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Após tensão com nordestinos, Bolsonaro inaugura aeroporto na Bahia

É a segunda viagem do presidente ao Nordeste, e a primeira após ele ter chamado os governadores da região de "governadores de paraíba"

Bolsonaro: presidente negou ter sido preconceituoso com nordestinos (Adriano Machado/Reuters)

Bolsonaro: presidente negou ter sido preconceituoso com nordestinos (Adriano Machado/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 23 de julho de 2019 às 06h28.

Última atualização em 23 de julho de 2019 às 09h51.

O presidente Jair Bolsonaro faz nesta terça-feira uma das viagens mais cercadas de tensão de seus sete meses de governo. Bolsonaro vai a Vitória da Conquista, na Bahia, para a inauguração do aeroporto Glauber Rocha.

Era para ser um dia de festa, marcando o reencontro do presidente com a região e também uma trégua com o PT, partido do governador Rui Costa.

Mas uma declaração vazada do presidente, em café da manhã com jornalistas estrangeiros, na sexta-feira, fez com que o evento ganhasse outros ares. Sem saber que estava sendo gravado, Bolsonaro disse ao ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni que “daqueles governadores de ‘paraíba’, o pior é o do Maranhão”. “Paraíba” é um termo pejorativo usado no Rio de Janeiro para se referir a Nordestinos.

Foi a senha para o início de um cabo de guerra. Bolsonaro negou ter sido preconceituoso, mas Costa gravou ontem vídeo cancelando sua participação na inauguração do aeroporto construído com recursos estaduais e federais, afirmando que o evento se transformou em uma “convenção político-partidária”. No fim de semana, o governo federal ampliou o número de convidados para mostrar força política na região.

Costa criticou o fato de o evento ter sido fechado ao público e de o governo do estado ter direito de indicar apenas 100 dos 600 convidados. “Não posso, no exercício do cargo, ficar fazendo trampolim para debate político, debate ideológico”, disse.

Paloma Rocha, uma das filhas de Glauber Rocha, também cancelou participação no evento do aeroporto que homenageia o pai cineasta.

Essa será a segunda viagem de Bolsonaro ao Nordeste, a região onde tem a menor taxa de aprovação. Em maio, ele foi a Pernambuco inaugurar um conjunto habitacional e anunciar um acréscimo a um fundo de financiamento regional.

Era o início de uma esperada ofensiva para quebrar a tensão com governadores da região, que ficou latente desde o primeiro dia no cargo.

Em sua primeira entrevista como presidente, Bolsonaro disse que os governadores nordestinos não deveriam pedir dinheiro a ele por o presidente deles “está lá em Curitiba”, numa referência a Luiz Inácio Lula da Silva, condenado na Lava-Jato.

De lá pra cá, como se fosse possível, as coisas só pioraram. A região Nordeste também concentra os maiores índices de fome e desnutrição do país, problema que, segundo o presidente afirmou na sexta-feira, “não existe”.

A oposição dos governadores nordestinos foi decisiva para que estados e municípios fossem retirados da reforma da Previdência, principal projeto do governo federal até aqui. Falta ainda a votação do projeto em segundo turno na Câmara e em dois turnos no Senado.

Os nove estados do Nordeste têm juntos 30 milhões de eleitores, além de compor 29% da Câmara (151 deputados) e 33% do Senado (27 senadores).

Se as eleições de 2022 estão distantes o suficiente para Bolsonaro recuperar sua imagem na região, a votação da Previdência deve exigir um trabalho de distensão de tensões entre o governo e o que o presidente chamou de “governadores de paraíba”.

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