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Bolsonaro: quero que todos voltem a trabalhar, mas quem decide não sou eu

Declaração foi dada em transmissão ao vivo da deputada federal Bia Kicis (PSL-DF), em mais um episódio da batalha travada com governadores e prefeitos

Bolsonaro admite conversas com partidos do centro para ter maior apoio político no Congresso (Ueslei Marcelino/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 1 de maio de 2020 às 10h58.

Bolsonaro trava batalha contra governadores e prefeitos sobre medidas de isolamento (Ueslei Marcelino/Reuters)

Em um recado sobre o Dia do Trabalho , comemorado nesta sexta-feira, 1, o presidente Jair Bolsonaro disse que gostaria que a população voltasse a trabalhar, mas emendou que quem decide a questão, no entanto, são os governadores e prefeitos. A declaração foi dada durante uma transmissão ao vivo da deputada federal Bia Kicis (PSL-DF), que entrou no Palácio da Alvorada nesta manhã com cerca de 20 pessoas. Segundo ela, são agricultores que foram agradecer Bolsonaro por "todo esforço" em favor do agronegócio.

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"Gostaria que todos voltassem a trabalhar, mas quem decide isso não sou eu, são governadores e prefeitos. Então, um bom dia a todos. O Brasil é um País maravilhoso, eu tenho certeza, com Deus acima de tudo, que brevemente voltaremos à normalidade", completou Bolsonaro.

Na realidade, como já disse a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, não houve paralisação do trabalho no campo e os agricultores colhem, neste ano, uma safra recorde do País.

O presidente trava uma batalha com governadores e prefeitos sobre as medidas de isolamento para conter a disseminação do novo coronavírus. Nesta quinta, 30, o presidente acusou os executivos locais de não "achatarem a curva" de contágio da covid-19. Na mesma noite, o ministro da Saúde, Nelson Teich, mudou completamente o tom sobre os planos de flexibilizar o isolamento e afirmou que o momento é impróprio, dado o avanço crescente de mortes e contaminações em todo o País.

Na live, o presidente voltou a agredir a imprensa, como tem feito reiteradamente. Pediu que ninguém mais chamasse a rede Globo de "lixo", porque "lixo é reciclável". "Não quero mais que ninguém chame a Globo de lixo, lixo é reciclável", disse sobre a emissora, alvo de críticas frequentes de Bolsonaro.

Durante sua breve participação - de cerca de um minuto - na live Bolsonaro tossiu. Nesta quinta, ele afirmou que "talvez" tenha sido contaminado pelo coronavírus no passado. "Eu talvez já tenha pegado esse vírus no passado, talvez, talvez, e nem senti" disse o presidente, em entrevista à Rádio Guaíba, de Porto Alegre. A declaração foi dada enquanto Bolsonaro trava uma disputa judicial para não divulgar os resultados de seus exames. O jornal O Estado de S. Paulo garantiu na Justiça Federal o direito de obter "os laudos de todos os exames" de novo coronavírus feitos pelo presidente.

Em vez de enviar os papéis, no entanto, a Advocacia-Geral da União encaminhou à Justiça um relatório médico de 18 de março no qual atesta que Bolsonaro se encontra "assintomático" e teve resultado negativo para os testes do novo coronavírus realizados no mês passado. Na quinta, a juíza federal Ana Lúcia Petri Betto responsável pelo caso, não aceitou o relatório e deu mais 48 horas para que os exames sejam entregues.

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