Bolsonaro é alfinetado em desfile de escolas de samba no Rio
Escolas de samba como São Clemente e Mangueira fizeram críticas ao governo do presidente em seus desfiles
Reuters
Publicado em 25 de fevereiro de 2020 às 11h32.
Última atualização em 25 de fevereiro de 2020 às 11h33.
São Paulo — Escolas de samba do Rio de Janeiro desfilaram na segunda noite de apresentações do Carnaval carioca, na segunda-feira, apimentando a fusão de música, dança e figurinos com cutucadas no presidente Jair Bolsonaro .
As últimas seis das 13 principais escolas de samba da cidade levaram ao Sambódromo muitos passistas e músicos vestidos com trajes coloridos, alguns com pouca roupa, em meio a enormes carros alegóricos elaborados.
Os desfiles de segunda-feira, que ocorreram até a manhã desta terça, abordaram muitos temas, entre eles o presidente Bolsonaro.
O ator e comediante Marcelo Adnet estrelou o desfile da São Clemente. Vestido com terno azul brilhante e gravata verde-amarela, ele zombou de Bolsonaro ao fazer flexões e gestos como se estivesse disparando uma arma imaginária, imitando o presidente.
O carro alegórico da São Clemente também exibia cartazes com as frases "Tá ok", muito usada por Bolsonaro, e "a culpa é do Leonardo DiCaprio", uma referência a Bolsonaro culpando o ator de Hollywood pelos incêndios na Floresta Amazônica no ano passado.
Desde a posse de Bolsonaro em janeiro de 2019, os brasileiros estão fortemente divididos entre os que o apoiam, creditando a ele uma rápida queda na criminalidade e melhora na economia, e os que o criticam, denunciando seu racismo, sexismo e postura em relação ao meio ambiente.
No domingo, a famosa escola de samba Mangueira abordou o fervor religioso de direita e o aumento da violência policial, principalmente no Rio, nos primeiros 14 meses de Bolsonaro no poder.
O samba-enredo da Mangueira incluía trecho que dizia "Não tem futuro sem partilha nem Messias de arma na mão", uma referência a Bolsonaro, cujo nome do meio é 'Messias' e que defende a ampliação da posse de armas.
Os figurinos, carros alegóricos e coreografias das escolas de samba carioca podem mudar, mas são sempre brilhantes e espetaculares, custando milhões de reais a cada ano.
A apuração com as notas dos jurados ocorre na quarta-feira de cinzas.