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Bolsonaro pede 'desculpas' a Moraes e STF por acusações sem fundamento em reunião no Planalto

Ex-presidente foi questionado pelo ministro sobre declarações sobre ele e os ministros Edson Fachin e Luís Roberto Barroso, também integrantes da Corte

Bolsonaro no STF: ex-presidente se desculpa por críticas a ministros do Supremo e defende sua postura constitucional durante trama golpist (Sergio Lima/AFP)

Bolsonaro no STF: ex-presidente se desculpa por críticas a ministros do Supremo e defende sua postura constitucional durante trama golpist (Sergio Lima/AFP)

Agência o Globo
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Publicado em 10 de junho de 2025 às 15h46.

Última atualização em 10 de junho de 2025 às 15h54.

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O ex-presidente Jair Bolsonaro pediu desculpas ao ministro Alexandre de Moraes e a outros integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF) por críticas feitas a ele em uma reunião ministerial em julho de 2022. O ex-mandatário está sendo ouvido nesta tarde na Corte no curso da ação que trata da trama golpista. Ele é um dos oito réus que vão prestar depoimento até sexta-feira e, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), é integrante do "núcleo crucial" da trama golpista.

Bolsonaro foi questionado por Moraes sobre declarações sobre ele e os ministros Edson Fachin e Luís Roberto Barroso, também integrantes da Corte.

— Não tenho indício nenhum. Era uma reunião para não ser gravada. Então, me desculpe, não tive intenção de acusar de desvio de conduta contra os três — disse Bolsonaro.

Bolsonaro também negou ter realizado qualquer ação ilegal e repetiu que não saiu das "quatro linhas da Constituição".

— Não me viram desrespeitar uma só decisão. Em nenhum momento eu agi contra a Constituição. Eu joguei dentro das quatro linhas o tempo todo. Muitas vezes me revoltava, falava palavrão, sei disso. Mas, no meu entender, fiz aquilo que tinha que ser feito — afirmou Bolsonaro.

Frente a frente

Esta é a primeira vez que Bolsonaro e o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, ficam frente a frente em uma audiência na Primeira Turma da Corte para responder a questionamentos sobre a trama golpista. O ex-presidente e o ministro do Supremo já estiveram na mesma sala durante o julgamento da denúncia, em março deste ano, mas não interagiram.

O interrogatório ocorre no âmbito da ação penal que avalia se Bolsonaro e outros sete réus, o chamado "núcleo crucial", planejaram um golpe de Estado para impedir a posse do presidente Lula no fim de 2022. Eles são acusados dos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, organização criminosa, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

Desde a semana passada, Bolsonaro tem demonstrado grande expectativa com o encontro. Ele disse "estar muito feliz" com o depoimento e que seria "uma oportunidade de esclarecer o que aconteceu". Ao chegar ao Supremo nesta manhã, ele afirmou que pretende mostrar vídeos e, se depender dele, "serão horas" de oitiva.

Quando foi intimado a falar sobre a trama golpista na Polícia Federal, em fevereiro de 2024, Bolsonaro optou pelo direito de ficar em silêncio.

Acusações da PGR

A Procuradoria-Geral da República acusa Bolsonaro de ter liderado uma conspiração golpista, que começou em 2021 com repetidos questionamentos à confiabilidade das urnas eletrônicas.

A partir de então, escreveu a PGR, o presidente "adotou crescente tom de ruptura com a normalidade institucional". Após perder as eleições de 2022, o ex-presidente teria começado a articular uma trama para evitar a posse de Lula. Para isso, ele teria participado da formulação e edição de minutas golpistas que previam prisão de autoridades, a realização de novas eleições e uma intervenção militar.

A PGR ainda afirma que Bolsonaro estava a par do plano Punhal Verde e Amarelo, que, segundo as investigações, previa "neutralizar" o ministro Moraes, o presidente Lula e o vice Geraldo Alckmin.

Nesta segunda-feira, Bolsonaro viu o seu ex-ajudante de ordens - o tenente coronel Mauro Cid - dizer que ele editou o decreto golpista.

De acordo com Cid, que depôs na condição de "réu delator", Bolsonaro “enxugou” o documento, mantendo a determinação de prisão de Moraes, mas excluindo o nome de outras autoridades, como o do então presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e demais integrantes da Corte, listados em versão anterior. Ainda de acordo com Cid, Bolsonaro não aceitava a derrota nas urnas e tentava “encontrar” indícios de fraudes para anular o pleito.

— De certa forma, ele [Bolsonaro] enxugou o documento, retirando as autoridades das prisões. Somente o senhor [Moraes] ficaria como preso — disse Cid no interrogatório desta segunda-feira.

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