Lula terá ainda R$ 49 milhões de uma sobra geral do partido com todas as suas candidaturas (Ricardo Stuckert/Alan Santos/Flickr)
Estadão Conteúdo
Publicado em 3 de outubro de 2022 às 21h56.
O presidente Jair Bolsonaro (PL) inicia o segundo turno da disputa pelo Palácio do Planalto em desvantagem financeira para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Pelas contas parciais declaradas das campanhas, ele ainda tem para gastar R$ 25,1 milhões. Por sua vez, o petista contará com R$ 79,3 milhões.
A equipe de campanha de Bolsonaro vai recorrer a ruralistas, parceiros de primeira hora, para aumentar os recursos. Os custos devem subir até o prazo final da prestação de contas.
É certo, porém, que nomes do agronegócio foram a principal fonte de receita de Bolsonaro, que obteve de pessoas físicas 54% dos R$ 40,2 milhões arrecadados. Para angariar doações entre pecuaristas, o presidente escalou o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o filho 01, e Tereza Cristina (PP), ex-ministra da Agricultura e senadora eleita neste domingo, 2, por Mato Grosso do Sul.
Com menos doações individuais que Bolsonaro, o ex-presidente Lula contou com recursos do Fundo Eleitoral. Os R$ 88 milhões que o PT direcionou até a semana passada para a campanha do candidato representam 98% do total arrecadado pelo petista. Deste total, ele gastou R$ 57,7 milhões. Além disso, Lula terá ainda R$ 49 milhões de uma sobra geral do partido com todas as suas candidaturas.
Para 1.027 candidaturas de todo o País, o PT distribuiu R$ 450 milhões dos R$ 499 milhões a que tem direito. Por sua vez, o PL zerou os seus R$ 270 milhões com 739 candidatos — e não passará mais recursos a Bolsonaro. Os R$ 10 milhões repassados ao candidato pela legenda de Valdemar Costa Neto saíram do Fundo Partidário — caixa que as legendas usam para despesas correntes e que também pode financiar a campanha eleitoral.
No núcleo de campanha de Lula, a expectativa é a de que a interlocução com grandes empresários e lideranças ruralistas poderão atrair novos apoiadores, mesmo com a boa performance de candidatos da direita nas eleições para a Câmara e o Senado, além do desempenho de Bolsonaro, acima do que apontavam as pesquisas. Interlocutores de Lula no segmento ruralista avaliam que as conversas feitas ainda no primeiro turno serviram para dissipar receios de agropecuaristas e contornar a crise gerada quando o petista chamou de fascista a parte do setor que apoia Bolsonaro em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo.
Os mais contemplados por Valdemar Costa Neto na distribuição do fundão foram os candidatos do partido aos governos estaduais do Rio de Janeiro, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Goiás. Juntos, Cláudio Castro, Anderson Ferreira, Onyx Lorenzoni e major Vitor Hugo receberam R$ 38 milhões para as despesas de campanha. Com a abertura das urnas, Castro foi eleito, Onyx disputará o segundo turno e Ferreira e Vitor Hugo perderam.
Da parte do PT, Fernando Haddad, que disputará com Tarcísio de Freitas (Republicanos) o segundo turno pelo governo de São Paulo foi o maior contemplado, depois de Lula, com R$ 19 milhões.
Bolsonaro, por sua vez, foi o candidato que mais arrecadou recursos de pessoas físicas nesta eleição: R$ 22,1 milhões. O montante cobre todos os R$ 15,1 milhões em despesas contratadas até agora. Nos dois casos, o saldo ainda é positivo. À Justiça Eleitoral, porém, as duas candidaturas estimaram gastar até R$ 88,9 milhões no primeiro turno.
Abaixo de Bolsonaro em arrecadações individuais, somente Roberto Argenta (PSC), candidato derrotado ao governo do Rio Grande do Sul, e Tarcísio de Freitas. Ambos obtiveram R$ 6 milhões somente em doações.
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