Bolsonaro não garante seguir lista tríplice na sucessão da PGR
Por lei, o cargo é de indicação livre do presidente da República, mas, historicamente, os últimos chefes do Executivo respeitaram a eleição interna no MP
Estadão Conteúdo
Publicado em 20 de novembro de 2018 às 19h14.
Brasília - O presidente da República eleito, Jair Bolsonaro , não deu nesta terça-feira, 20, garantias de que respeitará a lista tríplice do Ministério Público para escolher o próximo ocupante do cargo de procurador-geral da República. Após visita institucional à atual procuradora-geral, Raquel Dodge, Bolsonaro afirmou que a sucessão na PGR é tema para setembro do ano que vem.
"Isso aí (lista tríplice) a gente conversa em setembro do ano que vem. Mas, a princípio, a gente vai seguir todas as normas legais existentes", desconversou Bolsonaro.
Por lei, o cargo é de indicação livre do presidente da República, mas, historicamente, os últimos chefes do Executivo respeitaram a eleição interna no Ministério Público e indicaram um dos três nomes votados previamente pelos procuradores. A expectativa é de que Dodge não seja reconduzida, por causa de embates com Bolsonaro.
O presidente eleito ficou mais de uma hora reunido com a PGR, que o denunciou criminalmente ao Supremo Tribunal Federal (STF) e foi alvo de críticas de Bolsonaro e de seus filhos e aliados. Eles também desqualificaram a procuradora publicamente no caso do voto impresso, não aplicado nas eleições deste ano - a PGR agiu contra.
Ao sair do gabinete da PGR, Bolsonaro disse ter "profundo respeito" pela procuradora e pelo Ministério Público. "Estou aqui em visita de cortesia pelo profundo respeito que tenho ao MP e à senhora Raquel Dodge. Uma conversa bastante profícua. Estamos prontos para colaborar para com o futuro de nosso Brasil. O MP é muito importante nesse trabalho de fiscal da lei", disse Bolsonaro, que estava acompanhado dos futuros ministros da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e da Justiça e Segurança Pública, o ex-juiz Sergio Moro.
O presidente também comentou sobre os novos ministros do primeiro escalão confirmados nesta terça: o deputado Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), na Saúde, e a manutenção do auditor Wagner Rosário na Controladoria-Geral da União (CGU), indicado pelo presidente Michel Temer.
"No caso do senhor Mandetta, teve apoio de toda a frente parlamentar da saúde, das Santas Casas, de hospitais filantrópicos, da enfermagem, do Conselho Federal de Medicina, Associação de Médicos do Brasil, ou seja, quase unanimidade, grande parte dos profissionais da saúde pediram pelo seu nome, a exemplo do que aconteceu com a senhora Tereza Cristina (deputada pelo DEM-MS, indicada ministra da Agricultura) na frente (parlamentar) da agropecuária", disse Bolsonaro. "Ele (Wagner Rosário) está fazendo um trabalho exemplar. A decisão foi que quem está dando certo pode continuar."
Bolsonaro negou que o DEM seja, após a indicação de Mandetta, o partido mais forte do futuro governo. Além de Mandetta e Tereza Cristina, o DEM é o partido do futuro ministro da Casa Civil. "O Onyx Lorenzoni sempre esteve comigo, muito antes do primeiro turno. A senhora Tereza Cristina é do DEM, mas foi indicação da bancada da agricultura. O Mandetta também. Parlamentares das mais variados partidos indicaram ele. Por coincidência pertence ao DEM. Nada a ver no tocante ao partido. Não são indicações para atender a interesses político-partidários, e sim, interesses especificamente dessas áreas de saúde, no caso, e de agricultura."
Bolsonaro foi tietado por servidores do MPF, que paralisaram o expediente para tirar fotos com o presidente eleito. Eles permaneceram por mais de uma hora à espera de Bolsonaro no hall dos elevadores do edifício sede da PGR, tiraram fotos com ele e gritaram "parabéns, presidente".