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Bolsonaro defende privatizar Petrobras "se não tiver solução"

O candidato, entretanto, afirmou que não pretende privatizar o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal

Bolsonaro: deputado indicou que poderia intervir na atual política de preços livres dos combustíveis adotada pela Petrobras (Antonio Milena/VEJA)

Bolsonaro: deputado indicou que poderia intervir na atual política de preços livres dos combustíveis adotada pela Petrobras (Antonio Milena/VEJA)

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Reuters

Publicado em 4 de agosto de 2018 às 10h24.

O candidato do PSL à Presidência, deputado Jair Bolsonaro, disse na sexta-feira que, se eleito, poderá privatizar a Petrobras "se não tiver solução" e defendeu que uma gestão dele também pode lançar mão de intervir na política de preços dos combustíveis a fim de reduzi-los a preços mais competitivos para o consumidor.

"Se não tiver uma solução, eu sugiro a privatização da Petrobras. Acaba com esse monopólio estatal e ponto final. Então, é o recado que eu dou para o pessoal da Petrobras", disse, em entrevista na Globo News.

O parlamentar - líder nas pesquisas de intenção de voto ao Palácio do Planalto nos cenários sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está preso desde abril - disse considerar a Petrobras como estratégica para o país e que não gostaria de privatizá-la. "Se não tiver solução, acordo, não tem outro caminho", reforçou.

Bolsonaro não respondeu diretamente ao ser questionado sobre se manteria, em seu eventual governo a partir de 2019, a política de subsídio do diesel adotada pela gestão Michel Temer para encerrar a greve dos caminhoneiros que paralisou por mais de uma semana o país recentemente.

Contudo, o candidato disse que quem faz a política de preços dos combustíveis é a Petrobras e destacou que ninguém quer mudá-la numa "canetada".

Mas o deputado indicou que poderia intervir na atual política de preços livres dos combustíveis adotada pela companhia, reduzindo a sua margem de lucro e consequentemente barateado o valor do insumo pago pelo consumidor final. "Será que não pode ser menor esse percentual, então não tem saída", disse, ao frisar que não se pode "quebrar a população" e não há "solução mágica".

Outras privatizações

O candidato, entretanto, afirmou que não pretende privatizar o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, por considerá-los estratégicos para o país. Citou o fato de que, sem o BB, poderá haver dificuldades para se realizar financiamentos dos produtores rurais.

Por outro lado, Bolsonaro disse haver "147 estatais" no país e acredita que quase todas elas servem para alocar "companheiros". Nesses casos, disse, as empresas não seriam nem privatizados, mas sim extintas em sua gestão. Sobre os Correios, disse que "lamentavelmente não tem jeito".

Posto Ipiranga

O candidato defendeu que o governo brasileiro mantenha um certo protecionismo em suas relações comerciais externas com outros países. Ainda assim, ele disse que vai fazer negócio com quem quiser, mas destacou que vai buscar os Estados Unidos e a União Europeia.

Na entrevista, Bolsonaro mostrou uma certa preocupação com o avanço da China no Brasil, em especial a suposta tentativa de eles quererem comprar terras agricultáveis ou para exploração de minério e outras riquezas do subsolo no país.

"Quero que a China compre nossos commodities, mas não quero que a China ou qualquer país do mundo compre o Brasil", frisou ele, que é capitão da reserva do Exército. Ele criticou as gestões petistas que, segundo ele, privilegiaram as relações comerciais pelo "viés ideológico".

O deputado foi evasivo sobre perguntas da condução da economia, caso eleito. Em um dos momentos, chegou a ficar irritado ao não ter detalhado como faria uma reforma tributária que simplificaria uma série de tributos atualmente existentes e disse que tem ainda tempo para apresentar seu plano de governo.

Bolsonaro insinuou que os entrevistadores queriam taxá-lo como se não tivesse competência para ocupar a Presidência.

"Estou entendendo a pegadinha de vocês", irritou-se. "Querem me rotular aqui de irresponsável. Tem 60 impostos (sic), vocês querem que eu particularize (o que seria extinto na reforma)", emendou. "Não vou aceitar esse jogo de vocês", reclamou, ao destacar que o plano ainda está em gestação.

Ao ser questionado, o candidato afirmou que entende sim de economia, mas que o Paulo Guedes é o seu "posto Ipiranga" - numa alusão ao comercial de um local em que se pode resolver tudo. "As grandes decisões eu não posso tomar sem ouvir ninguém, não sou um ditador", afirmou.

Bolsonaro disse que Guedes será o seu ministro da Fazenda e terá liberdade para montar a equipe econômica, citando, por exemplo, a continuidade do atual presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn. Em entrevista recente à Reuters, Guedes indicou que, em uma eventual gestão do candidato, integrantes do governo Michel Temer poderiam permanecer nos cargos.

O candidato disse que concorda com a visão de Guedes de um BC independente e que atue com independência política. Afirmou ainda que o foco de atuação do BNDES seria reorientado, de forma a ajudar mais a população.

Previdência

O deputado se disse a favor da realização de uma reforma da Previdência que ataque "por partes" o que ele considera como privilégios. Disse que vai acabar com eventuais incorporações de benefícios.

Contudo, Bolsonaro fez um aceno aos militares - grupo historicamente ligado ao parlamentar - na reforma da Previdência ao avaliar a situação deles como diferente. Ele citou que eles não têm direito a FGTS, hora extra ou fazer greve e precisam estar sempre prontos para cumprirem missões.

O candidato destacou ainda que qualquer reforma precisa passar pelo "filtro chamado Parlamento".

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