Jair Bolsonaro. (Alan Santos/Flickr)
Gilson Garrett Jr
Publicado em 25 de junho de 2021 às 07h00.
Mais da metade dos brasileiros, 58%, acreditam que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não merece ser reeleito nas eleições de 2022. A rejeição ao nome do presidente aumentou cinco pontos percentuais em relação à rodada anterior, de 21 de maio, quando 53% dos ouvidos tinham a mesma opinião.
A deterioração dos dados coincide com a pior avaliação desde que assumiu a cadeira no Palácio do Planalto, em 2019, e com denúncias de superfaturamento na compra da vacina indiana Covaxin. Os que gostariam de vê-lo novamente como presidente somam 36%, e 7% não sabem.
É o que mostram os mais recentes dados da pesquisa EXAME/IDEIA, projeto que une EXAME e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. O levantamento ouviu 1.200 pessoas entre os dias 22 e 24 de junho. As entrevistas foram feitas por telefone, com ligações tanto para fixos residenciais quanto para celulares.
O fundador do IDEIA, Mauricio Moura, explica que esta rejeição recorde ao nome do presidente Bolsonaro foi sentida principalmente nos últimos dias. “Percebemos, a julgar pelas últimas 24 horas, que houve uma recepção negativa por parte da opinião pública sobre a compra da vacina Covaxin e que impacta Bolsonaro”, diz.
Supostas irregularidades são investigadas pela CPI da Pandemia no Senado, apontando indícios de que o governo brasileiro teria comprado a vacina indiana por um valor muito acima do negociado com outros laboratórios. Também chama a atenção o tempo de fechamento de contrato, considerado recorde. Foram apenas 97 dias, enquanto a Pfizer, ignorada dezenas de veze, precisou de 330 dias para fechar o contrato.
Além do suposto desvio de dinheiro estar no centro das atenções nesta semana, na quinta-feira, 23, o agora ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, pediu demissão do cargo. Ele é investigado no Supremo Tribunal Federal por corrupção, prevaricação e facilitação de contrabando na exportação de madeira do país. Ele era um dos ministros mais próximos e alinhados ao presidente Bolsonaro.
Todo este cenário contrário ao governo refletiu também na avaliação do presidente Bolsonaro. Para 54%, a gestão do presidente é ruim ou péssima. É o mais alto índice desde o início do governo, em janeiro de 2019. Aqueles que avaliam como ótimo ou bom são 25%, e os que acham regular somam 19%.
"Esse patamar de metade do país avaliar o governo como ruim ou péssimo não é uma boa sinalização. Apesar disso, Bolsonaro continua com aquelas fortalezas amplamente conhecidos que são os evangélicos [38% acham o governo ótimo ou bom] e a região Centro-Oeste [60% avaliam como ótimo ou bom]. É importante ficar atento à piora da avaliação nas regiões Norte [33% consideram como ruim ou péssimo] e Nordeste [59% avaliam como ruim ou péssimo]", diz Maurício Moura.
Caso as eleições fossem hoje, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceria Jair Bolsonaro no segundo turno. Lula aparece com 44% das intenções de voto, e o atual presidente com 39%. Em relação à última pesquisa, os números oscilaram dentro da margem de erro, que é de três pontos percentuais para mais ou para menos, mas o petista mantém a vantagem sobre Bolsonaro há três meses.
Quando questionados se Lula merece ser presidente por uma terceira vez, 46% dizem que não, 45% dizem que sim, e 10% não sabem. "Há um alto grau de rejeição ao PT em relação ao presidente Lula o que coloca um cenário de duelo de rejeições na eleição presidencial em 2022", afirma Maurício Moura.
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