Bolsonaro diz à PF que se equivocou ao postar vídeo com ataques a sistema eleitoral
Ex-presidente foi incluído no inquérito por ter compartilhado vídeo com ataques ao sistema eleitoral brasileiro
Agência de notícias
Publicado em 26 de abril de 2023 às 12h11.
Última atualização em 26 de abril de 2023 às 12h11.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou em depoimento à Polícia Federal que postou sem querer um vídeo em que contesta o sistema eleitoral, feita dois dias após os ataques de 8 de janeiro . Ele deixou a sede da corporoação, em Brasília, após depor por cerca de 2 horas no inquérito que investiga quem são os autores intelectuais dos atos golpistas às sedes dos Três Poderes, no dia 8 de janeiro.
"Este vídeo foi postado na página do presidente Facebook quando ele tentava transmitir para o seu arquivo de WhatsApp para assistir posteriormente. Por acaso, justamente nesse período, ele estava internado em um hospital em Orlando", afirmou o advogado Paulo Cunha Bueno, que acompanhou o ex-presidente no depoimento. "Foi feita de forma equivocada. Tanto que pouco depois, duas ou três horas depois, ele foi advertido e imediatamente retirou a postagem".
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Bolsonaro havia chegado pouco antes das 9h e deixou o prédio por volta das 11h. Estava acompanhado dos advogados Paulo Cunha Bueno e Daniel Tesser, além do ex-secretário de Comunicação Social Fábio Wajngarten. A oitiva foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes após pedido apresentado pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
Por que Bolsonaro teve depor?
O ex-presidente foi incluído no inquérito por ter compartilhado, dois dias após os atos antidemocráticos, um vídeo que sugeriu, sem apresentar provas, que a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi fraudada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Esta foi a segunda vez em que o ex-presidente foi ouvido pelos investigadores desde que retornou ao Brasil após uma temporada de quase três meses nos Estados Unidos. O primeiro depoimento foi dado no dia dia 5 de abril, no âmbito da apuração sobre o escândalo das joias sauditas, revelado pelo jornal "Estado de S. Paulo".
A intenção dos investigadores foi a de ouvir as explicações de Bolsonaro sobre a postagem compartilhada por ele, além da sua eventual participação na produção da chamada "minuta do golpe", documento encontrado na casa do ex-ministro da Justiça de seu governo Anderson Torres. O material foi apreendido pela PF durante as investigações após os atos golpistas. Pelo texto, um estado de defesa poderia ser instituído, a fim de alterar o resultado das eleições presidenciais do ano passado.
O ex-presidente também seria questionado sobre sua inação a respeito dos acampamentos golpistas montados em frente a sedes de quartéis-generais do Exército em várias cidades brasileiras. Em Brasília, o acampamento é apontado como base para os radicais que participaram dos ataques de 8 de janeiro. Pessoas que estavam no local acabaram presas no dia seguinte.
A expectativa era que Bolsonaro também explicasse o porquê foi embora do Brasil no dia 30 de dezembro, dias antes das invasões golpistas nas sedes do Supremo, do Congresso e da Presidência da República. O ex-presidente ficou nos Estados Unidos até o dia 30 de março, quando retornou ao país.