emenda constitucional do teto dos gastos, que limita o crescimento das despesas públicas pelos próximos 20 anos à inflação do ano anterior. Por isso, em 2020, as despesas primárias não poderão ultrapassar 1,4 milhão de reais.
Com pouco espaço no orçamento, o Brasil deve ter em 2020 a menor quantia disponível para investimento desde 2004. As despesas obrigatórias, como salários e determinadas verbas direcionadas a estados e municípios, representam mais de 94% do orçamento.
Os investimentos no ano que vem equivalerão a apenas 0,3% do PIB. Isso representa menos da metade do gasto realizado em 2019. O Tesouro Nacional estima que os investimentos encerrarão este ano em torno de 50 bilhões de reais, entre 0,65% e 0,7% do PIB (o número só será divulgado no fim de janeiro).