Brasil

Bolsonaro dobra a aposta e deve mexer em reajuste da conta de energia elétrica

Presidente prometeu que nesta semana irá tomar alguma ação sobre a políticas de preço de energia, após intervir de forma abrupta na Petrobras. Fala coloca ainda mais em dúvida se a agenda liberal do governo é para valer

Presidente Jair Bolsonaro: depois de troca na gestão da Petrobras, agora o foco é mexer nas tarifas de energia (Marcos Corrêa/PR/Divulgação)

Presidente Jair Bolsonaro: depois de troca na gestão da Petrobras, agora o foco é mexer nas tarifas de energia (Marcos Corrêa/PR/Divulgação)

FS

Fabiane Stefano

Publicado em 22 de fevereiro de 2021 às 06h01.

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Investidores, empresários e analistas esperam com ansiedade os desdobramentos da troca abrupta do presidente da Petrobras e as novas mudanças prometidas pelo presidente Jair Bolsonaro em outras áreas.

Após a recepção negativa diante da indicação do general Joaquim Silva e Luna como substituto de Roberto Castello Branco, atual presidente da Petrobras, em reação à política de aumento de preços da companhia, Bolsonaro decidiu dobrar a aposta e avisou no sábado, 20, que também vai "meter o dedo na energia elétrica".

"Assim como eu dizia que queriam me derrubar na pandemia pela economia fechando tudo, agora resolveram me atacar na energia", disse Bolsonaro a apoiadores em Brasília. "Vamos meter o dedo na energia elétrica que é outro problema também."

A Agência Nacional de Energia Elétrica estimou no começo de fevereiro que o reajuste tarifário pode chegar, em média, a 13% em 2021.

Tanto a mudança na Petrobras como a intenção de reduzir o impacto na conta de luz dos brasileiros foram percebidas sem muito esforço como medidas populistas para conter a desaprovação do presidente, que mira a reeleição em 2022.

Com o ritmo lento de vacinação e sem uma definição clara se e quando o auxílio emergencial pode voltar, 44% da população desaprova o governo Bolsonaro, de acordo com a última pesquisa EXAME/IDEIA. Logo, mexer em itens que impactam diretamente o bolso dos brasileiros é a opção que o governo decidiu se agarrar por ora.

Se as medidas serão capazes de melhorar a imagem de Bolsonaro perante a população, o tempo dirá. O que já é certo é que, no momento, o mercado financeiro parece ter perdido as esperanças de que agenda liberal do ministro da Economia, Paulo Guedes, irá decolar.

Como relatou EXAME IN, grandes fundos já deixaram claro seu desconforto com a retomada de velhas políticas intervencionistas:

“O retorno ao passado seria um revés na trajetória de reconstrução de credibilidade da Petrobras e melhora observada nos últimos anos, colocando em risco não apenas a estratégia atual, mas também todos os esforços do País em atrair investimentos privados para o desenvolvimento da indústria de óleo e sua cadeia de valor”, declarou a gestora de recursos britânica Aberdeen Standard Investments, dona de uma posição de cerca de R$ 1,8 bilhão em ações da estatal, em mensagem ao Conselho de Administração da Petrobras.

A reboque da crise deflagrada na estatal, Bolsonaro também sinalizou que deve trocar peças no primeiro escalão do governo. "Semana que vem deve ter mais mudança aí... E mudança comigo não é de bagrinho não, é tubarão", afirmou o presidente.

A declaração acabou percebida pior do que parece. Uma reforma ministerial era tida como certa para recompensar os partidos que formam o Centrão e ajudaram a eleger Arthur Lira (PP/AL) e Rodrigo Pacheco (DEM/MG), respectivamente, à presidência da Câmara dos Deputados e do Senado. Bolsonaro fez campanha aberta para a eleição de ambos.

Agora, uma dança de cadeiras entrará na conta de uma possível - e temida - guinada das políticas econômicas do governo.

 


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