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Bolsonaro chega a Brasília e faz aceno ao Supremo

Presidente eleito deve se reunir nesta quarta-feira com o chefe do Supremo para pedir que trabalhem juntos; Escola Sem Partido deve ser ponto de atrito

Dias Toffoli: Presidente do STF resolveu atender ao pedido formulado pelo Solidariedade e pelo MDB (Adriano Machado/Reuters)

Dias Toffoli: Presidente do STF resolveu atender ao pedido formulado pelo Solidariedade e pelo MDB (Adriano Machado/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 6 de novembro de 2018 às 06h17.

Última atualização em 6 de novembro de 2018 às 06h46.

Nove dias depois de eleito presidente, Jair Bolsonaro (PSL), deixa às 7h desta terça-feira o Rio de Janeiro para uma sessão solene de homenagem aos 30 anos da Constituição que marca seu retorno a Brasília. O time de transição, anunciado ontem, conta com 27 pessoas (todos homens), cinco deles nomeados pelo governo Michel Temer e 22 pelo time do futuro presidente. Entre eles estão o economista Paulo Guedes, o astronauta Marcos Pontes, o general Augusto Heleno e o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), nomeado ministro extraordinário à frente da transição.

Entre as primeiras missões de Bolsonaro estão duas reuniões previstas para esta quarta-feira: com Temer e com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli. Em entrevista à TV Band, ontem, o novo presidente afirmou que vai pedir para trabalharem “juntos”, uma vez que, segundo ele, não adianta aprovar algo para depois o Supremo derrubar a decisão.

Bolsonaro fazia referência a um dos pontos mais polêmicos de sua plataforma de governo, a defesa do projeto de lei batizado de Escola Sem Partido. O projeto, em tramitação na Câmara desde 2014, e perto de ir à votação em Comissão Especial, dá precedência aos valores familiares sobre a educação escolar em temas como educação moral, sexual e religiosa. Segundo estudiosos em educação, é uma porta aberta para a censura contra professores em sala de aula, uma vez que seus principais defensores argumentam ser necessário barrar a “doutrinação” política e sexual nas escolas.

O projeto já serviu de base para uma deputada estadual eleita pelo PSL, Ana Caroline Campagnolo, de Santa Catarina, defender a gravação e a denúncia de professores em Sala de Aula. Em votação que considerou ilegais decisões judiciais que mandaram a polícia a universidades, na semana passada, o Supremo aproveitou para dar um recado de que projetos que cerceiam professores tendem a ser barrados pela corte. Ontem, a ex-presidente do Supremo, ministra Cármen Lúcia, afirmou que a sociedade não deve recuar de direitos sociais conquistados, e que o país passa por uma “mudança perigosamente conservadora nos costumes”.

É o tipo de declaração que contrasta com o que disse Bolsonaro ontem, à Band. Perguntado sobre a gravação de professores em sala de aula, disse que “só o mau professor se preocupa com isso daí”. Fernando Schüler, cientistas político do Insper, costuma dizer que democracia “é uma extraordinária máquina de moderar posições”. A ver se a chegada de Bolsonaro a Brasília, e seu aceno ao Supremo, farão com que abandone o radicalismo do Escola sem Partido.

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